
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) fez um elogio a ex-governantes de esquerda da Am�rica do Sul nesta sexta-feira (10), dizendo que foram respons�veis pelo melhor per�odo j� vivido pelo continente.
A declara��o foi dada a uma pra�a de Maio lotada, em Buenos Aires, durante evento promovido pelo governo da Argentina para comemorar o dia dos direitos humanos.
Ele incluiu na lista de elogios o ditador venezuelano Hugo Ch�vez (morto em 2013) e ex-presidentes acusados de pr�ticas autorit�rias e antidemocr�ticas, como Rafael Correa (Equador) e Evo Morales (Bol�via).
Tamb�m mencionou os ex-presidentes socialistas chilenos Ricardo Lagos e Michele Bachelet, os uruguaios Tabar� V�zquez e Pepe Mujica, o paraguaio Fernando Lugo e os argentinos N�stor e Cristina Kirchner.
'Estes companheiros progressistas, socialistas, humanistas, fizeram parte do melhor momento de democracia da nossa p�tria grande, a nossa querida Am�rica Latina", disse Lula, num discurso em portunhol bastante aplaudido pela multid�o. Em alguns momentos, houve um coro de "ol�, ol�, ol�, ol�, Lula, Lula".
O ex-presidente tamb�m fez refer�ncias a institui��es multilaterais criadas pelos governos de esquerda da regi�o.
"De 2000 a 2012, governamos democraticamente todos os pa�ses da Am�rica do Sul, quando expulsamos a Alca [Alca de Livre Com�rcio das Am�ricas], firmamos o Mercosul e criamos a Unasul [Uni�o de Na��es Sul-Americanas] e a Celac [Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos]", disse ele.
Ao falar da Celac, ele disse ser "a melhor institui��o", porque abrigava Cuba e exclu�a EUA e Canad�.
O petista tamb�m fez um agradecimento especial ao presidente argentino, Alberto Fern�ndez, e a sua vice, Cristina, que mant�m uma rela��o tensa.
Ele comparou sua pris�o no Brasil aos processos judiciais enfrentados por ela. ""Quero agradecer a solidariedade que prestaram a mim na Argentina quando eu fui preso no Brasil. A mesma persegui��o que me colocou no c�rcere � a que Cristina foi v�tima", afirmou.
Sobre Fern�ndez, lembrou que ele foi visit�-lo na cadeia quando ainda era candidato a presidente, em 2019. "Por isso, em qualquer situa��o, este sr. de 76 anos, mas com energia de um jovem de 20, estar� ao seu lado", disse Lula, dirigindo-se ao presidente argentino.
Lula, que deve concorrer � Presid�ncia no ano que vem, foi uma esp�cie de convidado especial de uma s�rie de eventos promovidos pelo governo argentino com o tema dos direitos humanos.
O petista participou da entrega dos pr�mios Azucena Villaflor, no Museu do Bicenten�rio, anexo � Casa Rosada.
Estiveram presentes a l�der das Av�s da Pra�a de Maio, Estela de Carlotto, o pr�mio Nobel Adolfo P�rez Esquivel, e ministros da gest�o Fern�ndez.
Foi anunciada a cria��o de um espa�o para a mem�ria no Campo de Mayo, onde funcionou um dos principais centros clandestinos de tortura durante a ditadura militar.
Esquivel disse, em seu discurso, que espera que "nosso companheiro Lula seja eleito no ano que vem no Brasil pelo bem da Am�rica Latina". Foi aplaudido pela plateia composta de funcion�rios do governo e representantes de associa��es de direitos humanos.
O evento teve grande participa��o da milit�ncia, que come�ou a chegar � pra�a de Maio por volta do meio-dia, para participar do festival "Democracia para Sempre", promovido pelo governo argentino para festejar o dia internacional da democracia e dos direitos humanos.
Envoltos em bandeiras da Argentina com imagens do ex-presidente Juan Domingo Per�n e sua mulher Evita, carregando faixas de apoio ao governo de Fern�ndez e Cristina, os apoiadores come�aram a encher a pra�a onde foi montado um palco para shows.
Transformado em ato partid�rio, o evento tamb�m celebrou os dois anos da posse de Fern�ndez. Foram convocadas diversas entidades de militantes de esquerda, de defesa de direitos humanos e sindicatos. O evento recebeu cr�ticas de figuras da oposi��o, por usar o Estado para a propaganda pol�tica.
"A democracia argentina n�o � filha do peronismo, mas sim de todos os argentinos. N�o � leg�timo que queiram reescrever a hist�ria", disse o deputado Mario Negri (Uni�o C�vica Radical).
Apresentado como estrela do evento, Lula chegou a Buenos Aires no dia anterior, gravou um programa de televis�o e jantou na resid�ncia de Olivos com Fern�ndez e Cristina. Outro convidado do evento foi o ex-presidente uruguaio Jos� "Pepe" Mujica.
O l�der do movimento La C�mpora e filho de Cristina, o deputado M�ximo Kirchner, pediu aos militantes que "arrebentem a Pra�a de Maio para abra�ar a algu�m que, assim como Cristina, sofreu persegui��o da Justi�a, e que voltar� a ser presidente do Brasil".
Em entrevista publicada na sexta-feira pelo jornal P�gina12, Lula disse que "tanto o Brasil como a Argentina, a Bol�via e o Chile precisam de governos progressistas que envolvam os pobres na participa��o ativa da economia, para que possam ser consumidores e comprar coisas, assim como ter acesso � educa��o".
Segundo ele, a Am�rica Latina pode se recuperar. "Lamentavelmente, pessoas como N�stor Kirchner [Argentina] e Hugo Ch�vez [Venezuela] morreram, outras foram violentadas como Rafael Correa [Equador] e Dilma Rousseff, depois da viol�ncia do 'lawfare' contra mim, do golpe contra Fernando Lugo [Paraguai]. Os governos conservadores destru�ram tudo o que constru�mos para o bem-estar social de nossos povos", afirmou.