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Estado de Minas DESGASTE

7 de setembro: atos mostram Bolsonaro isolado e impeachment volta ao card�pio, dizem cientistas pol�ticos

Processo de impeachment, at� ent�o improv�vel, n�o pode agora ser descartado, afirmam especialistas


08/09/2021 08:16 - atualizado 08/09/2021 08:47


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(foto: AFP)

As  manifesta��es de 7 de setembro  mostraram um Jair Bolsonaro capaz de mobilizar as ruas, mas n�o de ampliar sua base de apoio, avaliam cientistas pol�ticos.

Segundo eles, os  discursos do presidente  nos atos devem esgar�ar ainda mais a rela��o entre o Executivo e os demais Poderes da Rep�blica, dificultando o avan�o da agenda do governo e a probabilidade de reelei��o.

Neste cen�rio, os analistas avaliam que todos os olhos estar�o voltados para as  rea��es do Congresso  e do  Supremo  a partir desta quarta-feira (8/9). E acreditam que um processo de impeachment, at� ent�o improv�vel, n�o pode agora ser descartado.

"O fato de que Bolsonaro, com esse discurso golpista e criminoso seja bem sucedido em levar as pessoas para a rua � muito preocupante", considera a cientista pol�tica Carolina Botelho, pesquisadora do Mackenzie e da UERJ.

"Por outro lado, n�o se v� uma amplia��o da base — s�o os mesmos 20% a 25% [da popula��o] que vemos consolidado desde dezembro. � um grupo coeso, firme e que deve seguir com ele at� 2022, mas n�o vejo probabilidade dessa base aumentar."

Essa � tamb�m a avalia��o de Creomar de Souza, consultor de risco pol�tico e fundador da Dharma Politics. "Se o presidente queria uma foto para dizer que conta com apoio popular, ele conseguiu. A rela��o dele com seu pr�prio eleitorado parece bastante solidificada", diz o analista.

Souza destaca, no entanto, que esse n�cleo duro � insuficiente para garantir a reelei��o de Bolsonaro, considerando um cen�rio de normalidade, em que as elei��es ocorram no pr�ximo ano dentro das regras estabelecidas pelo jogo democr�tico.

"O presidente hoje tem uma dificuldade de tracionar, de falar para al�m da bolha. E eu creio que os atos desta ter�a-feira colocam ele mais dentro dessa bolha. Mas ele d� sinais de n�o se incomodar com isso e de n�o ter nenhum problema em constranger os outros entes institucionais para que o jogo seja jogado a partir das regras dele."


Num cartaz em inglês, manifestante pede a destituição dos ministros do STF no protesto em São Paulo
Num cartaz em ingl�s, manifestante pede a destitui��o dos ministros do STF no protesto em S�o Paulo (foto: AFP)

Agenda do governo amea�ada

Para o consultor de risco pol�tico, os protestos do Dia da Independ�ncia tendem a dificultar ainda mais um di�logo entre o presidente e as demais for�as pol�ticas.

"O governo tem uma s�rie de dilemas muito importantes para serem encaminhados nos pr�ximos dias e n�o se sabe se ele vai contar com a boa vontade de outros entes institucionais para levar essas pautas � frente", diz Souza.

Ele cita como exemplo a quest�o dos precat�rios — um montante de R$ 90 bilh�es em d�vidas do governo com indiv�duos e empresas, com decis�o judicial definitiva —, cujo pagamento integral ou parcelado est� no centro da discuss�o para viabilizar o Or�amento federal para 2022.

"Havia uma costura com o STF, que estava disposto a ajudar o governo a equacionar o problema", lembra Souza. "Isso agora n�o deve prosperar."

O governo tinha a expectativa de obter um aval para parcelar os precat�rios para conseguir espa�o fiscal para turbinar o Bolsa Fam�lia, de olho na reelei��o. O parcelamento � visto por muitos analistas, no entanto, como uma forma de calote, j� que as d�vidas t�m decis�o definitiva da Justi�a.

"Sem a reformula��o do Bolsa Fam�lia, o presidente corre o risco de ter mais eros�o de popularidade", considera Souza. "Para al�m disso, o governo tem outras agendas a serem encaminhadas, desde o combate � pandemia at� a conten��o da infla��o, e tudo isso passa pelo di�logo com os outros entes."


Público na Avenida Paulista foi estimado em 125 mil pessoas pela Secretaria de Segurança Pública
P�blico na Avenida Paulista foi estimado em 125 mil pessoas pela Secretaria de Seguran�a P�blica (foto: AFP)

Escalada da crise e rea��o dos poderes

Para Claudio Couto, professor de ci�ncia pol�tica da FGV (Funda��o Getulio Vargas), os protestos deste 7 de setembro foram dentro do esperado — grandes, particularmente na Avenida Paulista, mas sem surpresa, diante de tanto tempo de prepara��o e investimento de recursos.

"Agora, se em termos de tamanho os atos foram dentro do esperado, Bolsonaro conseguiu escalar a crise pol�tica em muitos patamares", avalia Couto, citando a sinaliza��o do presidente de que n�o vai mais acatar decis�es de Alexandre de Moraes e a amea�a embutida no discurso de que o ministro do STF deve "se enquadrar ou pedir para sair".

"Esse tipo de afirma��o � de uma gravidade imensa: ele est� dizendo que o Executivo n�o acatar� decis�es do Judici�rio e de sua Suprema Corte. Isso � muito s�rio", considera o analista.

"Chegamos num n�vel de enfrentamento com os outros poderes em que n�o h� mais condi��es de retorno. Passamos do ponto de n�o retorno e, se n�o houver uma rea��o muito forte do Congresso Nacional em rela��o a isso, pautando o impeachment, vamos ficar numa situa��o muito perigosa."

Para Couto, os protestos desta ter�a podem mudar a correla��o de for�as com rela��o ao impedimento presidencial. "At� ontem, certamente n�o tinha clima [para o impeachment], mas n�o sei se amanh� n�o haver�, depois do que aconteceu nesta ter�a", diz o analista.

"O que aconteceu nesta ter�a � de uma gravidade absurda. � o momento mais grave que j� vivemos no pa�s desde a volta da democracia — talvez desde o atentado do Riocentro", acrescenta, citando epis�dio ocorrido em 1981, quando setores do Ex�rcito Brasileiro descontentes com a abertura democr�tica tentaram realizar um atentado a bomba num evento comemorativo do Dia do Trabalhador.

"Uma situa��o desse tipo tem a capacidade de talvez produzir uma mudan�a no humor do Congresso", considera o analista, acrescentando que a postura adotada pelos governadores depois do dia de hoje tamb�m deve ser determinante para o reposicionamento do Legislativo.

Carolina Botelho, do Mackenzie e da UERJ, tamb�m avalia que a hip�tese de impeachment n�o pode ser descartada.

"Nesta semana, Gilberto Kassab falou em entrevista que, se Bolsonaro aumentasse a disposi��o golpista, ele — que � um cara muito importante e que precisa ser mantido perto num presidencialismo de coaliz�o — apoiara o impeachment. Outros protagonistas da pol�tica est�o falando o mesmo. Ent�o � �bvio que esta carta n�o est� descartada", diz a cientista pol�tica.

O Presidente do PSDB, Bruno Ara�jo, convoca reuni�o Extraordin�ria da Executiva para esta quarta-feira, para diante das grav�ssimas declara��es do presidente da Rep�blica no dia de hoje, discutir a posi��o do partido sobre abertura de de Impeachment e eventuais medidas legais.

— PSDB %uD83C%uDDE7%uD83C%uDDF7 (@PSDBoficial) September 7, 2021

Ainda na ter�a-feira, o PSDB informou que o presidente do partido, Bruno Ara�jo, convocou reuni�o extraordin�ria da executiva para discutir a posi��o da legenda sobre abertura de impeachment.

O tucano Jo�o Doria, governador de S�o Paulo, manifestou-se pela primeira vez pelo impeachment de Bolsonaro. "Minha posi��o � pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro — depois do que ouvi hoje ele claramente afronta a Constitui��o", afirmou.

Tamb�m o presidente do Solidariedade, Paulinho da For�a, se manifestou na ter�a � noite a favor do impeachment. "Na pr�xima semana, vou reunir a executiva do Solidariedade para debatermos o posicionamento do partido sobre abertura do processo de impeachment de Bolsonaro", escreveu o pol�tico em sua conta no Twitter. "Mais uma vez, o presidente afrontou a democracia e deu provas de que n�o vai parar com os ataques �s institui��es."

A consultoria de risco pol�tico Eurasia, por sua vez, continua vendo a hip�tese de impeachment como pouco prov�vel.

"As chances de que isso ocorra s�o muito baixas. Com 30% de apoio e 14 meses at� as elei��es do pr�ximo ano, n�o h� condi��es pol�ticas para um impeachment", escreveram os analistas Christopher Garman e Daniela Teles, em relat�rio distribu�do na ter�a-feira � noite.

"O mesmo vale para um colapso democr�tico, dada a robusta estrutura institucional do Brasil. Mas o risco de viol�ncia em protestos futuros persistir� em meio ao que ser� uma elei��o muito tensa."

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