
Os ataques do presidente Jair Bolsonaro nas manifesta��es de 7 de Setembro mobilizaram PSDB, PSD, Solidariedade e MDB a discutirem um apoio ao impeachment do chefe do Executivo. Os tucanos marcaram uma reuni�o j� para esta quarta-feira, 8. O movimento chama aten��o porque � a primeira vez que a executiva tucana � convocada para discutir o tema. Integrantes do partido dizem que � preciso interditar os avan�os antidemocr�ticos de Bolsonaro antes que seja tarde demais. Al�m disso, os atos de Bolsonaro fizeram a discuss�o ganhar for�a para al�m das legendas de oposi��o.
At� a pr�xima semana, a possibilidade de engrossarem a defesa pelo impedimento de Bolsonaro antes do fim do mandato ser� discutida internamente em cada sigla. Dirigentes partid�rios ouvidos pelo Estad�o/Broadcast afirmam ainda n�o haver consenso e nem decis�o consolidada nas bancadas do Congresso. O aumento do tom de Bolsonaro, no entanto, provocou press�o por uma resposta mais dura no Legislativo.
A possibilidade de as c�pulas das legendas apoiarem o afastamento, mesmo sem apresentar um pedido formalmente, no entanto, cresceu ap�s as manifesta��es de ontem. O presidente da C�mara, Arthur Lira (Progressistas-AL), �nico que tem o poder de pautar pedidos de impeachment, afirmou a interlocutores que iria ouvir os partidos. Na gaveta dele tem 124 pedidos de cassa��o do mandato de Bolsonaro. Aliado de Bolsonaro, suas declara��es tem sido de que n�o h� clima para abertura de um processo.
O Solidariedade deve encaminhar na pr�xima semana uma decis�o para assinar um pedido de impeachment contra Bolsonaro na C�mara. Ao Estad�o/Broadcast , o presidente da sigla, deputado Paulinho da For�a (SP), revelou que a estrat�gia � "aumentar a press�o para cima do Arthur Lira".
Entre l�deres ouvidos pela reportagem, h� um certo consenso sobre os atos pr�-Bolsonaro: o n�mero de apoiadores nas ruas n�o foi pequeno, mas � menor do que aliados de Bolsonaro esperavam; e qualquer decis�o agora passar� pelo filtro do processo eleitoral.
O presidente nacional do PSDB, Bruno Ara�jo, anunciou ontem mesmo a convoca��o de uma reuni�o extraordin�ria para tratar da posi��o do partido em rela��o ao poss�vel processo de impeachment de Bolsonaro. Os governadores Jo�o Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), concorrentes entre si pela vaga de presidenci�vel do partido em 2022, declararam-se favor�veis ao processo de impedimento.
"Defendo a abertura do processo de impeachment por entender que at� as elei��es est�o amea�adas. Ontem foi o 7 de Setembro, amanh� � o Conselho da Rep�blica e depois?", disse o ex-ministro de Rela��es Institucionais do governo Michel Temer e ex-deputado Antonio Imbassahy. "O PSDB finalmente resolveu mostrar a cara. Precisa come�ar a discutir os temas que importam", complementou o deputado Danilo Forte (PSDB-CE).
MDB
O presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), se manifestou nas redes sociais e tamb�m sugeriu uma resposta mais dura contra Bolsonaro, sem citar diretamente um pedido de impeachment. "S�o inaceit�veis os ataques a qualquer um dos poderes constitu�dos. Sempre defendo a harmonia e o di�logo. Contudo, n�o podemos fechar os olhos para quem afronta a Constitui��o. E ela pr�pria tem os rem�dios contra tais ataques", escreveu o dirigente da sigla. A nota foi submetida ao ex-presidente Michel Temer e ao prefeito de S�o Paulo, Ricardo Nunes.
Ao Estad�o/Broadcast, Baleia confirmou que o impeachment ser� discutido. "A marca do MDB � o di�logo. Por isso sempre discutimos e consultamos os temas nacionais com as bancadas, o que n�o ser� diferente neste caso", afirmou.
"N�o podemos simplesmente avan�ar em um pedido de impeachment para jogar para a torcida. Dever�amos estabelecer desde j� uma coaliz�o, um grupo de partidos para estar junto em uma terceira via. Estamos perdendo o momento de fazer essa defini��o", afirmou o ex-ministro Carlos Marun, que integra a Executiva do MDB.
O presidente do Cidadania, Roberto Freire, refor�ou em mensagem ao grupo de WhatsApp do partido que a sigla j� aprovou a defesa do impeachment. "Outros partidos e atores pol�ticos est�o come�ando a enxergar igual caminho, mesmo os que sempre tiveram dificuldades de entender o processo em momentos como esse. Sabemos qual � o desenlace que queremos para o pa�s. � preciso que a bancada na C�mara dos Deputados se integre a esse esfor�o", escreveu.
Crime
Para o vice-presidente da C�mara, Marcelo Ramos (PL-AM) , Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade ao afrontar institui��es durante as manifesta��es. "No final dessa hist�ria, o maior preju�zo foi dele. Ele unificou todo o campo democr�tico contra ele e empurrou para o impeachment partidos como MDB, PSDB, Solidariedade e Cidadania. Sob a l�gica autorit�ria, ele n�o demonstrou a for�a necess�ria para dar um golpe e, sob a l�gica democr�tica, s� perdeu."
Um dos fatores que pode colocar deputados contra Bolsonaro, na avalia��o de caciques partid�rios, � a manifesta��o do pr�ximo dia 12, que tem o impeachment na pauta.