
Em entrevista � BBC News Brasil, a parlamentar mant�m a defesa do presidente hoje, mas diz "que � muito cedo ainda pra dizer o que vai acontecer no ano que vem".
Como justificativa, afirma que est� "muito abalada" com a pandemia e o grande n�mero de mortes provocas pela covid-19, o que tem lhe impedido de pensar na disputa eleitoral do pr�ximo ano.
Nas redes sociais, Thronicke sofre constantes ataques de apoiadores do presidente, que dizem que ela pulou para a "terceira via", em refer�ncia � tentativa de parte da sociedade de construir um candidatura presidencial competitiva que possa concorrer com Bolsonaro e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), hoje l�der nas pesquisas de inten��o de voto.
O afastamento da senadora da base mais fiel ao presidente se d� por suas cr�ticas ao que v� como "radicalismo" e "fanatismo" de parte de seus apoiadores. Sem entrar no m�rito se a pris�o do ex-deputado Roberto Jefferson foi legal, ela repudiou as amea�as dele ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Senado.
"Ao mesmo tempo que esses extremistas t�m me criticado, por outro lado eu tenho ganhado a simpatia de pessoas que conseguem enxergar que a gente pode errar, mas eu procuro me manter dentro da razoabilidade nas coisas. E esse extremismo pode ser sim a queda (de Bolsonaro). Ent�o, vai ter muita gente que vai se arrepender disso", afirmou � BBC News Brasil.
"Gostaria sim que todos que nos elegemos (em 2018) estiv�ssemos todos juntos. Mas eu vejo que muita gente n�o quer isso. Ent�o, eu vou ter um pouco mais de paci�ncia para te responder", disse ainda, sobre eventual apoio a Bolsonaro em 2022.
A senadora defendeu ainda que "n�o � momento" para solicita��es de impeachment contra ministros da Corte. Surpreendendo a aliada, Bolsonaro apresentou um pedido contra o ministro Alexandre de Moraes na noite de sexta-feira (20/08).
Apesar de se distanciar da base bolsonarista mais radical, Thronicke evita cr�ticas diretas ao presidente, atribuindo erros do governo a seus ministros e assessores.
Eleita com forte discurso anticorrup��o, ela n�o se afastou da fam�lia presidencial ap�s se avolumarem os ind�cios de esquemas de rachadinhas (desvio de sal�rios de servidores fantasmas) nos antigos gabinetes legislativos de Bolsonaro e seus filhos. Para a senadora, � preciso esperar o andamento do caso na Justi�a.
Confira a seguir os principais trechos da entrevista, concedida na quinta-feira (19/08)
BBC News Brasil - O presidente disse no s�bado (14/08) que apresentar� pedidos de impeachment contra os ministros do STF Alexandre de Moraes e Lu�s Roberto Barroso. A senhora apoia essa iniciativa?
Soraya Thronicke - Eu acredito que a situa��o foi equalizada no decorrer da semana. Eu acredito que ele tenha desistido. Entendo que o momento n�o seja pra isso. � um momento muito delicado que n�s estamos vivendo e tudo isso nos preocupa muito. Tem que ter muito cuidado e zelo com essa quest�o da democracia, n�o interfer�ncia (em outros Poderes). O que a gente pede a gente tem que tamb�m fazer a nossa parte, n�? Ent�o, acredito que a situa��o j� esteja equalizada.
[Nota da reda��o: ap�s a publica��o dessa entrevista, na sexta-feira � noite, o presidente Jair Bolsonaro apresentou um pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes.]
BBC News Brasil - No mesmo dia que Bolsonaro anunciou a inten��o de apresentar os pedidos de impeachment, a senhora postou no Twitter que a "DireitaRacional � suporta mais os arroubos da direita radical, q sequer sabe o q � ser de direita". O que a senhora quer dizer com isso? Tem rela��o com as atitudes recentes do presidente Bolsonaro ou de seus apoiadores?
Thronicke - N�o, n�o tem exatamente a ver com a atitude dele. Entendo que surgiu no Brasil junto com Bolsonaro um movimento bastante patri�tico de cidadania das pessoas dizendo que n�o suportavam mais aquela situa��o. E a�, ao mesmo tempo, nasceu a direita, vamos dizer assim. S� que o que eu percebo? Hoje, com o celular, voc� d� sua opini�o e, de uma forma ou de outra, ela � levada em considera��o, o movimento das redes sociais. Ent�o, eu acredito que tudo isso tenha levado as pessoas a se manifestar, mas n�o existe um amadurecimento pol�tico realmente profundo.
Eu vejo que muita gente que se diz de direita n�o sabe o que � ser de direita, n�o sabe sequer quais foram as bandeiras que elegeram Jair Bolsonaro. Eu percebo tamb�m uma uma separa��o das pessoas que est�o adquirindo um certo grau de maturidade, de racionalidade, n�o gostando mais deste movimento extremista dentro da direita.
Ent�o, �s vezes voc� pode classificar que a pessoa � de extrema-direita, (mas) ela nem defende quest�es de direita, ela nem defende quest�es conservadoras, ou confunde tudo. Eu vejo duas vertentes e �s vezes a gente acaba sendo hostilizado por ser de direita por conta desses extremistas que na verdade nem s�o extremistas de direita, s�o extremistas de alguma coisa, mas n�o de direita.
E eu n�o gosto de ser confundida com essa vertente. N�o gosto mesmo. Eu tenho uma postura bastante racional, respons�vel. Eu assinei (o pedido para criar) a CPI da Lava Toga l� tr�s em 2019, assinei pedidos de impeachment (de ministros dos STF), mas eu acho que neste momento…
Naquele momento n�o conseguimos analisar (esses pedidos). Eu trabalhei dentro do Poder Judici�rio por cerca de dez anos, eu fui assessora de ju�zes e desembargadores, tenho uma boa rela��o com muitos ministros, e cheguei at� a dizer pro ministro (Luiz) Fux na �poca: "isso n�o � uma ca�a �s bruxas, n�s queremos analisar atos de alguns membros, mas de forma nenhuma generalizar".
BBC News Brasil - Incomoda a senhora, por exemplo, discursos como o do ex-deputado Roberto Jefferson, que fez amea�as a senadores da CPI da Covid e falou em fechamento do Supremo? � desse tipo de discurso que a senhora est� se distanciando?
Thronicke - Exatamente, eu n�o gosto desse tipo de discurso. N�o � nem me distanciando, eu n�o propago esse tipo de pensamento. Tem que existir respeito entre os Poderes. Se tem um ministro que abriu um inqu�rito, e a gente aprende no primeiro ano do curso de Direito, aquele que investiga n�o vai ser aquele que vai julgar e que vai condenar, a gente sabe dessas quest�es. Mas se o ministro por acaso erra n�o justifica que os outros Poderes devem partir para cima com unhas e dentes dessa forma. N�o � assim.
Ent�o, esses arroubos do Roberto Jefferson, eu n�o concordo de forma nenhuma. Acho um abuso e entendo que a liberdade de express�o, todos n�s temos, mas isso n�o � um salvo-conduto pra eu sair por a� cometendo crimes, de cal�nia, difama��o, inj�ria, crime de amea�a. Eu posso fazer, mas a� eu vou responder dentro dos par�metros do c�digo penal. Entendo que essas pessoas cometeram sim muitos excessos, e, sinceramente, n�o aceito.
BBC News Brasil - Esses excessos justificavam a pris�o de Roberto Jefferson?
Thronicke - N�o tive acesso aos autos. Como advogada, eu gosto de ler, de entender. Assisti a um ou dois v�deos antes de sair essa pris�o e at� parei de assistir porque achei aquilo um absurdo. Eu acredito at� que esteja em segredo de Justi�a (a investiga��o contra Jefferson).
Mas a situa��o vem se agravando cada vez mais e n�o � dessa forma que n�s vamos consert�-la. Essas irresponsabilidades de seguidores do presidente acabam, na minha opini�o, por prejudicar o presidente. Se eles queriam ajud�-lo, eles est�o fazendo exatamente o contr�rio.

BBC News Brasil - A senhora tem criticado apoiadores do presidente que considera radicais e fan�ticos. J� disse inclusive que esses apoiadores atrapalham o presidente. Eu pergunto: n�o � o pr�prio presidente que tem atitudes radicais e ati�a esses apoiadores?
Thronicke - Eu gosto de ouvir da boca do presidente para falar, e n�o fazer elucubra��es. O presidente n�o abriu a boca para se manifestar acerca do Roberto Jefferson. Alguns apoiadores que abusaram, que foram presos, eu n�o ouvi o presidente fazendo nenhuma defesa dessas pessoas. Ent�o, eu j� fico tanto quanto com o p� atr�s no sentido de que ser� que ele est� realmente apoiando? Ou ele est� deixando...
� algo que n�o se imaginava que ia chegar neste ponto, porque parece que o radicalismo dessas pessoas vem ficando cada vez mais forte. Eu n�o entendo pessoas que falam em liberdade de express�o e n�o respeitam o pensamento alheio. Eu tenho que respeitar o teu pensamento com educa��o. � com esse esp�rito que eu tenho trabalhado.
BBC News Brasil - Mas como a senhora v� atitudes do presidente como xingar o ministro Luiz Roberto Barroso, tirar m�scaras de crian�as. N�o s�o atitudes que evidenciam um certo radicalismo do presidente?
Thronicke - Eu acredito que ele tem ministros ali muito bons, e tem ministros ou assessores, que, de repente, n�o d�o uma vis�o para ele correta ou mais p� no ch�o do que vem se passando. Creio que, � volta do presidente, tem muita gente que deixa ele �s vezes um tanto quanto enganado em rela��o � opini�o p�blica. Porque quando ele sai �s ruas, ele v� gente, a maioria ali s�o apoiadores.
Algumas trocas que o presidente fez eu tenho elogiado. Uma bela troca, que trouxe paz, pelo menos no meu entorno no Senado Federal, foi a entrada do chanceler Carlos Fran�a. Ele trouxe um clima mais tranquilo, que vai facilitar as nossas quest�es comerciais. Ent�o eu aplaudo essas mudan�as. N�o deu certo, � importante que se troque.
Aplaudo tamb�m a mudan�a do ministro da sa�de. Tirou o (general Eduardo) Pazuello, que n�o era um t�cnico da �rea, colocou um m�dico que est� respondendo. O presidente pode ter seus rompantes, mas ele procurou colocar um t�cnico no lugar e est� deixando ele trabalhar.
BBC News Brasil - Pesquisas de diferentes institutos mostram queda do apoio ao presidente. Sua rejei��o hoje supera 60%. Na sua leitura, o que explica a baixa aprova��o do presidente?
Thronicke - Se essas pesquisas estiverem corretas.... Eu tenho um p� atr�s com pesquisas e eu tenho um fato muito concreto que foi a minha elei��o. Meu nome sequer aparecia (nas pesquisas de inten��o de voto).
Mas vamos dizer que (o resultado das pesquisas sobre Bolsonaro) seja certo. Como estamos a um tempo razo�vel das elei��es, eu procuraria analisar com cuidado quais s�o os indicativos que est�o me levando para essa situa��o. As pessoas que assessoram no dia-a-dia o Presidente da Rep�blica deveriam fazer um estudo para conseguir compreender, primeiro se � verdade (o resultado), segundo, se for, calibrar (as a��es do governo).
Agora o que n�o d� � voc� n�o mudar nenhum momento de estrat�gia. � perigoso que l� na hora H (da elei��o de 2022) eles vejam que n�o colocaram o trem nos trilhos como deveria ser colocado, por N motivos, bajula��o ou at� trai��o, por que n�o? Eu acho que muitas pessoas que atrapalham esse tanto pra mim j� querem na verdade � outra coisa.
BBC News Brasil - A senhora acha que isso pode ter rela��o com a condu��o da pandemia, ou mesmo com a quest�o econ�mica?
Thronicke - Acredito que sim. Todas essas quest�es a� atrapalharam muito. N�s sabemos que a pandemia tem levado mais brasileiros do que se imaginou no in�cio, tivemos ministros (da Sa�de) que n�o conseguiram, n�o tiveram espa�o ou que at� mesmo atrapalharam, n�? N�o tiveram uma conversa firme com o presidente nos rumos a tomar.
O presidente sempre disse que ele n�o entende de todas as quest�es, como ningu�m entende, e que o certo seria colocar em cada pasta uma pessoa com a expertise referente ao seu trabalho e a� seguir essas regras. Ent�o, pode ser que ele tenha sido mal orientado muitas vezes, eu n�o duvido.

BBC News Brasil - Como avalia o trabalho feito pela CPI da Covid? V� elementos para denunciar o presidente por crimes, como charlatanismo, curandeirismo e falsifica��o de documento, como alguns membros t�m defendido?
Thronicke - Eu sou advogada. Ent�o, cada um ali (no trabalho da CPI) tem a sua base te�rica, a sua forma��o, e eu tenho divergido bastante, at� mesmo dos meus colegas governistas, porque �s vezes a pessoa (senador) vai ali fazer a defesa (do governo) e ela simplesmente desvia do assunto que est� sendo tratado naquele dia, ou �s vezes, no af� de defender o governo, acaba fechando os olhos completamente para qualquer quest�o que possa aparecer.
Como eu tive uma forma��o pr�tica muito grande na an�lise de documentos, fazendo senten�a, fazendo ac�rd�os, de voc� analisar depoimento com documento, e ver o que est� acontecendo ali, (vejo que) muita gente est� trabalhando e imaginando o que as redes sociais v�o dizer. Eu n�o, eu estou preocupada com o que o futuro daquela investiga��o vai levar.
Ent�o, elas querem defender pessoas que elas sequer conhecem. E n�o � bem assim. Tanto que eu tive uma discuss�o com o senador Marcos Rog�rio porque o crime de corrup��o � um crime formal. Se pagou, se n�o pagou, isso n�o importa. N�o adianta falar para as redes sociais. Esse relat�rio vai dizer X e na an�lise que vai pro Minist�rio P�blico para ele (decidir se vai) oferecer den�ncia tem que estar aquilo (detalhado).
Essa tem sido a minha postura. S�o cerca de 608 mil funcion�rios p�blicos federais Brasil afora, fazendo compras todos os dias, adquirindo insumos. E como voc� vai colocar a m�o no fogo s� porque � do atual governo Bolsonaro? Aconteceu em todos os governos. Como que eu vou ter certeza se naquele jantar X, naquele restaurante Y, aquele funcion�rio n�o pediu um d�lar a mais na (venda da dose de) vacina?
Pode acontecer e, se aconteceu, � melhor que sejamos bem pragm�ticos no sentido de analisar isso e de responsabilizar aquele funcion�rio. Tanto que muitos funcion�rios do Minist�rio da Sa�de foram exonerados. N�o adianta voc� tentar esconder fatos not�rios e virar chacota.
BBC News Brasil - A senhora est� se referindo ao discurso que a base adotou para defender o governo, dizendo que, nesses contratos em que se levantaram suspeitas nas compras de vacinas, o dinheiro n�o foi liberado, certo? A senhora considera que a CPI trouxe elementos suficientes de problemas na condu��o da compra de vacinas, como a demora em adquirir doses da Pfizer, uma empresa bem estabelecida, e a velocidade em negocia��es suspeita, com empresas intermedi�rias sem tradi��o nesse mercado?
Thronicke - Olha, eu vejo que eram muitos atores e uma resolu��o interna (do minist�rio) tinha a determina��o de que todas as compras de vacina teriam que ser analisadas pelo secret�rio-executivo, o Elcio Franco, e diretamente com o ministro (da Sa�de, Pazuello), justamente que era uma quest�o muito delicada.
Por�m, essas negocia��es estavam acontecendo em outros departamentos do minist�rio. �s vezes at� tentando favorecer a entrada de algu�m dentro do minist�rio, e a� de repente negociando inclusive um percentual, alguma coisa assim. Muitos ali estavam tentando vender facilidades, franqueando a entrada de muitos vendedores que surgiram do dia pra noite. Virou a corrida pela vacina, muita gente vendendo vacina que n�o existia. Enfim, � algo que n�s vamos apurar, mas que h� ind�cios, sim, h� ind�cios, e essas pessoas precisam ser responsabilizadas na medida da culpabilidade de cada um.
BBC News Brasil - A senhora n�o v� responsabilidade direta do presidente da Rep�blica?
Thronicke - N�o, n�o posso te dizer que h�. Tanto que ele trocou ministros, esses ministros tomaram atitudes de afastar funcion�rios. Pessoas que at� agora n�o se explicaram bem, que n�o deixaram as coisas claras, foram sim afastadas. Ent�o, de uma forma ou de outra, indiretamente o presidente atuou por meio do seu ministro. O que este servidor (alvo de eventuais acusa��es) fez durante o per�odo que estava trabalhando, nomeado, a� ele vai ter que se explicar.
BBC News Brasil - A senhora tem sido acusada nas redes sociais de ter tra�do as causas do presidente. E algumas pessoas falam que a senhora pulou para a terceira via, no sentido de que a senhora poderia apoiar outro candidato em 2022. Como est� sua posi��o hoje? A senhora pretende apoiar a reelei��o de Bolsonaro?
Thronicke - Eu estou realmente muito abalada com o momento de pandemia. Um funcion�rio que � um grande bra�o direito meu perdeu a esposa uma semana ap�s ela dar � luz. Isso abalou o gabinete inteiro. Eu perdi muitos amigos, e eu ou�o as pessoas (que tamb�m perderam). Cada uma � uma hist�ria.
Eu confesso pra voc� que eu n�o me sinto sequer no direito de pensar em rela��o � elei��o. Eu aprendi a viver um dia ap�s o outro sem muita ansiedade.
Todos n�s levantamos uma bandeira (na elei��o de 2018) e foi a similitude dos nossos princ�pios naquela �poca que nos uniu. E a� o que a gente v� � essa insanidade, que na minha opini�o est� passando dos limites. Eu espero que com o passar da pandemia, muitas coisas se curem tamb�m. O psicol�gico de muitas pessoas se cure.
Alguns falam porque n�o aceitam que eu tenha a minha opini�o. S�o essas pessoas que eu tenho criticado, bradam que querem liberdade de express�o, xingam o STF, me xingam, me amea�am nas redes, mas eu tenho mantido a minha postura muito firme.
Vou fazer a minha parte e n�o arredo dos princ�pios que me elegeram. Eu voto (nas delibera��es do Senado) 100% dentro dos princ�pios que me elegeram. E � a isso que eu tenho que manter a minha fidelidade, como o pr�prio presidente Jair Bolsonaro tem que se manter fiel a isso.
Ent�o, ao mesmo tempo que esses extremistas t�m me criticado, por outro lado eu tenho ganhado a simpatia de pessoas que conseguem enxergar que a gente pode errar, mas eu procuro me manter dentro da razoabilidade nas coisas. E esse extremismo pode ser sim a queda (de Bolsonaro). Ent�o, vai ter muita gente que vai se arrepender disso.
Eu n�o irei politizar a vida. Acredito, que desta forma eu ajudo o presidente.
Eu vejo que todo dia o cen�rio pol�tico muda, a gente n�o imaginava que o senador Ciro Nogueira viria a ser ministro (da Casa Civil), a gente n�o imaginava essas nuances. E por isso eu digo que � muito cedo ainda pra dizer o que vai acontecer no ano que vem.
Gostaria sim que todos que nos elegemos (em 2018) estiv�ssemos todos juntos, por um Brasil melhor, estiv�ssemos carregando realmente aquele instinto patriota que nos uniu num primeiro momento. Mas eu vejo que muita gente n�o quer isso. Ent�o, eu vou ter um pouco mais de paci�ncia para te responder.
BBC News Brasil - H� ent�o um inc�modo da senhora na quest�o da pandemia? Isso afasta a senhora do presidente hoje?
Thronicke - Olha, eu vou voltar naquela quest�o: o presidente nomeou um ministro que defende a vacina��o, que defende o uso de m�scaras, que tem trabalhado nesse sentido. Se ele nomeou o ministro como a maior autoridade sanit�ria, eu acredito que ele respeite de uma maneira ou de outra. Se ele n�o quer, � uma situa��o, mas ele colocou algu�m ali naquela cadeira para tocar a pandemia de uma forma, assim, que respeite a ci�ncia.
BBC News Brasil - Essa semana o ministro Queiroga se op�s � obrigatoriedade do uso da m�scara. Isso n�o � um problema?
Thronicke - Eu confesso que n�o assisti e, pelo que conhe�o dele, fico at� preocupada de ter tido um corte (na fala). Ent�o, n�o quero tecer nenhum ju�zo de valor porque realmente n�o pude avaliar.
BBC News Brasil - A senhora foi eleita com um discurso forte contra a corrup��o. N�o causa um inc�modo as den�ncias de que o presidente, quando foi deputado federal, teria tido funcion�rios fantasmas que teriam recolhido o sal�rio e devolvido a ele, assim como Fl�vio Bolsonaro, quando era deputado estadual? Na investiga��o do Minist�rio P�blico do Rio de Janeiro h� uma ex-servidora que confessou o esquema que teria ocorrido no gabinete do senador Fl�vio Bolsonaro. H� tamb�m os cheques que foram depositados na conta da primeira-dama por Fabr�cio Queiroz e que o presidente nunca explicou.
Thronicke - Eu sei que esses processos est�o em curso e eu tenho muita preocupa��o em falar (antes do fim do processo). Muita gente �s vezes fala: "olha, o senador tal tem muitos processos". Estou falando dos senadores at� de oposi��o. E a gente sabe que a pessoa � inocente at� o tr�nsito em julgado da senten�a penal condenat�ria. E o tr�nsito em julgado demora muito.
Tem quest�es a� (envolvendo a fam�lia presidencial) que est�o ainda em fase de inqu�rito. E est�o em segredo de Justi�a, eu nunca tive acesso. N�o quero te frustrar, mas eu entendo que eu n�o posso falar.
Mas eu espero que n�o (tenha havido o esquema de rachadinha). O presidente Jair Bolsonaro e a sua fam�lia foram eleitos carregando essa bandeira anticorrup��o, a bandeira da Lava Jato. Eu entendo que o Judici�rio tem que ser independente, cada vez mais fortalecido. A Pol�cia Federal n�o pode ter nenhum dedo pol�tico l� dentro. Os diretores-gerais (da PF) devem cumprir mandatos e intercalados com o do chefe do Executivo que o indica, justamente pra que ele tenha essa garantia de que n�o vai sair da noite pro dia. Essas quest�es me preocupam muito, poder�amos ter avan�ado nisso e entendo que precisamos agir dessa forma.
Se acontecer de provarem, eu vou ficar muito decepcionada. Mas � o que eu disse pra voc�: as bandeiras e os meus princ�pios s�o inarred�veis. A� eu tenho uma fidelidade indiscut�vel.
BBC News Brasil - A senhora acha que o presidente faria bem em explicar por exemplo os cheques que o Fabr�cio de Queiroz depositou na conta da primeira dama?
Thronicke - Olha, n�o sei se eu estou enganada. A informa��o que eu tenho � que ele explicou que ele emprestou um dinheiro para esse servidor e falou: "�, deposita (o pagamento do empr�stimo) na conta da minha esposa".
BBC News Brasil - O presidente deu essa primeira vers�o quando havia uma informa��o de que o dep�sito era da ordem R$ 24 mil. Depois, foi revelado que seriam R$ 89 mil, e a� ele n�o se pronunciou.
Thronicke - Para mim, ele havia mantido (essa vers�o). Ele n�o desdisse. �s vezes acontece: voc� tem que pagar uma conta ali, deposita na conta do marido, o marido paga a conta pra voc� porque voc� n�o conseguiu fazer o pagamento. A explica��o que eu ouvi dele foi essa. E, sim, � importante que explique, que aclare as coisas.
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