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Estado de Minas ENTREVISTA

Michel Temer: 'Impeachment n�o � solu��o para crise'

Com a experi�ncia de ex-presidente, emedebista, em entrevista ao Correio Braziliense, considera que o processo convulsionaria o pa�s


14/09/2021 07:24 - atualizado 14/09/2021 07:31

CB Poder recebeu o Ex Presidente Michel Temer
CB Poder recebeu o Ex Presidente Michel Temer (foto: Ed Alves/CB/D.A Press)
O ex-presidente Michel Temer (MDB) � enf�tico ao afirmar que o impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido) n�o traria a solu��o para a crise institucional entre o presidente com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em entrevista na segunda-feira (13/9) ao CB.Poder - uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Bras�lia -, ele destacou que seria um processo doloroso e contraproducente, com a possibilidade de se encerrar perto das elei��es do pr�ximo ano. Isso deixaria o ambiente ainda mais convulsionado, sem contar que promoveria a paralisia completa do pa�s.

"Todos devem aproveitar esse momento, de certa pacifica��o, para combater em definitivo a pandemia e recuperar a economia", recomendou, com a experi�ncia de quem quase viu avan�ar um processo de impeachment contra ele.

Autor do  texto da Declara��o � Na��o, que serviu para apaziguar os �nimos  depois dos  inflamados discursos de Bolsonaro insuflando a milit�ncia  contra os ministros do STF, no 7 de Setembro, Temer acredita na modera��o do presidente de agora em diante. Para o ex-presidente, o  momento de equil�brio deve ser aproveitado para levar adiante as reformas administrativa  e tribut�ria - que, como fez quest�o de lembrar, come�ou no governo dele.

"Com esse documento, os acampamentos de caminhoneiros se desmobilizaram em Bras�lia. O fato � que, convenhamos, se n�o houvesse a 'Declara��o � Na��o' dia 9, n�o sei o que aconteceria no dia seguinte", salientou, certo de que se evitou algum evento de alta gravidade e que poderia ter o cond�o de convulsionar mais o pa�s.

Temer afastou, ainda, qualquer hip�tese de se ter fechado algum acordo entre Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes, vers�o que tem circulado nos grupos bolsonaristas. De acordo com o ex-presidente, ele jamais proporia isso ao magistrado por saber que a ideia seria imediatamente recha�ada.

Sobre uma poss�vel candidatura do MDB, partido ao qual ainda � ligado, ao Pal�cio do Planalto, Temer n�o acredita nessa possibilidade - embora elogie a compet�ncia, a capacidade de trabalho e de articula��o da pr�-candidata da legenda, a senadora Simone Tebet (MS).

"Tem uma bela pr�-candidata, mas n�o sei se o partido vai com essa posi��o at� o final. O que acontecer pela frente vai determinar a conduta do MDB e dos demais partidos", observou.
A seguir os principais pontos da entrevista.

A leitura que se fez, logo depois da publica��o da nota oficial, foi de que a participa��o do senhor deu uma esfriada nas manifesta��es que estavam previstas para o �ltimo domingo. Acha que o pa�s afastou o perigo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro?
Ainda h� clima para isso?
N�o foi o documento que afastou o pessoal da rua, foram as diverg�ncias dos v�rios grupos. Pelo que eu vi pelos jornais, certos partidos n�o quiseram participar do movimento por n�o terem o protagonismo - e os organizadores n�o quiseram que certos partidos participassem. Ent�o, eu penso que n�o foi o documento que afastou as pessoas das manifesta��es. A quest�o do impedimento, vejo do seguinte modo: voc� abre um processo de impeachment agora; vai durar de sete a nove meses. Vai bater com as elei��es e colocar o pa�s numa agita��o brutal. Voc� tem elei��o logo aqui adiante, no ano que vem, e as coisas devem se resolver por elei��o. Se o presidente for candidato � reelei��o, quem quiser votar no presidente vota; quem n�o quiser, escolhe outro candidato.

Na a avalia��o do senhor, n�o temos tempo para isso e o pa�s precisa trabalhar em outras pautas?
Temos pandemia para combater e economia para recuperar. Acho que os poderes t�m que se reunir, o Legislativo e o Executivo fundamentalmente. Mas, de alguma maneira, com apoio do Judici�rio e de todos os partidos tamb�m. Todos devem aproveitar este momento, de certa pacifica��o, para combater em definitivo a pandemia e recuperar a economia. Digo para voc�: n�o sei se � o caso de fazer campanha eleitoral agora. Tem um ano e dois meses para elei��o, muito tempo ainda. Vamos cuidar da pandemia, da economia e deixar o debate eleitoral para o ano que vem.


Na semana passada, o senhor foi fundamental no processo de pacifica��o do pa�s. Queria que fizesse uma retrospectiva desse encontro.
Na quinta-feira, antes do 7 de Setembro, recebi v�rios telefonemas de pessoas me pedindo uma ajuda para intermediar esse di�logo. Coincidentemente, o presidente Bolsonaro acabou me ligando no dia 8, pelas 20h, e me convidou para ir no dia seguinte a Bras�lia. Antes de ir, disse que haveria alguns pontos determinados que achava que deveriam ser assinalados e listei para ele. O presidente disse que estava de acordo, que era para eu levar esses pontos para Bras�lia que ir�amos redigir.

� um documento que diz o �bvio, que � cumprir o texto constitucional. Ou seja, preservar harmonia entre os Poderes, pregar pacifica��o do pa�s e cumprir rigorosamente a Constitui��o e decis�es judiciais. Basicamente, o documento retrata esses epis�dios que estou avidamente mencionando. Na verdade, com esse documento, os acampamentos de caminhoneiros se desmobilizaram em Bras�lia. O fato � que, convenhamos, se n�o houvesse a "Declara��o � Na��o" dia 9, n�o sei o que aconteceria no dia seguinte.

O senhor acha que essa promessa de modera��o de Bolsonaro � verdadeira? Sabemos que o presidente pode recuar e avan�ar com facilidade.
A sensa��o que tenho � de que o presidente vai levar a s�rio aquilo que assinou - pelo menos tor�o por isso. At� me surpreendi positivamente com a sinaliza��o extremamente favor�vel, a significar que o povo brasileiro deseja mesmo essa tranquilidade. Me surpreendi tamb�m quando sa� do Pal�cio (do Planalto): logo depois, a Bolsa subiu e o d�lar caiu.

Na conversa do senhor com o ministro Alexandre de Moraes, houve um acordo costurado para que o magistrado tamb�m n�o fa�a mais pris�es? Acredita que tamb�m vai haver uma mudan�a de comportamento do Supremo Tribunal Federal?
De fato falei com o ministro Alexandre, mas n�o houve acordo nenhum. Primeiro, que eu n�o teria o atrevimento de pedir isso a ele, que � ministro do STF. Segundo, que ele jamais aceitaria essa forma de acordo. O que existe, sim, � uma distens�o, a distens�o � que poder� produzir bons resultados. At� porque retoma-se um di�logo mais aprofundado entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judici�rio.

O MDB vai ter candidato � elei��o presidencial de 2022? O senhor acha que � preciso que o partido se lance em uma candidatura solo ou seria melhor reunir v�rios partidos em uma terceira via para enfrentar a polariza��o?
Essa coisa de terceira via � fundamental ao eleitorado. Mas, com toda franqueza, estou achando complicada essa hist�ria. N�o acho que os principais cotados da terceira via abram m�o da candidatura em dado momento, priorizando s� um candidato, o que seria o ideal. Eu sinto que todos os que est�o se apresentando v�o at� o fim, ou boa parte deles. Veja voc� que se houver muitos candidatos, ganha com isso aqueles que polarizaram, que tem um n�mero maior e mais s�lido de apoio.

J� tem gente dizendo que o senhor pode ser o (presidente dos Estados Unidos, Joe) Biden brasileiro. Como v� essa avalia��o? Est� preparado para disputar a Presid�ncia da Rep�blica no ano que vem?
Acho que s� poderia ser como o Biden em fun��o da idade. Fora da�, confesso que n�o est� no meu horizonte. O que puder colaborar com o pa�s - o que penso que, modestamente, fiz h� poucos dias -, na medida que for convocado, dar palpites, farei com muito prazer. Mas, em rela��o ao futuro, confesso hoje que n�o penso em me candidatar. At� brinco que estou com mais prest�gio hoje do que tinha quando era presidente, mas eu acho que isso � fruto do reconhecimento do meu governo.

Passou muito rapidamente; achava que demoraria mais tempo - e voc� sabe como aquelas pessoas tentaram me prejudicar e acabaram atrapalhando o pa�s. Ent�o, em rela��o �s manifesta��es de "Biden brasileiro", tomo isso como reconhecimento ao meu governo.

O senhor acha que o MDB vai lan�ar mesmo a (senadora) Simone Tebet? Vai defender que o partido tenha candidato ou aposta nessa tentativa de uni�o dos partidos?
Conhe�o o MDB h� muito tempo. Sempre foi assim: querem lan�ar candidato e, muitas vezes, acabam n�o lan�ando. Hoje, tem uma bela pr�-candidata, a Simone Tebet, mas n�o sei se o partido vai com essa posi��o at� o final. N�o h� condi��es de fazer uma an�lise como essa a mais de um ano das elei��es. O que acontecer pela frente vai determinar a conduta do MDB e dos demais partidos.

H� clima, hoje, para retomar as vota��es da reforma tribut�ria e administrativa? Ou essas pautas v�o ter que ficar para depois da elei��o de 2022?
Acho que antes do dia 9 deste m�s n�o havia clima algum. A partir do dia 9, particularmente depois da declara��o (de Bolsonaro � Na��o), acho que h� algum clima que poder� permitir o prosseguimento das reformas, que come�aram em meu governo. � preciso continuar com aquilo que chamo de simplifica��o tribut�ria, com a reforma administrativa. Au acho que h� clima, sim. N�o se deve esperar as elei��es para fazer isto, vamos fazer j�! Temos tempo agora, neste ano e praticamente metade do pr�ximo para caminharmos com essas reformas.

No pr�ximo dia 15, o senhor tem um encontro com (os ex-presidentes) Fernando Henrique Cardoso e Jos� Sarney. Como vai ser esse encontro?
� uma prepara��o para um projeto futuro ou ser�o ideias para o atual governo?
Vamos dizer obviedades que, na verdade, precisam ser repetidas, porque, muitas vezes, as pessoas se esquecem disso. Vamos falar sobre democracia, o Estado de Direito, como se deve preserv�-lo. O debate ser� nessa linha, o que pensamos em mat�ria econ�mica e pol�tica no pa�s. Penso que ser� tudo pautado no texto constitucional. Diremos obviedades porque acho que, nos �ltimos tempos, as pessoas se esqueceram das coisas mais triviais

*Estagi�rio sob a supervis�o de Fabio Grecchi


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