
A ideia de Geraldo Alckmin como vice de Lula � daquelas tacadas de mestre do velho negociador que parece boa demais por sugerir vantagens para os dois lados.
Tem alto valor de face pelo que sugere, de resultado midi�tico imediato s� de ser anunciada e de enormes inc�gnitas sobre seus resultados pr�ticos al�m de S�o Paulo.
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O an�ncio, s� ele, esquentou o nome do ex-governador no notici�rio e lhe atraiu apoios e �dios inesperados, daqueles que s� ajudam a projetar quem precisa de proje��o.
Para Lula, a sinaliza��o instant�nea de seus altos prop�sitos de concilia��o, convers�o � centro-direita e disposi��o de vencer no primeiro turno, de forma a evitar o plebiscito que enfrentar� num eventual segundo.
Foi o melhor que podia ter escolhido para repetir sua estrat�gia de edulcorar sua chapa com um homem em tese de direita que sintetize tudo isso, como fez com sucesso com Jos� Alencar, em 2002.
Em termos pr�ticos, parece importante para rearranjar as for�as do PT em S�o Paulo. Furar a hegemonia do PSDB, que domina o Estado h� quase tr�s d�cadas.
Uma alian�a com o ex-governador ainda bem avaliado e de grande recall na popula��o o tiraria do p�reo para o governo do Pal�cio Bandeirantes e abriria possibilidades mais palp�veis para a candidatura de Fernando Haddad.
Uma grande concilia��o que galvanizasse a boa vontade da maioria do eleitorado paulista daria ainda enorme cacife de sa�da para a campanha, debilitada hoje no maior col�gio eleitoral do pa�s.
Fora de S�o Paulo, � s� inc�gnita que Alckmin possa oferecer mais do que imagem. Sendo um pol�tico marcadamente de S�o Paulo, de mais nenhuma influ�ncia no PSDB, tem quase nada a oferecer de estrutura partid�ria e influ�ncia sobre quadros do partido.
Para ele, � uma troca um tanto quanto desvantajosa. Deixa uma candidatura promissora ao governo estadual ou ao Senado, que garantiria seu reingresso no poder pol�tico do Estado, mesmo derrotado.
Iria para uma aventura figurativa que lhe daria proje��o pol�tica e todas as d�vidas sobre a possibilidade de ter algum poder dentro do novo governo, caso eleito com Lula.
Michel Temer est� a� para provar a m�quina de moer carne que � a tentativa de se pretender algum poder sendo estranho dentro da m�quina petista.
Comeu o p�o que Aloizio Mercadante amassou no governo Dilma. Passou mais figurativo do que era no primeiro mandato e foi totalmente inviabilizado e desmoralizado quando chamado por ela para assumir a coordena��o no in�cio tr�gico do segundo.
Dali saiu para articular o impeachment com o Eduardo Cunha e enfrentar todo o �dio do partido pelos anos seguintes.
Se a vida dos governantes petistas com o partido j� � altamente problem�tica, Temer � a prova viva do quanto pode ser tr�gica para algu�m que n�o � do time.
O boa pra�a Jos� Alencar n�o foi problema, n�o s� porque Lula sabe colocar espuma entre cristais. Mas porque tamb�m tinha mais o que fazer fora da pol�tica e nenhum interesse em ocupar espa�o na articula��o.
Gostava mesmo da figura��o. S�. Nas poucas vezes que substituiu Lula, fez do Pal�cio uma sala amig�vel para receber velhos amigos, n�o necessariamente envolvidos em pol�tica, e tirar fotos.
Geraldo Alckmin ganharia mais e daria os mesmos benef�cios a Lula se sa�sse a senador. Agregaria o apoio da campanha de Haddad e ofereceria a Lula, n�o s� seus votos, como a alian�a sinalizadora que se pretende.
Sem preju�zo tamb�m de que venha a ter influ�ncia num eventual governo Lula. Mas � dist�ncia, l� do Senado, como conv�m a quem ousa alguma aproxima��o com o partido de tenta��es historicamente hegem�nicas.
N�o � toa, a maior dificuldade da alian�a parece estar na tenta��o, bem ao jeito do partido, de pretender definir at� em qual o seu futuro aliado deve se filiar. Ao PSB, no caso.
� meio demais querer que esse velho social democrata enrustido, que o partido chamava de neoliberal por suas claras vincula��es com as ideias de mercado e de privatiza��o, vire um socialista desde criancinha.
Alckmin, que anda gostando da popularidade trazida pelas negocia��es com Lula, ficou todo entusiasmado quando paparicado e aplaudido em reuni�o recente com l�deres de centrais sindicais, que t�m tantas afinidades com suas ideias quanto com as de FHC, que combatiam ferozmente.
N�o sabe com quem est� lidando. Ser� melhor que, se pretende aceitar o convite de Lula, arranje logo outro partido mais com sua cara. PSD?
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