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Novo partido de Bolsonaro: PL esteve no centro do esc�ndalo do mensal�o no governo Lula

Sigla que � prov�vel destino do presidente da Rep�blica esteve no centro do esc�ndalo do mensal�o, que abalou o primeiro mandato do ex-presidente Lula


30/11/2021 09:48 - atualizado 30/11/2021 10:41


Jair Bolsonaro ao lado de Valdemar Costa Neto
O presidente Jair Bolsonaro (E) e o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto (foto: Divulga��o PL)

O novo partido do presidente Jair Bolsonaro, o Partido Liberal (PL) esteve no centro do esc�ndalo do mensal�o, que abalou o primeiro mandato do presidente Luiz In�cio Lula da Silva, em 2005. Bolsonaro est� se filiando ao partido nesta ter�a-feira (30/11).

Opini�o sem medo: Bolsonaro no PL de Costa Neto: Ali Bab� na caverna dos ladr�esPL de Costa Neto: Ali Bab� na caverna dos ladr�es Bolsonaro no PL de Costa Neto: Ali Bab� na caverna dos ladr�es Bolsonaro

O PL e seu presidente, Valdemar da Costa Neto, foram manchete em 2005 durante o chamado esc�ndalo do mensal�o, em que o governo Lula foi acusado de pagar dinheiro a deputados em troca de apoio a projetos do governo.

A participa��o de integrantes do PL no caso foi denunciada pelo presidente nacional do PTB e ent�o deputado federal Roberto Jefferson (RJ). Na �poca apoiador de Lula e hoje aliado de Bolsonaro, o ex-parlamentar est� preso por decis�o do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no inqu�rito das fake news.

Foi Jefferson o primeiro a utilizar o termo "mensal�o", em entrevista � jornalista Renata Lo Prete, ent�o editora da coluna Painel do jornal Folha de S. Paulo, publicada em 6 de junho de 2005. Ele acusou o ent�o tesoureiro nacional do PT, Del�bio Soares, de pagar parlamentares do partido e do PP para votar favoravelmente a projetos de interesse do Pal�cio do Planalto.

O deputado afirmou: "Um pouco antes de o Martinez (Jos� Carlos Martinez, presidente do PTB morto em 2003 num acidente a�reo) morrer, ele me procurou e disse: 'Roberto, o Del�bio est� fazendo um esquema de mesada, um mensal�o, para os parlamentares da base. O PP, o PL, e quer que o PTB tamb�m receba. R$ 30 mil para cada deputado. O que voc� me diz disso?'".

PTB, PP e PL, entre outros partidos, faziam parte da base parlamentar do governo Lula.

No dia seguinte, o presidente nacional do PL, deputado federal Valdemar Costa Neto (SP), ingressou com representa��o contra Jefferson na Comiss�o de �tica e Decoro Parlamentar da C�mara.


Valdemar da Costa Neto em 2005
Valdemar da Costa Neto, em foto de 2005, foi condenado por por corrup��o passiva e lavagem de dinheiro no esc�ndalo do mensal�o (foto: EVARISTO SA/AFP via Getty Images)

"A ofensa, da forma como foi praticada, atingiu e maculou, qui�� de forma irrepar�vel, a reputa��o ilibada n�o s� dos parlamentares nominados, mas tamb�m a credibilidade, o conceito moral e administrativo desta Casa", afirmou Costa Neto.

Na dupla condi��o de acusador e acusado, Jefferson redobrou a aposta: citou como benefici�rios dos pagamentos o pr�prio Costa Neto e os deputados do PL Sandro Mabel (GO) e Bispo Rodrigues (RJ), al�m de tr�s parlamentares do PP (Pedro Corr�a, ent�o presidente da sigla, Jos� Janene e Pedro Henry).

Na sess�o da Comiss�o de �tica em que Jefferson foi ouvido, em 14 de junho, Costa Neto confrontou-o: "Ent�o d� os nomes".

O presidente do PTB respondeu: "Afirmo que Vossa Excel�ncia recebe e repassa".

Jefferson foi condenado em vota��o secreta � perda de mandato por quebra de decoro.

Jefferson, Costa Neto, Corr�a, Henry e Rodrigues, entre outros, foram denunciados pela Procuradoria-Geral da Rep�blica no caso do mensal�o e, posteriormente, julgados e condenados a penas variadas pelo Supremo Tribunal Federal em 2012.

No total, 41 pessoas foram julgadas e 26 condenadas no processo, incluindo o ex-chefe da Casa Civil Jos� Dirceu e o ex-presidente nacional do PT Jos� Genoino.


Jair Bolsonaro (ao microfone) em cerimônia no Palácio do Planalto com a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda (D)
Bolsonaro em cerim�nia no Pal�cio do Planalto com a ministra da Secretaria de Governo, Fl�via Arruda (D) (foto: Divulga��o PL)

"O PL � um partido estruturado nacionalmente, mas � tamb�m uma das siglas mais implicadas em corrup��o na hist�ria recente. Essa escolha de Bolsonaro entra em contradi��o com o discurso do presidente contra a velha pol�tica, o toma-l�-d�-c� e a moralidade. Os bolsonaristas ter�o de se contorcer para explicar essa op��o", afirma Victor Gandin, cientista pol�tico e mestre em Ci�ncia Pol�tica pela Universidade Federal de S�o Carlos (UFSCar).

Base dos governos Lula e Dilma

Desgastado pelo epis�dio, o PL mudou de nome para disputar as elei��es do ano seguinte.

Assumiu a identidade de Partido da Rep�blica (PR), ap�s fus�o com o Partido de Reedifica��o da Ordem Nacional (Prona), do deputado federal e ex-candidato � Presid�ncia En�as Carneiro (SP). O objetivo declarado da fus�o foi assegurar o cumprimento da cl�usula de barreira, que exigia de cada sigla um percentual m�nimo de 5% dos votos para eleger deputados.

No ano seguinte, j� com 34 deputados, o ent�o PR passou a fazer parte da base parlamentar de Lula, reeleito para um segundo mandato, e indicou Alfredo Nascimento para o Minist�rio dos Transportes. Mais tarde, comp�s a alian�a que elegeu a tamb�m petista Dilma Rousseff por dois mandatos.

Em 2019, o PR mudou novamente de identidade e voltou a se chamar PL.

O partido foi criado em 1985, logo ap�s o fim da ditadura militar. Seus fundadores provinham sobretudo de partidos que haviam sustentado o antigo regime, como o ent�o Partido Democr�tico Social (PDS, hoje PP), ou desertado no �ltimo minuto, como o Partido da Frente Liberal (PFL, hoje Democratas) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

� frente da nova sigla, destacavam-se pol�ticos como Afif Domingos, ex-secret�rio de Agricultura do governo Paulo Maluf, de S�o Paulo, e �lvaro Valle, dissidente do PFL do Rio de Janeiro. Em 1989, o PL lan�ou Afif � Presid�ncia, mas obteve apenas o sexto lugar entre 21 candidatos, com 3,2 milh�es de votos (4,8% do total).

O partido apoiou as candidaturas presidenciais de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1994 e Ciro Gomes (PPS) em 1998, mas chegou ao poder em 2002 ao emplacar o ent�o senador por Minas Gerais Jos� Alencar como vice de Lula.

Fundador do conglomerado t�xtil Coteminas, Alencar tivera uma passagem frustrada pelo PMDB nos anos 1990, tendo sido preterido por caciques tradicionais do partido em disputas pelo governo do Estado. Sua presen�a na chapa presidencial ao lado de Lula ajudou o candidato do PT a se tornar mais palat�vel a setores conservadores. Na pr�tica, a rela��o de Alencar com o PL, no qual era novato, permaneceu distante.

Nos �ltimos 10 anos, o PL consolidou-se como um dos pilares do Centr�o, bloco de partidos que domina a C�mara dos Deputados e serve de fiel da balan�a em vota��es decisivas na rela��o do Legislativo com o governo federal.

A sigla soma atualmente 43 deputados, atr�s apenas do PSL (54 parlamentares) e do PT (53). Os votos do PL foram fundamentais para a elei��o de Artur Lira (PP-AL) para a presid�ncia da C�mara, e o partido emplacou a deputada federal Fl�via Arruda (DF) como ministra-chefe da Secretaria de Governo.

"O movimento de Bolsonaro em dire��o ao PL � um casamento de conveni�ncia. Ele precisa de estrutura partid�ria e tempo de TV se quiser disputar com chances a reelei��o. Por outro lado, o PL e o Centr�o tamb�m buscam crescimento. Ser� dif�cil governar sem o Centr�o a partir de 2023", analisa Paulo Sergio Peres, professor do Programa de P�s-gradua��o em Ci�ncia Pol�tica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

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