
A postura do presidente Jair Bolsonaro de manter as f�rias em Santa Catarina, enquanto milhares de pessoas sofrem com inunda��es na Bahia, tem sido alvo de cr�ticas generalizadas, que incluem at� aliados do governo. A hashtag "#BolsonaroVagabundo" est� nos trending topics do Twitter desde ter�a-feira.
A avalia��o de apoiadores do presidente � de que ele deveria agir o mais rapidamente poss�vel para diminuir os impactos da trag�dia e que a presen�a dele nas �reas atingidas seria um alento para as v�timas, al�m de uma demonstra��o de empatia.
A atitude de Bolsonaro deu ainda mais muni��o a opositores do governo. O l�der da minoria na C�mara, Marcelo Freixo (PSB-RJ), apontou falta de "compaix�o" em Bolsonaro. "N�o � s� omiss�o e irresponsabilidade, � falta de compaix�o e de amor ao pr�ximo. Quase 500 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas na Bahia, 20 brasileiros morreram e 77 mil est�o desabrigados ou desalojados de suas casas. E onde est� o presidente da Rep�blica?", questionou.
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O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) afirmou que "o problema do Brasil n�o � ideologia, mas, sim, honestidade e compet�ncia". "Bolsonaro me obriga a incluir outro problema: a absoluta falta de respeito e empatia. S� nas ditaduras mais escrotas se viu um governante curtindo f�rias em meio a uma trag�dia nacional", disparou nas redes sociais.
Do outro lado, integrantes do governo sa�ram em defesa do presidente e tentaram diminuir o impacto negativo das cr�ticas. Ministros como Fabio Faria (Comunica��es), Gilson Machado (Turismo), Marcelo Queiroga (Sa�de), Tarc�sio de Freitas (Infraestrutura), Anderson Torres (Justi�a) e Jo�o Roma (Cidadania) enalteceram a��es do governo federal nas �reas atingidas. O Minist�rio da Defesa publicou v�deos em que as For�as Armadas ajudam no resgate de pessoas e na doa��o de mantimentos para os desabrigados.
Natural da Bahia, Roma agradeceu ao chefe do Executivo e a Queiroga por refor�os na sa�de p�blica. "Por determina��o do presidente Jair Bolsonaro estamos refor�ando as a��es do governo nas �reas atingidas pelas chuvas. Sobretudo, � importante redobrar a aten��o na quest�o da sa�de p�blica. Agrade�o, portanto, ao ministro Marcelo Queiroga pelo empenho", destacou.
Quatro ministros est�o nos munic�pios impactados pelas chuvas: al�m de Roma e Queiroga, Rog�rio Marinho (Desenvolvimento Regional) e Damares Alves (Mulher, Fam�lia e Direitos Humanos). Em entrevista coletiva, Marinho tamb�m defendeu o chefe.
"O presidente foi � Bahia e foi criticado. O presidente mandou os ministros e foi criticado. Acho que, se o presidente descobrir a cura do c�ncer, vai ser criticado", ironizou. Ele fez refer�ncia a uma visita de Bolsonaro ao estado cerca de duas semanas atr�s, na primeira sequ�ncia de temporais, que tamb�m devastou munic�pios.
Na �ltima ter�a-feira, o chefe do Planalto assinou uma medida provis�ria destinando R$ 200 milh�es para as �reas atingidas. No entanto, o documento prev� R$ 80 milh�es do montante a estados do Nordeste, o que � insuficiente, segundo o governador da Bahia, Rui Costa (PT). O petista est� no sul do estado para atender v�timas da cat�strofe e alfinetou o presidente da Rep�blica. "Governar � cuidar de gente e n�o h� como fazer isso longe das pessoas", frisou.
Impacto na elei��o
Segundo especialistas, as imagens de Bolsonaro aproveitando as f�rias, a despeito da trag�dia das inunda��es, ser�o muni��o pol�tica contra ele. "� claro que a oposi��o vai utilizar todas essas imagens e, principalmente, a frase do presidente, quando ele diz: 'Espero n�o ter de retornar ao trabalho antes'", ressaltou o cientista pol�tico Valdir Pucci. "Ou seja, o presidente passa a imagem de n�o estar se importando com nada no pa�s, com nada que vem acontecendo, como crises econ�mica, social e pol�tica, al�m desta agora, a humanit�ria, pela qual passa o estado da Bahia. N�o existe opositor maior ao governo Bolsonaro do que o pr�prio presidente."
Andr� C�sar, s�cio da Hold Assessoria Legislativa, lembrou que o desastre natural torna ainda mais catastr�fica a crise social vivida no pa�s, agravada pela fome e pela infla��o. O especialista destacou que, nas elei��es de 1998, a disputa entre Eduardo Azeredo e o ex-presidente Itamar Franco pelo governo de Minas Gerais teve como fator determinante a diferen�a nas a��es ap�s um temporal no estado.
"Houve uma situa��o parecida com a que acontece, hoje, na Bahia, antes das elei��es. O governador de Minas Gerais na �poca, Eduardo Azeredo, estava de f�rias e ia disputar a reelei��o contra Itamar Franco. O ex-presidente sobrevoou as �reas atingidas, conversou com a popula��o, e isso foi usado na campanha", comentou. "Pegou muito mal para Azeredo e foi considerado uma das causas da derrota dele para o Itamar naquela elei��o. Ent�o, possui valor simb�lico, e isso pode ser usado contra o Bolsonaro no pr�ximo pleito."