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Estado de Minas ENERGIA

Coleta de dados de computadores de servidores da Cemig intriga CPI

Trabalho da Kroll, empresa de investiga��o forense, desperta d�vidas em deputados; parte das informa��es foi retirada durante uma noite de dezembro passado


07/10/2021 17:22 - atualizado 07/10/2021 20:45

Prédio da Cemig, em Belo Horizonte
Retirada de dados de computadores da Cemig � alvo de investiga��o de deputados; na foto, o pr�dio da estatal (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Os deputados estaduais que comp�em a Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da Companhia Energ�tica de Minas Gerais (Cemig) se debru�am sobre a coleta de dados de computadores utilizados por servidores jur�dicos da estatal. As informa��es foram extra�das das m�quinas pela Kroll, empresa de investiga��o forense contratada para investigar suposta corrup��o no setor de compras e suprimentos da energ�tica.

Nesta quinta-feira (7/10), a representante legal da Kroll no Brasil, Fernanda Barroso Carneiro, foi � Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) prestar depoimento � CPI. Em setembro, deputados tomaram conhecimento que, no fim do ano passado, investigadores da empresa de auditoria estiveram na sede da Cemig durante uma noite, para coletar dados de pessoas que davam expediente no setor jur�dico.

A apura��o no setor de compras come�ou ap�s determina��o do Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG), que recebeu den�ncias sobre supostas ilicitudes. Segundo Fernanda, investiga��es forenses precisam de informa��es que podem estar em posse de pessoas que n�o s�o investigadas - os chamados custodiantes. De acordo com ela, ap�s a retirada dos dados das m�quinas funcionais, foram vistoriados apenas arquivos referentes ao tema em an�lise.

"N�o existe interesse de investigar informa��es pessoais de custodiantes e investigados, ou dados sens�veis, se n�o est�o diretamente relacionados ao objeto de investiga��o", disse. A representante da Kroll afirmou que o Minist�rio P�blico enviou lista contendo "boa parte" dos custodiantes que deveriam ter suas esta��es de trabalho.

A resposta n�o satisfez a deputada Beatriz Cerqueira (PT). "De acordo com documentos enviados � CPI, nenhum trabalhador do jur�dico estava nas den�ncias do Minist�rio P�blico. Nem era investigado nem custodiante", indignou-se.

A busca por arquivos em esta��es de trabalho tamb�m despertou d�vidas de Professor Cleiton, do PSB, vice-presidente e sub-relator da CPI. "A empresa que estamos discutindo � p�blica. Quando o estado paga uma empresa para coletar dados, espionar, o estado est� pagando para devassar a vida de agentes p�blicos", opinou ele.

O pessebista chegou a comparar a situa��o envolvendo Kroll e Cemig ao caso Watergate, esc�ndalo ocorrido nos Estados Unidos nos anos 1970. � �poca, homens invadiram o escrit�rio do Partido Democrata no Edif�cio Watergate, em Washington. A investiga��o motivou a ren�ncia do republicano Richard Nixon, presidente do pa�s.

Ao tratar da c�pia dos dados de esta��es de trabalho, o relator da CPI, S�vio Souza Cruz (MDB), utilizou o termo "intercepta��o". Em resposta, Fernanda defendeu a legalidade da a��o e disse n�o se tratar do ato de interceptar informa��es.

"Pegou (dados), mas n�o � intercepta��o", protestou o emedebista, em tom ir�nico. 

Mais interroga��es


O escopo da apura��o conduzida pela Kroll traz outras incertezas aos deputados. Para Beatriz Cerqueira, a Kroll est� investigando situa��es que v�o al�m da den�ncia de supostas irregularidades no setor de compras. Ela se apoiou em documento enviado pela Cemig � CPI - segundo o texto, a empresa pode atuar na "identifica��o de outros procedimentos que sejam de interesse da companhia".

"Isso nos preocupa. A justificativa para a contrata��o da Kroll, o tempo inteiro, � a suposta pr�tica de corrup��o. Portanto, a import�ncia da investiga��o independente, porque a Cemig presta contas a agentes internacionais. A Kroll est� fazendo mais do que disse", falou a petista.

Um dos casos antigos citados diz respeito � Lista de Furnas, documento que apontou, em 2005, o nome de mais de uma centena de pol�ticos beneficiados com desvios de recursos de Furnas. Fernanda Barroso negou que a Kroll esteja trabalhando em prol da Cemig no caso.

O governista Z� Guilherme (PP) lembrou que o Minist�rio P�blico chegou a ser procurado pelo Federal Bureau of Investigation (FBI), �rg�o policial estadunidense. Ele citou os antecedentes que motivaram a contrata��o da Kroll.

Em nota, a Cemig afirmou que a Kroll, por promover trabalho independente, "tem autoriza��o para captar informa��es em equipamentos que pertencem � companhia", como computadores e celulares corporativos. (Leia na �ntegra o comunicado da estatal ao fim deste texto)

Inspe��o antes de contrato assinado


O ex-gerente de direito administrativo da Cemig, Daniel Polignano, foi um dos que teve seu equipamento profissional examinado pela equipe da Kroll. O escrut�nio, feito em dezembro do ano passado,  ocorreu antes mesmo de o contrato entre a multinacional de investiga��o forense e a estatal energ�tica ter sido assinado .

O trato foi oficializado em maio deste ano. Para isso, a Cemig recorreu � convalida��o, instrumento que permite a assinatura de acordos retroativos. A den�ncia do Minist�rio P�blico sobre poss�veis ilicitudes no setor de compras da Cemig gerou o afastamento de algumas pessoas que batiam ponto na �rea.

A Kroll, por seu turno, j� havia estado no centro da CPI em ocasi�es anteriores. Em agosto, Professor Cleiton levantou suspeitas sobre  suposta espionagem  de deputados que comp�em a CPI sobre a energ�tica. Ele, que relatou ter tido o celular grampeado, chegou a solicitar exame do contrato entre a estatal e a Kroll, a fim de detectar poss�veis conex�es entre a auditora e a dita observa��o.

Nota da Cemig sobre a investiga��o conduzida pela Kroll


"A Cemig esclarece que a Kroll foi contratada ap�s a Companhia ter sido comunicada pelo Minist�rio P�blico do Estado de Minas Gerais (MPMG) de apura��es sobre a conduta dos ent�o gestores da �rea de compras em supostos casos de corrup��o. Esses gestores foram afastados para apura��o das den�ncias. Como informado no depoimento desta quinta-feira (7/10), as investiga��es ocorrem exclusivamente a partir de of�cios do MPMG recebidos pela Cemig sobre corrup��o na �rea de compras.

Como empresa de investiga��o forense independente, a Kroll tem autoriza��o para captar informa��es em equipamentos que pertencem � Companhia. Isso foi feito em computadores e celulares corporativos utilizados por investigados e custodiantes. Custodiantes s�o aqueles que, em raz�o de sua atua��o profissional, podem ter armazenadas informa��es de interesse das investiga��es.

Em raz�o da gravidade das den�ncias e da urg�ncia do in�cio de uma investiga��o independente, foi solicitada � Kroll a apresenta��o de proposta, que depois de aceita pela Cemig permitiu � empresa de investiga��o o in�cio da presta��o dos servi�os."

 


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