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Estado de Minas ENTREVISTA

'Dinheiro � a �ltima coisa que temos', diz governador Romeu Zema

Governador projeta 2022 com 'frutos' de anos anteriores e pensa na sua reelei��o


27/12/2021 04:00 - atualizado 27/12/2021 12:19

Romeu Zema
''Desde o primeiro dia de governo, o foco � arrumar a casa e equilibrar as contas. Em 2021, posso dizer que conseguimos colocar o trem em cima dos trilhos novamente'' (foto: Leandro Couri /EM/D.A Press - 08/04/21.)
Ap�s cinco anos de parcelamento dos sal�rios do funcionalismo, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), celebra ter conseguido, desde agosto, pagar os vencimentos no quinto dia �til. Embora diga abertamente que tentar� a reelei��o, afirma que as pessoas “n�o comem votos”. Por isso, garante estar focado nas necessidades do estado. Enquanto isso, as articula��es pol�ticas ficam a cargo de Igor Eto, secret�rio de Governo, que conversa com os partidos que pretendem estar na coliga��o liderada pelo Novo.

O governador assegura se amparar em pilares bem definidos: “determina��o”, “metas”, “m�todos” e “boa equipe”. “Se tivesse dependido de dinheiro, o estado teria afundado mais, porque dinheiro � a �ltima coisa que n�s temos”, diz em entrevista exclusiva ao Estado de Minas. “O pouco que temos, devolvemos aos prefeitos e ao funcionalismo, que foi lesado e ficou anos sem receber f�rias-pr�mio, ter acesso a empr�stimos consignados e a um plano de sa�de adequado”, emenda.



Zema projeta um 2022 melhor, com “frutos” dos exerc�cios anteriores. O tom otimista, por�m, deixa de transparecer no rosto do governador quando passa a falar, por exemplo, da rela��o com os deputados estaduais. Em meio a uma “guerra” judicial para anular a sess�o que congelou o valor do IPVA a n�veis pr�-pandemia e tentando viabilizar a ades�o � Recupera��o Fiscal para renegociar d�vidas junto � Uni�o, o pol�tico n�o poupa cr�ticas aos advers�rios.

“Tem gente que quer, e gosta, do que acontecia em Minas, quando as prefeituras estavam quebrando e o funcionalismo n�o era respeitado. Batia palmas para o governador que fazia isso e direciona, agora, sua metralhadora para o governador que est� corrigindo”, afirma, sem citar os nomes de quem lhe desagrada na Assembleia Legislativa – a rela��o com o presidente do Parlamento, Agostinho Patrus (PV), por exemplo, tem vis�veis sinais de desgaste. Fernando Pimentel (PT), ex-governador e outro alvo das palavras, tamb�m n�o � mencionado.

O que ser� prioridade do governo estadual em 2022? 
Nestes tr�s anos, posso dizer que os dois primeiros foram destinados a arar a terra, jogar sementes, adubar e irrigar. S� neste terceiro ano tivemos condi��o de colher alguns resultados do que fizemos em 2019 e 2020, anos muito dif�ceis. Desde o primeiro dia de governo, o foco � arrumar a casa e equilibrar as contas. Em 2021, posso dizer que conseguimos colocar o trem em cima dos trilhos novamente. Em agosto, voltamos a pagar o sal�rio no quinto dia �til, o que n�o acontecia desde 2015. Seis anos pagando atrasado. Pagamos o 13° em dia, integralmente, o que tamb�m n�o acontecia desde dezembro de 2015. Estamos pagando os munic�pios – parcelamento de Fundeb, IPVA e ICMS. J� pagamos 24 das 33 parcelas, pontualmente. Fizemos, h� dois meses, a renegocia��o da d�vida da sa�de, R$ 6,7 bilh�es que ser�o devolvidos a cidades do estado. O que temos em mente � continuar este governo que paga o que � de direito do povo mineiro, que hoje tem uma sa�de melhor e prefeituras com condi��es de investir mais em educa��o e infraestrutura, porque est�o recebendo tudo o que lhes � de direito.

Vamos, tamb�m, dar in�cio �s grandes obras devido ao termo de repara��o da trag�dia de Brumadinho. Iniciaremos a constru��o do Rodoanel e as obras dos hospitais regionais, que v�o revolucionar a sa�de em Minas. Estamos com mais de 35 frentes de recupera��o de rodovias, em todas as regi�es. Essas rodovias n�o recebiam nenhuma manuten��o, exceto tapa-buracos, h� mais de 10 anos. E, al�m disso, grandes investimentos na educa��o: 1,2 mil escolas reformadas, e o Trilhas de Futuro, que s�o 75 mil vagas de ensino profissionalizante para estudantes de ensino m�dio e adultos que queiram se qualificar. S�o diversas a��es que v�o continuar, mas posso adiantar que 2022 ser� o ano em que mais vamos colher os frutos do que plantamos, principalmente em 2019 e 2020.

A que o senhor atribui a alta rejei��o de Bolsonaro, que chegou a 60%, segundo o Datafolha? � vi�vel enxerg�-lo ao lado dele em um mesmo palanque na elei��o de 2022?
Para mim, elei��o � no segundo semestre de 2022. Meu foco, neste momento, � administrar Minas Gerais e resolver os grandes problemas que temos na seguran�a, na sa�de e na educa��o. Da mesma forma que antes em minha vida, n�o tenho acompanhado pol�tica, elei��o, at� porque est� muito distante. O mineiro n�o come votos. Se comesse, estaria muito empenhado em acompanhar. O mineiro come arroz e feij�o — e precisa de emprego. Meu grande trabalho, neste momento, � atrair mais investimentos para Minas, gerar empregos e melhorar a sa�de, grande preocupa��o do povo. Elei��o � reflexo do trabalho que voc� faz. Meu apoio � para o pr�-candidato do Novo (� Presid�ncia), Luiz Felipe d’�vila. Darei meu apoio a ele na �poca da campanha, porque, por ora, meu foco � continuar ao lado dos mineiros.

O vice-governador Paulo Brant se filiou ao PSDB em setembro. Os tucanos ainda n�o definiram se seguir�o com o Novo na busca pela reelei��o. O senhor j� pensa em quem quer ter de vice no pr�ximo pleito? Pretende fazer um esfor�o para repetir a dobradinha com Brant?
N�o tenho nenhuma restri��o a mudan�as de partido. Respeito o vice-governador Brant da mesma forma que sempre o respeitei. Ele tem sido um vice-governador que atua da forma mais �tica e competente poss�vel. Meu relacionamento com ele � excelente. Ele tem todo o direito (de mudar de legenda). O nosso partido (�) liberal, o Novo. Liberal vem de liberdade, e as pessoas precisam ter liberdade. Jamais queremos ser um partido que acorrenta as pessoas. Ele, com toda a certeza, teve os seus motivos. Nosso secret�rio de Governo, Igor Eto, tem conversado com diversos partidos, entre eles o PSDB. Mas tudo ainda est� muito prematuro. Estamos vendo diversas pessoas migrarem de um partido a outro neste momento. Essas chapas, essa constru��o, ser� feita daqui a quatro ou cinco meses. Temos de aguardar. Nosso secret�rio de Governo, que � quem acompanha isso, est�, de certa maneira, muito atento a todos esses movimentos e dialogando com todos. Teremos alian�as e coliga��es com os que quiserem defender uma Minas Gerais melhor, com mais empregos, melhorias na sa�de, menos mordomias e menos favores. � o que queremos. Uma gest�o p�blica mais s�ria, que devolva, ao pagador de impostos, servi�os melhores.

O que o senhor aprendeu como gestor p�blico nestes tr�s anos de uma experi�ncia at� ent�o in�dita na sua trajet�ria?
Aprendi que o estado de Minas estava abandonado. Uma coisa � uma fazenda mal gerenciada; outra, � uma fazenda em que o dono n�o aparece h� anos. Um estado que estava abandonado, como Minas Gerais, voc� n�o consegue reverter a situa��o em quatro ou oito anos. Vou ser candidato a um novo mandato, mas sei que oito anos n�o ser�o suficientes para consertar tudo o que temos de errado no estado. Aprendi que, com determina��o, boa equipe, como montamos, e metas e m�todos de trabalho voc� consegue fazer enormes mudan�as em um estado que sempre alegou que tudo � falta de dinheiro. Se tivesse dependido de dinheiro, o estado teria afundado mais, porque dinheiro � a �ltima coisa que n�s temos. O pouco que temos devolvemos aos prefeitos e ao funcionalismo, que foi lesado e ficou anos sem receber f�rias-pr�mio, ter acesso a empr�stimos consignados e a um plano de sa�de adequado. Estamos entregando o que muitos achavam imposs�vel.

E como est� sendo poss�vel?
Qualquer um que sabe fazer gest�o sabe que dinheiro � apenas uma parte da solu��o. � melhor um mestre de obras bom e R$ 500 mil para construir uma casa do que um mestre de obras meia-boca, fraco, e R$ 800 mil na m�o para construir. Com R$ 500 mil, fa�o algo melhor. � o que temos mostrado em Minas Gerais. Tem sido um aprendizado bom e, principalmente, uma satisfa��o muito grande. Estamos mostrando que � poss�vel ter uma pol�tica �tica e dife- rente. N�o tenho parentes ou amigos no estado. Selecionei as melhores pessoas para oferecer o melhor ao mineiro. � o que precisamos mudar no Brasil, porque aqui pol�tica virou sin�nimo de distribuir favores e dar emprego a parentes e amigos. N�o � desse jeito que vamos melhorar cidades, estados ou o Brasil.

O senhor pode apontar uma realiza��o e uma frustra��o de sua administra��o?
Realiza��es tivemos v�rias. Todos os indicadores, em nosso governo avan�aram. Sa�de: temos a menor taxa de mortalidade do Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Um estado quebrado. Mostramos que dinheiro n�o � o que resolve tudo. Educa��o: depois de oito anos com o Ideb estagnado, avan�amos. Devemos avan�ar de novo. Vai ser publicado no ano que vem nova avalia��o do Minist�rio da Educa��o. Seguran�a p�blica: somos o estado mais seguro do Brasil, o que mostra, mais uma vez, que n�o � dinheiro. Na atra��o de investimentos fizemos, talvez, o maior avan�o. A �ltima gest�o, em quatro anos, atraiu R$ 26 bilh�es em investimentos privados; s� neste ano, atra�mos R$ 100 bilh�es. No total, j� chegamos a R$ 192 bilh�es. Devemos fechar a gest�o com uma atra��o de investimentos, talvez, dez vezes o volume da gest�o passada. Isso demonstra que, com seriedade, voc� fala que tem credibilidade. Credibilidade atrai investimentos e empregos.

Minha frustra��o � que tem gente que n�o quer que isso aconte�a. Tem gente que quer, e gosta, do que acontecia em Minas quando as prefeituras estavam quebrando e o funcionalismo n�o era respeitado. Batia palmas para o governador que fazia isso e direciona, agora, sua metralhadora para o governador que est� corrigindo. N�o gosto de ningu�m; gosto de boas propostas. N�o quero que ningu�m apoie o governador Romeu Zema; quero que as pessoas apoiem o que � bom para o estado, que estamos propondo e fazendo.

Em outubro, o ministro Barroso, do STF, deu seis meses para MG aderir � Recupera��o Fiscal. Na Assembleia Legislativa, no entanto, muitos deputados se mostram temerosos com impactos do pacote �s pol�ticas p�blicas e ao funcionalismo. O que o governo tem em mente para convenc�-los a aprovar a ades�o?
Lamento muito que isso esteja acontecendo. Veja os casos do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. O Regime de Recupera��o Fiscal, ou o que chamo de plano de recupera��o econ�mica do estado, visa dar previsibilidade. O ministro Barroso disse que vai cobrar. De onde vamos tirar R$ 30 bilh�es para pagar o governo federal? O valor � at� superior a isso. Se voc� tem uma d�vida desse tamanho e o governo federal est� propondo 30 anos para pag�-la, de forma parcelada, em suaves presta��es, principalmente no in�cio, por que n�o aderir? O que aconteceu de ruim no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro? V� l� e pergunte aos governadores e aos outros poderes se foram impactados negativamente. Tenho certeza de que n�o.

Parece-me que aqui em Minas Gerais temos uma torcida que n�o gosta que o time ganhe. Uma torcida que quer que o estado continue dando errado. O que precisamos fazer � mudar essa mentalidade aqui. Estamos provando que � poss�vel, sim, reverter a situa��o do estado. Revertemos tudo o que estava ruim no estado. Nesses tr�s anos, todos os indicadores melhoraram. Temos de fazer essa ades�o. Se algu�m tiver uma proposta melhor, traga, que estamos abertos. O que n�o queremos � que a situa��o volte a ser como foi no passado. N�o podemos retroceder. Esse � meu grande temor. Parece-me que tem gente que se incomoda com o nosso governo dar certo. O �nico motivo que existe � esse.

H� deputados que defendem um grande semin�rio para debater a Recupera��o Fiscal, como � �poca da reforma da Previd�ncia. O governo se op�e a isso?
Estamos abertos a dar todas as informa��es. Temos o Assembleia Fiscaliza, feito para nosso governo. Nossos secret�rios est�o indo constantemente � Assembleia. Acho que nunca, em Minas, tivemos um governo em que os secret�rios foram tanto � Assembleia Legislativa. N�o � por falta de esclarecimento. Na minha opini�o, � por falta de vontade.

O senhor falou em ‘torcida contra’ e inc�modo com o governo ‘dar certo’. Pode citar nomes de quem comp�e esse grupo?
Nome eu n�o sei. Voc� (rep�rter) que � comentarista pol�tico � que precisa estar acompanhando. N�o tenho tempo para acompanhar o trabalho legislativo, infelizmente. Mas voc� sabe que alguns partidos s�o contr�rios ao que d� certo em Minas. Temos deputados que aplaudiam e soltavam foguetes para o governo anterior, que estava destruindo o funcionalismo p�blico. Agora que estamos fazendo o certo, eles t�m direcionado a metralhadora para n�s. Parece-me que esse pessoal gosta do que d� errado. Quanto pior, melhor.

O governo judicializou a vota��o do congelamento do IPVA, aprovado pelos deputados antes da Recupera��o Fiscal. A postura gerou, em alguns parlamentares, a desconfian�a de que o IPVA acabou utilizado para apress�-los a votar o RRF. Como o senhor recebe esse tipo de an�lise?
O Regime de Recupera��o Fiscal est� na Assembleia desde o in�cio de 2019. Vai completar tr�s anos a primeira vers�o que enviamos. Pergunta: que dia isso foi a alguma comiss�o para ser analisado?. Nenhum dia. S� colocamos regime de urg�ncia porque esse processo n�o se movia na Assembleia. Agora, querer colocar que estamos fazendo ‘jogo pol�tico’ n�o � meu perfil. Gosto de fazer o que � certo. Agora, tem gente que se acostumou, em Minas, com a politicagem e, talvez, esteja interpretando que jogo esse mesmo jogo. Estou querendo fazer o que � melhor para o mineiro.

Neste m�s, o senhor publicou que havia quitado o 13°; no m�s passado, o sal�rio. Na semana passada, Alexandre Kalil afirmou que posts anunciando o pagamento de sal�rios s�o ‘falta do que tuitar’. O que pensa dessa declara��o do prefeito de BH?
Voc� tem de perguntar a ele. Trato todos os 853 prefeitos de forma muito civilizada. Talvez o que n�s estejamos fazendo n�o lhe agrade. Paci�ncia. Nem Jesus agradou a todos. Posso dizer que a maioria dos prefeitos est� muito satisfeita com a nossa gest�o. Talvez ele goste de quem n�o pague a prefeitura, porque j� devolvemos � Prefeitura de Belo Horizonte R$ 430 milh�es que o �ltimo governador tirou. Talvez ele goste de caloteiro. N�o � esse o meu perfil. Gosto de honrar o que fa�o.

O senhor foi eleito pregando a diminui��o da m�quina p�blica. Como anda o seu plano de privatizar empresas como a Cemig e a Codemig? O que � prioridade no tema?
O plano de privatiza��es continua de p� e, de certa maneira, ficou suspenso porque tivemos uma pandemia no meio do caminho, que paralisou todos os processos. Estamos tendo uma s�rie de prioridades, mas queremos, inicialmente, privatizar a Codemig, uma empresa menos conhecida, que n�o tem impacto t�o grande quanto Cemig e Copasa.

E com rela��o � Cemig e Copasa?
A Cemig � exemplo de estatal que n�o d� certo: onde vou em Minas, vejo dificuldades de empresas que querem mais energia e produtores rurais que n�o conseguem produzir mais porque a empresa n�o consegue entregar energia suficiente. Isso s� aconteceu porque a empresa, nos �ltimos anos, foi utilizada de forma pol�tica, e n�o aplicou recursos em Minas Gerais. Foi investir no Rio de Janeiro, Light; Renova, na Bahia; e Belo Monte e Santo Ant�nio, no Par� e em Roraima. E os mineiros, zero. Hoje, a Cemig tem boa parte de suas linhas de transmiss�o e distribui��o sucateadas. Estamos correndo atr�s. Ela est� executando o maior plano de investimentos da hist�ria, R$ 22 bilh�es, mas se amanh� tivermos algu�m � frente do estado querendo fazer politicagem e coisa errada, essa situa��o vai se repetir. A Cemig � uma das �ltimas empresas de energia do Brasil nas m�os do estado. � algo que precisa ser feito. O mineiro n�o merece o que aconteceu com ele em rela��o � energia el�trica.

No saneamento, � semelhante. Onde vou, (h�) reclama��o de tarifa alta e servi�o prestado de forma inadequada. Nada melhor que o setor privado concorrendo para poder melhorar a situa��o. O que queremos � o mineiro sendo mais bem atendido. Para mim, privatiza��o e estatiza��o s�o a mesma coisa. Quero o melhor, e o melhor est� provado: � estar na m�o do setor privado. E o estado usar o recurso para construir hospital. As pessoas n�o comem ou injetam energia el�trica na veia, mas precisam de rem�dio e tratamento. Temos de investir no que � prio- rit�rio. O setor privado pode investir em energia; o estado tem de investir em sa�de.


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