
CEO da Prevent Senior ap�s cr�ticas de Mandetta: 'Nos deixem trabalhar'
“A ci�ncia n�o tem lado, n�o torce para A ou B. Constata. Agora se fizeram isso, manipularam n�meros, deram atestados de �bitos para n�o entrar na pesquisa, o Conselho Regional de Medicina tem de aplicar penalidade muito severa, porque isso mina completamente a credibilidade da medicina. E onde est� a Comiss�o Nacional de �tica em Pesquisa (Conep), que quando vai fazer pesquisa, o pesquisador comunica o m�todo?”, indaga ele, depois de ter conhecimento da den�ncia por meio de reportagem da GloboNews que foi veiculada na �ltima quinta-feira (16/09).
H� den�ncias de que o plano de sa�de Prevent Senior teria ocultado mortes de pacientes que participaram de um estudo realizado para testar a efic�cia da hidroxicloroquina, associada � azitromicina, para tratar a Covid-19. Quando esteve � frente do minist�rio, o sr. soube deste suposto estudo?
N�o. O primeiro caso de paciente positivo no Brasil foi em 26 de fevereiro. E o primeiro �bito, por volta de 20 de mar�o. Logo na semana seguinte, atingimos a marca dos 100 �bitos em S�o Paulo, dos quais, 80 eram num �nico endere�o, num �nico hospital, o Sancta Maggiore, que � da rede do plano de sa�de Prevent Senior. O que caracteriza esse plano de sa�de � uma concentra��o de idosos na carteira. Ent�o aquele lugar precisava mudar o n�vel de biosseguran�a, montar plano espec�fico, j� que a clientela � de alt�ssimo risco para a letalidade.
� �poca critiquei porque teriam de ter feito um plano muito r�gido de vigil�ncia, porque n�o havia espa�os de isolamento. Na �poca chamei aten��o do secret�rio de sa�de do estado de S�o Paulo. Era preciso um protocolo muito mais r�gido, pois estavam concentrados no mesmo lugar, pacientes de alto risco. S�o planos de sa�de que s� comercializavam para idosos. Teriam de ter naquele momento abordagem extremamente r�gida no protocolo de seguran�a.
Quando fez cr�ticas p�blicas ao Prevent Senior, este o acusou de ter v�nculos com outros planos de sa�de...
Esse plano estava preocupado com o dano � marca dele. O que � leg�timo. Mas ele deveria ter tomado as provid�ncias cient�ficas para corrigir o problema. S� que tomou outro caminho. Disse: “Esse ministro est� criticando, porque gosta da Unimed, � de outro plano”. Foi tentativa de retirar a credibilidade da cr�tica. Erro n�mero um, porque sou cooperado da Unimed h� 30 anos. Como tamb�m sou credenciado em outros planos de sa�de.
A minha cr�tica era destinada a apontar que ele deveria tomar o caminho cient�fico. Ele pega a cr�tica e fala: “Ah, eles querem ci�ncia?”. A� embarcaram nessa quest�o do protocolo, come�aram a fazer isso, para tentar sair do foco do dano � marca. Existe uma concorr�ncia grande na venda de planos de sa�de e estavam na berlinda.
Eu me lembro � que, na sequ�ncia, tive reuni�o no Pal�cio do Planalto e estava l� a Nise Yamaguchi. E disse a ela que se n�o tivesse evid�ncia cient�fica, essas subst�ncias s� seriam incorporadas se houvesse pesquisa com o protocolo cient�fico. Acabou que fizemos uma pesquisa com o Albert Einstein, coordenada pelo dr. Rizzo (Luiz Vicente Rizzo), um pesquisador muito graduado.
E a pesquisa concluiu que a cloroquina n�o funcionava para o tratamento da Covid e pelo contr�rio, tinha efeitos colaterais. Por isso o Einstein mudou completamente o seu protocolo. Eu suponho que talvez por isso, o Prevent Senior tenha feito essa pesquisa, ao que parece uma pesquisa viciada, que j� se inicia assim: “Olha, tem que dar isso”. � o que parece pelo que est� sendo noticiado. Mas eu j� n�o estava mais no minist�rio.
Enquanto o senhor esteve no minist�rio, houve conversa��es para que o Prevent Senior fizesse essa pesquisa?
A� j� entra o gabinete paralelo, que n�o sei dizer quando tiveram essa ideia. Se tiveram a ideia de fazer mudan�a na bula da cloroquina na Anvisa, por decreto presidencial, nada me espanta.
O que me lembro � que o secret�rio de sa�de municipal, a Vigil�ncia Sanit�ria foram para dentro do hospital, apontaram uma s�rie de coisas, de sa�da de roupa, de lavanderia, de lavagem de m�os, de m�o de obra, que tinha de ser testada. Enfim, fizeram uma s�rie de interven��es e depois anunciaram que iriam fazer um protocolo, montado por essa Nise Yamaguchi, por esse pessoal.
Mas quando viram que n�o tinha evid�ncia cient�fica, o Einstein j� tinha feito, artigos sa�ram no mundo inteiro, sobre o estudo com 800 pessoas, que mostraram n�o alterou a evolu��o da Covid e quem tomou, evoluiu pior. Por isso, o Einstein retirou da recomenda��o e todo mundo que � s�rio no Brasil parou. Eles ent�o desqualificaram o estudo do Einstein e ca�ram na tenta��o de fazer um trabalho l�, e pelas den�ncias, para dar um resultado mostrando que o protocolo funcionaria.
Talvez tenham pensado que seria bom para o hospital, para os m�dicos e para o presidente da Rep�blica.
O dossi� de den�ncias de m�dicos e ex-m�dicos da Prevent informa ter sido a dissemina��o da cloroquina e outras medica��es o resultado de um acordo entre o governo Bolsonaro e oPrevent Senior. Segundo o dossi�, o estudo foi manipulado para demonstrar a efic�cia da cloroquina. Como surgiu, no governo, essa obsess�o pela cloroquina?
Nasce de uma s�rie de fatores. Tem muito de mercado nessa hist�ria. Isso se prestou para governantes, como � o caso do nosso, para ele falar que tinha gente que defendia. Prestou para m�dicos ganharem muito dinheiro. A pessoa pegava Covid e ia atr�s do m�dico que falava na internet.
Os honor�rios que aplicavam eram extorsivos. Houve muitos m�dicos que ganharam visibilidade na internet, fazendo consultas por v�deo, cobrando R$ 5 mil a R$ 6 mil por dia na epidemia.E, com 50 videochamadas, fizeram R$ 200 mil por dia.
Como 90% das pessoas que pegam a doen�a t�m formas leves ou moderadas; outros 5% v�o para o CTI e entre estes, 2% a 3% v�o a �bito, eles justificam: “tenho 90% de acerto”. S� que, se voc� colocar uma fita do Senhor do Bonfim no punho, voc� tamb�m ter� 90% de acerto. E h� laborat�rios que ganharam bastante com o consumo abusivo. E havia os empres�rios que queriam que as pessoas continuassem a trabalhar.
Ent�o houve muitas pessoas desesperadas por uma solu��o, sem nenhum compromisso com o ser humano. Agora, quando um m�dico que tem compromisso com vida participa de uma fraude, precisa dessa fraude para ganhar ares, verniz. E esse artigo daria aquele verniz para que pudessem continuar com aquele momento de muito enriquecimento.
E que avalia��o o senhor faz das den�ncias?
Acho que temos de investigar isso. Mas torturar os n�meros para que confessem algo � o caminho mais r�pido de ser pego na mentira. A ci�ncia n�o tem lado, n�o torce para A ou B. Constata. � l�gico que o artigo que faz mentindo cai em descr�dito. Agora se fizeram isso, manipularam n�meros, deram atestados de �bitos para n�o entrar na pesquisa, o Conselho Regional de Medicina tem de aplicar penalidade muito severa, porque isso mina completamente a credibilidade da medicina.
E onde est� a Comiss�o Nacional de �tica em Pesquisa (Conep), que,quando vai fazer pesquisa, o pesquisador comunica o m�todo? Falsificar atestado � crime, falsificar pesquisa tamb�m � crime e do ponto de vista moral � o fim da linha. O conselho que disciplina a parte �tica n�o vai abrir a boca, vai ficar quieto? � de uma degrada��o moral, �tica, humanit�ria, nunca vista na hist�ria da medicina.
E olha que a medicina lutou muito para ter um Conselho Federal de Medicina. Quem o criou foi Juscelino Kubistchek, o primeiro presidente m�dico da hist�ria do pa�s.
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