
Bras�lia – Todos os olhares se voltam para os pr�-candidatos � sucess�o no Pal�cio do Planalto, mas, nos bastidores, h� uma outra campanha em curso e ainda distante das redes sociais e das declara��es dos presidenci�veis. Ela mira outras duas cadeiras tamb�m essenciais para quem sair eleito das urnas, as presid�ncias da C�mara dos Deputados e do Senado.
O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva trabalha abertamente para fechar uma federa��o partid�ria de esquerda e tamb�m busca viabilizar um bom tr�nsito com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Caso venha a trazer o PSD para o seu arco de alian�as, como vem negociando, Lula pode defender a reelei��o de Pacheco na chefia do Senado. Sem o apoio formal do PSD, o petista teria como op��o o aliado de primeira hora do MDB, Renan Calheiros (MDB-AL).
Aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), o bloco parlamentar batizado de Centr�o tem entre seus expoentes o presidente da C�mara, Arthur Lira, que tem garantido tramita��o de projetos de interesse do Planalto e dificultado temas que desagradam o governo. A alian�a � considerada fundamental como sustenta��o pol�tica de Bolsonaro.
Na semana passada, mais um encontro entre Lula e o presidente do PSD, Gilberto Kassab, foi realizado em S�o Paulo. Entre os pontos discutidos, foi abordada a possibilidade de a legenda apoiar a candidatura petista j� no primeiro turno. Lula afirmou, em outra ocasi�o, que esse seria o cen�rio ideal para sua candidatura, o que poderia envolver, inclusive, a vice-presid�ncia entregue ao partido aliado.
Para o deputado federal S�rgio Britto (PSD-BA), o di�logo de Kassab com Lula � “muito importante” e vem sendo conduzido “com maestria”. “Eu particularmente, se apoiarmos o presidente Lula na Bahia, sou muito favor�vel a esse di�logo. O Kassab precisa ter muita tranquilidade, porque n�s sabemos que dentro do pr�prio PSD ainda h� pessoas divididas. Tem estados que apoiam o presidente atual, e outros que apoiam o presidente Lula”, afirmou.
O parlamentar v� com bons olhos a busca pelos partidos de centro que Lula faz. “Ele � um homem experiente, preparado. Eu consigo separar o Lula do PT. Eu acho que o Lula tem mais habilidade de dialogar do que o pr�prio partido dele, tem outra vis�o de estado, de pa�s, do que o PT”, avaliou o deputado.
Os emedebistas admitem possibilidade de conversas. O deputado federal Jo�o Marcelo (MDB-MA) diz que o “namoro � para depois”, mas que negocia��es sempre ocorrem. “N�o � hora de falar de alian�a. De conversar, com certeza, Lula tem todo o nosso respeito. N�s temos a nossa presidenci�vel (a pr�-candidata � a senadora Simone Tebet), mas claro que as conversas sempre continuam porque tudo pode acontecer”, afirmou o parlamentar.
O deputado federal Herc�lio Diniz (MDB-MG) acredita que essa constru��o de Lula mais ao centro � necess�ria, e n�o descarta uma aproxima��o maior do PT com a agremia��o. “J� teve no passado, depois houve um afastamento. Mas a� o Lula vai ter que ceder, vai ter que aceitar a constru��o. N�o podemos destruir o que foi feito, s� aperfei�oar”, defendeu.

Tais di�logos com os partidos de centro s�o decisivos para a aprova��o de projetos e mudan�as efetivas. “Todo presidente quando eleito precisa pensar na maioria. Historicamente no Brasil, desde 1988 at� a �ltima elei��o, nenhum presidente conseguiu conquistar sozinho a maioria das cadeiras”, explicou a doutoranda em Ci�ncia Pol�tica pela Universidade de S�o Paulo (USP) e pesquisadora do Centro Brasileiro de An�lise e Planejamento (CEBRAP).“Todo partido que for eleito, independente se for de esquerda ou de direita, vai precisar negociar com o centro. S� partidos de direita ou esquerda n�o formam maioria legislativa”, ressaltou.
Cobi�a
A movimenta��o de Lula passa tamb�m pelo controle das casas legislativas. A professora da Escola de Pol�ticas P�blicas e Governo da FGV Graziella Testa destaca dois motivos para definir o porqu� desse dom�nio ser importante para o chefe do Executivo: estar pr�ximo de quem fiscaliza o governo e manter o tr�nsito para aprova��o de projetos de governo.
''Est� na m�o do presidente da C�mara dos Deputados decidir se vai ser aberto ou n�o o processo do impeachment. A segunda dimens�o � a de projeto de governo''
Gaziella Testa, professora da Escola de Pol�ticas P�blicas e Governo da FGV
“O primeiro e mais flagrante, que � o que acho que mais motivou o presidente Jair Bolsonaro que, no primeiro momento n�o tinha grandes ambi��es de apoio parlamentar, mas em certo ponto do mandato ele decidiu, � que � pelo Congresso que ocorre a cobran�a e fiscaliza��o do Poder Executivo. Est� na m�o, por exemplo, do presidente da C�mara dos Deputados decidir se vai ser aberto ou n�o o processo do impeachment. A segunda dimens�o � a de projeto de governo. � preciso apoio do Congresso para passar uma s�rie de regulamenta��es e leis”, detalhou a professora.
Racha no PSDB
Aliados, hoje, ao presidente Bolsonaro, caciques importantes e que integram a linha de frente do centr�o, – o bloco parlamentar de apoio ao governo – tamb�m admitem se sentar para conversar com o ex-presidente Lula, que tamb�m almeja ampliar a bancada do PT de 53 para 80 deputados a partir das articula��es nos estados. A federa��o poderia eleger entre 180 e 220 deputados.
Em meio � confus�o, o PSDB come�ou a rachar e parte da legenda amea�a n�o apoiar o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria, que venceu as pr�vias partid�rias para concorrer ao Pal�cio do Planalto pela agremia��o. Grupos aliados de Geraldo Alckmin, ex-tucano e ainda sem legenda, amea�am seguir o ex-governador paulista para apoiar o PT.
O deputado federal Alexandre Frota (PSDB/RJ), confirmou o racha e a disputa interna declarada. “O PSDB n�o � de desistir de nada, mas temos um partido rachado atualmente, confuso, que precisa voltar a ser protagonista. Por�m, para isso, algumas coisas precisam mudar”, disse.
O parlamentar ainda afirma que, al�m de Lula, existem aqueles que defendem uni�o com Bolsonaro. “Se tem desist�ncia n�o sei, mas existem os que n�o aceitam a derrota ou a vit�ria do Doria. Ele foi escolhido democraticamente nas pr�vias e isso � o que vale. Mas tem a ala PSDB Bolsonarista que vota e gosta do Bolsonaro. N�o posso fazer nada. Em rio de piranha, jacar� nada de costas”, disse. Frota ironizou a alian�a tucana com o PT. “Deve ser muito dif�cil para o 'dr' Alckmin morrer no PT, mas n�o vejo outra alternativa para ele. Mas Lula n�o precisa do Alckmin”, ressaltou.