
"Quando o projeto foi sabotado pelo atual presidente da Rep�blica, porque ele temia avan�os de investiga��es sobre coisas erradas feitas por ele e pela fam�lia dele, isso enfraqueceu o combate � corrup��o", afirmou, em entrevista, ontem, � R�dio CBN Caruaru. "Eu permaneci no governo enquanto pude, lutando por essa pauta, at� que o presidente me atropelou e trocou o diretor da Pol�cia Federal."
A estrat�gia de Moro de atacar o governo � minimizada por parlamentares apoiadores do Executivo. O deputado federal Bibo Nunes (RS- PSL), por exemplo, afirmou que a candidatura do ex-juiz � "natimorta". "Ele n�o tem espa�o nenhum. A disputa ser� entre Lula e Bolsonaro", frisou o parlamentar, em rela��o ao l�der das pesquisas de inten��o de voto, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, e ao segundo colocado, o atual chefe do Executivo. "Ningu�m da esquerda tem mais carisma do que Lula e ningu�m da direita tem mais carisma do que Bolsonaro. Moro vai ser dilu�do. Para n�s, ele � tido como um traidor e ingrato."
Para o cientista pol�tico R�cio Barreto, a inten��o de Moro � tirar do presidente o lugar no segundo turno. "Ele n�o tem condi��es de ultrapassar Lula, ent�o, tenta derrubar Bolsonaro", disse. O especialista enfatizou que a parcela do eleitorado a ser conquistada pelo ex-juiz � formada por aqueles que n�o acreditam na inoc�ncia de Lula e n�o aprovam a gest�o do atual governo. "Por isso, o bombardeio dele � no Bolsonaro, para conquistar os votos que o presidente ainda tem."
Na avalia��o do cientista pol�tico Ismael Almeida, o caminho para Moro chegar � segunda fase do pleito passa por uma mudan�a de discurso, colocando Lula e o Supremo Tribunal Federal (STF) como seus principais alvos. "Acredito que ele teria chances de avan�ar ao segundo turno se ajustasse o discurso dele, focando as cr�ticas em Lula e no STF. Porque ele n�o tem como crescer no eleitorado de esquerda, ent�o, acaba s� tendo chances de realmente competir nas elei��es se conquistar os votos da centro-direita e dos mais conservadores, bolsonaristas", destacou.
Almeida classificou como arriscada a t�tica de Moro de intensificar os ataques a Bolsonaro, j� que integrou a atual gest�o. "Quando voc� ataca um governo do qual fez parte, o eleitorado pode encarar esse discurso como uma contradi��o", avaliou.
Programas sociais
Na mesma entrevista, Moro atacou os programas sociais tanto de Bolsonaro quanto de Lula, classificando-os como "explora��o pol�tica da pobreza". "Queremos fazer algo diferente. A gente n�o pode explorar politicamente a pobreza das pessoas com programas de aux�lio ou transfer�ncia de renda. O que a gente v� neste governo, e no de antes, � a explora��o da pobreza do povo para fins eleitorais", disparou.
Moro ainda defendeu que o programa de transfer�ncia de renda brasileiro volte a se chamar Bolsa Escola, nome dado ao ser implementado pelo governo de Fernando Henrique Cardoso em 2001. O benef�cio pagava uma bolsa mensal �s fam�lias de jovens e crian�as de baixa renda como est�mulo para que frequentassem as aulas regularmente. Mais tarde, durante o governo Lula, o Bolsa Escola foi aglutinado aos programas cart�o-alimenta��o e aux�lio g�s, dando origem ao Bolsa Fam�lia. Agora, Bolsonaro o transformou em Aux�lio Brasil.
Na opini�o do ex-juiz, os programas devem ser mantidos, mas com uma atua��o mais individualizada contra as causas da pobreza. "Estou falando em fazer isso em forma de uma ag�ncia nacional, fora da pol�tica partid�ria, como uma for�a-tarefa com o objetivo de identificar quem s�o as pessoas que mais precisam. Combater as causas da pobreza para resgatar essas pessoas com dignidade e sem explora��o pol�tica", sustentou.
Na terceira coloca��o em pesquisas de inten��o de voto, Moro tenta fazer a campanha decolar, mas tornou-se alvo de ataques, nos �ltimos meses, por causa dos servi�os prestados ao escrit�rio Alvarez & Marsal ap�s deixar o Minist�rio da Justi�a. A consultoria americana atende empreiteiras investigadas pela Opera��o Lava-Jato, da qual ele foi o juiz respons�vel pelos casos. Por isso, o Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) apura se houve conflito de interesses. Questionado pela Corte sobre os rendimentos que obteve na empresa, Moro prometeu divulgar, hoje, os valores recebidos.
*Estagi�rios sob a supervis�o de Cida Barbosa
