Ao contr�rio do que foi anunciado pelo governo de S�o Paulo, a imensa maioria dos manifestantes que participam dos protestos pr�-Bolsonaro na avenida Paulista n�o est�o sendo revistados por policiais militares. Todos os acessos � regi�o est�o liberados sem barreiras, diferentemente do que ocorreu em outros protestos na capital paulista. A Secretaria de Seguran�a P�blica afirma, por sua vez, que h� revistas em 'pontos estrat�gicos" (veja mais abaixo).
A estrat�gia de revistar manifestantes fora anunciada pelo governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB), em meio a temores de que agentes da seguran�a p�blica da ativa e da reserva participassem armados dos protestos. Essa preocupa��o ganhou for�a depois que esses agentes convocaram ativamente soldados e oficiais para os atos.
“Todos que forem �s manifesta��es, tanto pr� Bolsonaro quanto os que ir�o contra Bolsonaro, ser�o revistados. A Pol�cia Militar recebeu a orienta��o para que todos, sem exce��o, com mochilas, com bolsas, com bolsos, ser�o revistados. Em hip�tese nenhuma ser� permitido qualquer tipo de armamento em poder de quem quer que seja, mesmo que sejam policiais aposentados”, disse Doria no dia 1º de setembro.
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A reportagem da BBC News Brasil questionou diversos policiais militares que atuam no patrulhamento em torno da regi�o da manifesta��o acerca do tema. Eles afirmaram que manifestantes n�o foram revistados porque os participantes do protesto “chegaram antes do previsto”. Eram aguardados, segundo eles, a partir das 10h, mas muitos chegaram antes das 9h.
A BBC News Brasil ent�o perguntou aos mesmos policiais militares se eles passariam a revistar os manifestantes a partir das 10h. Mas eles disseram que “n�o havia nenhuma orienta��o nesse sentido”.
A reportagem, que est� na avenida desde as 8h da manh�, tamb�m acompanhou a chegada de diversas caravanas ao local, e nenhum dos centenas de integrantes foi revistado.
Por volta das 10h desta ter�a-feira (7), diversos quarteir�es da avenida Paulista j� estavam ocupados por manifestantes do protesto marcado por ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), declara��es de apoio a Bolsonaro e pedidos de interven��o militar, entre outras reivindica��es.

A BBC News Brasil questionou por e-mail a Pol�cia Militar de S�o Paulo sobre a aus�ncia de barreiras e revistas policiais de manifestantes na regi�o da avenida Paulista, conforme havia sido anunciado pelo governador e outras autoridades.
Por telefone, ap�s a publica��o da reportagem, a assessoria de imprensa da Secretaria de Seguran�a P�blica confirmou que n�o h� bloqueio na avenida, mas afirmou que h� revista em pontos estrat�gicos, em esta��es de metr� pr�ximas e em determinadas �reas da Paulista.
"A Pol�cia Militar esclarece que as abordagens e as buscas pessoais e em objetos (mochilas ou bolsas) s�o realizadas em diferentes pontos da cidade e n�o somente em �reas pr�ximas ou locais de acesso aos atos realizados nesta ter�a-feira (7)", acrescentou a corpora��o em nota. "Paralelamente �s revistas, as equipes da Pol�cia Militar seguem o trabalho de monitoramento e fiscaliza��o por meio das c�meras operacionais port�teis (COPs) do sistema Olho Vivo, al�m do o patrulhamento dos PMs que acompanham as manifesta��es pr�ximo aos participantes e do servi�o de intelig�ncia da corpora��o."
O presidente Jair Bolsonaro participar� dos atos em S�o Paulo � tarde. Pela manh�, ele compareceu ao protesto em Bras�lia, onde policiais militares foram acusados de n�o terem impedido que manifestantes se aproximassem do Congresso e do STF.
Pol�cia deixou manifestantes furarem bloqueios em Bras�lia?
V�deos divulgados pela imprensa e que circulam nas redes sociais mostram que a retirada das grades de conten��o e barricadas por parte de manifestantes n�o encontrou forte resist�ncia policial em Bras�lia na v�spera do 7 de setembro.
Em maio deste ano, por exemplo, policiais chegaram a usar bala de borracha em diferentes cidades contra manifestantes que protestavam contra o governo de Jair Bolsonaro.

Mas na v�spera dos protestos pr�-Bolsonaro poucos policiais aparecem nas imagens, tentando conversar pacificamente com os manifestantes. Numa das cenas, um manifestante d� um "tapinha" nas costas de um policial, que ignora, segue andando e acompanhando o movimento. Enquanto isso, um homem grita: "Acabamos de invadir, acabamos de invadir. Pol�cia n�o d� conta de segurar o povo!".
At� carros e caminh�es conseguiram descer at� a metade avenida, apesar de estar proibida a entrada de ve�culos na Esplanada durante o 7 de Setembro. Em outra imagem que circulou nas redes sociais, um carro de pol�cia � usado para apoiar uma bandeira do Brasil e cartazes pr�-Bolsonaro.
Os manifestantes ficaram perto do Pal�cio do Itamaraty, a poucos metros do Congresso e da descida que d� acesso ao STF, principal alvo de ataques de apoiadores de Bolsonaro.
Justamente por causa do temor de invas�o desses pr�dios, a Secretaria de Seguran�a do DF havia decidido dias atr�s impedir a descida dos manifestantes pela Esplanada dos Minist�rios, o que ocorreu com o rompimento das barreiras de conten��o.
A BBC News Brasil perguntou � PM-DF e � Secretaria de Seguran�a do DF por que n�o foi poss�vel conter o bloqueio e o motivo de n�o terem sido utilizados recursos n�o-letais, como spray e g�s lacrimog�nio, mas n�o obteve resposta aos questionamentos at� a �ltima atualiza��o desta reportagem.
Participa��o de militares e policiais militares em protestos
Pela legisla��o brasileira, nenhum militar ou policial militar da ativa pode participar de atos pol�ticos com s�mbolos que remetam �s institui��es onde eles atuam. S� podem participar de manifesta��es se estiverem � paisana, como cidad�os comuns, e desarmados.

Se descumprirem essa regra, podem ser enquadrados no C�digo Penal Militar pelos crimes de motim ou revolta (quando h� dois ou mais envolvidos). E as penas podem chegar a 20 anos de pris�o em regime fechado.
Mas h� expectativa de que n�mero significativo de policiais da reserva ou de folga no dia compare�am aos protestos.
Especialistas explicam que a lei permite que qualquer cidad�o pe�a mudan�as de pol�ticas p�blicas, desde que seja de maneira democr�tica. Mas esse n�o � o caso, segundo eles.
"N�o � um pedido de mudan�a de pol�tica p�blica. Est� claro nas entrelinhas que eles querem uma quebra na democracia. � um discurso como se fosse a favor da democracia, mas pedem que n�o tenha um Congresso que atrapalhe Bolsonaro, sem STF e sem um Poder Judici�rio independente", disse Luiz Alexandre Souza da Costa, cientista pol�tico, professor da Uerj e major da reserva da Pol�cia Militar do Rio de Janeiro, em entrevista � BBC News Brasil.
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