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Estado de Minas MOBILIZA��O

Segundo manifesto dos mineiros buscou inspira��o em movimento de 1943

Documento criado pelos participantes contou com 92 assinaturas, n�mero inferior aos mais de 200 empres�rios que criticam o presidente Jair Bolsonaro


03/09/2021 08:00 - atualizado 25/01/2022 16:31

Empresários mineiros
Milton Campos, Pedro Aleixo, Afonso Arinos de Melo Franco e Estevao Pinto em celebra��o pelos dois anos do manifesto de 1943 (foto: Arquivo Estado de Minas - 29/10/1945)

Uma tentativa de reescrever a hist�ria do presente, mas com volta ao passado. Lideran�as empresariais de Minas Gerais lan�aram ao longo da semana um manifesto em que criticam a falta de harmonia entre os tr�s poderes e o surgimento de atos antidemocr�ticos, com rejei��o � ruptura pelas armas. A inspira��o na busca pela retomada da democracia vem de um movimento que ocorreu quase oito d�cadas e teve a participa��o de intelectuais do per�odo. O Manifesto dos Mineiros lan�ado em 1943, contra a ditadura de Get�lio Vargas, ganhou repercuss�o em todo o pa�s e se tornou um marco na �poca que a na��o enfrentava os �ltimos anos da Segunda Guerra Mundial.
 
O documento criado pelos participantes nos anos 1940 contou com um total de 92 assinaturas, n�mero bem inferior aos mais de 200 empres�rios que criaram o manifesto que critica, entre outros temas, a postura do presidente Jair Bolsonaro no Planalto. Em 1943, o alvo era Get�lio Vargas, que seis anos antes come�ou a governar o Brasil no regime do Estado Novo.

Se o atual manifesto teve a participa��o de grandes empres�rios de v�rios setores, coordenados pela Associa��o Comercial e Empresarial de Minas Gerais (AC Minas), a iniciativa dos anos 1940 contou com o apoio de nomes que compunham a ala intelectual e pol�tica da �poca, como Virg�lio de Melo Franco, Afonso Arinos de Melo Franco, Pedro Aleixo, Arthur Bernardes, Adauto L�cio Cardoso e Alaor Prata, al�m de Milton Campos, que assumiria o governo de Minas Gerais a partir de mar�o de 1947. Ainda que n�o tivessem sofrido persegui��es violentas na ditadura, os profissionais liberais ficaram revoltados por n�o opinar sobre assuntos importantes no Brasil, como a pol�tica externa.

A influ�ncia da Segunda Guerra Mundial se tornou marcante para o grupo ter a ideia de protestar no Brasil contra Get�lio Vargas e pedir a volta do regime democr�tico.
 
“O Brasil havia entrado no meio da Segunda Guerra Mundial ao lado de Estados Unidos e Uni�o Sovi�tica. E a ditadura Vargas se colocou numa situa��o contradit�ria politicamente. � uma ditadura de direita, conversadora e anti-esquerdista, mas se uniu aos aliados em nome da democracia e contra o fascismo. Logo, os mineiros fizeram uma manifesta��o p�blica fazendo reivindica��o sutil pelo retorno da democracia”, explica o pesquisador e professor de Hist�ria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Rodrigo Patto S� Motta, que publicou, ao lado da tamb�m pesquisadora Cl�udia Viscari, o artigo A Hist�ria Pol�tica de Minas Gerais, inserida no livro “Minas, a mineiridade e o quadro pol�tico nacional”.

Num primeiro momento, foram tirados 50 mil exemplares do manifesto, que foram impressos clandestinamente em uma gr�fica de Barbacena. Eles foram distribu�dos de m�o em m�o ou jogados por baixo das portas das resid�ncias, em virtude da censura � imprensa no Estado Novo. Sua import�ncia decorreu do fato de ter sido a primeira manifesta��o aberta contra a ditadura de Vargas, que outorgou a Constitui��o anos antes e fechou o Congresso Nacional.

Motta afirma que o Manifesto de 1943 n�o teria ocorrido sem o contexto hist�rico da �poca: “Essa situa��o global da Segunda Guerra tem um impacto enorme, porque era evidente que o regime pol�tico teria dificuldade para continuar no poder depois. O Vargas havia feito alian�a com os Estados Unidos, um pa�s liberal e contr�rio aos regimes corporativistas. Sem a Segunda Guerra, seria dif�cil imaginar a elabora��o do manifesto”.

UDN


O manifesto contra Get�lio Vargas foi t�o emblem�tico que v�rios intelectuais que participaram do movimento posteriormente fundaram em 1945 a Uni�o Democr�tica Nacional (UDN), partido que se tornaria c�lebre pela forte oposi��o ao presidente.
 
Magalh�es Pinto e Milton Campos, que seriam governadores, e o pr�prio Virg�lio Melo Franco se juntaram ao grupo de Carlos Lacerda para criar uma legenda que defendesse ideais de centro-direita e cujo objetivo era livrar o Brasil do comunismo – a UDN seria novamente forte oposi��o no segundo governo de Vargas, entre 1951 e 1954.

Motta diz que houve certa controv�rsia com rela��o ao objetivo do manifesto de 1943 e � tentativa de se estabelecer uma nova ideologia pol�tica para o Brasil: “N�o havia nada de democr�tico. Eles defendiam a um Estado liberal, em que houvesse elei��es, mas n�o era democr�tico. Por outro lado, alguns dos que apoiaram o manifesto n�o tinham apoiado o golpe de 1937. N�o era hipocrisia”.

Ciente do manifesto em Minas Gerais, o governo brasileiro partiu para o contra-ataque. Apesar de n�o sofrer persegui��es policiais, os envolvidos perderam prest�gio: “Alguns que assinaram o manifesto sofreram persegui��es e perderam empregos e neg�cios. Mas foi um marco de um grupo de intelectuais, profissionais liberais e pol�ticos que � lembrado at� hoje”, conta Motta


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