
A Justi�a do Distrito Federal recebeu a den�ncia do Minist�rio P�blico do Distrito Federal e Territ�rios (MPDFT) contra Frederick Wassef, ex-advogado da fam�lia Bolsonaro. Ap�s tornar-se r�u, o acusado responder� pelos crimes de inj�ria racial, vias de fato e racismo. Em outubro de 2020, ele foi denunciado por ofender uma gar�onete de 18 anos, na pizzaria de um shopping do Lago Sul.
Na den�ncia enviada pelo MPDFT � Justi�a e obtida pelo Correio Braziliense, a promotora Mariana Silva Nunes, do N�cleo de Enfrentamento � Discrimina��o (NDH), pede que Wassef indenize a v�tima em R$ 20 mil, para repara��o de preju�zos pessoais, e em R$ 30 mil, a t�tulo de danos morais coletivos. Essa segunda quantia ser� revertida a institui��o que atua no combate � discrimina��o racial, a ser indicada pelo Minist�rio P�blico.
A promotora exige, ainda, que o acusado participe do curso Conscientiza��o para Igualdade Racial, ministrado pelo MP em parceria com a Universidade de Bras�lia (UnB). "Diante do acima exposto, notadamente em raz�o da gravidade em concreto do presente caso, em que a v�tima, de apenas 18 anos, foi humilhada e ofendida pelo denunciado de forma reiterada, o N�cleo de Enfrentamento � Discrimina��o do MPDFT manifesta-se no sentido de que os instrumentos de justi�a consensual n�o s�o necess�rios e suficientes para reprova��o e preven��o dos crime", diz trecho da den�ncia.
Nesta quinta-feira (17/2), o juiz Omar Dantas Lima, da 3ª Vara Criminal de Bras�lia, recebeu a acusa��o, e a defesa do advogado ter� 10 dias para se pronunciar.
Acusa��o
O MPDFT detalha que, em outubro de 2020, Wassef esteve na Pizza Hut do shopping P�er 21 e teria dito � gar�onete: "N�o quero ser atendido por voc�. Voc� � negra, tem cara de sonsa e n�o vai saber anotar meu pedido". Na sequ�ncia, o advogado teria segurado o bra�o da v�tima e a arrastado at� o balc�o da cozinha do estabelecimento.
A jovem teria continuado a atender o acusado e explicado os tamanhos das pizzas com as caixas vazias do mostru�rio. No entanto, Wassef manteve as humilha��es, jogou os objetos no ch�o e falou para que a funcion�ria os recolhesse.
No m�s seguinte, em novembro, Wassef retornou ao restaurante e, novamente, teria ofendido outra atendente. Ele disse, segundo a den�ncia, que a pizza estava "uma merda". Em seguida, perguntou se a funcion�ria havia comido a refei��o. Insatisfeito com a resposta negativa, o acusado teria respondido: "Voc� � uma macaca. Voc� come o que te derem".
"O comportamento do denunciado reproduz a perversa divis�o dos seres humanos em ra�as, superiores ou inferiores, resultante da cren�a de que existem ra�as ou tipos humanos superiores e inferiores. Nesse sentido, ele afirma n�o desejar ser atendido por uma pessoa negra, humilha a atendente negra e chama de 'macaco(a)', express�o que tem sido historicamente utilizada no Brasil como uma ofensa direcionada especificamente �s pessoas negras, destinada a refor�ar o estere�tipo de sua subalternidade social, tratando-se, claramente, de uma ofensa � honra que faz refer�ncia � cor e ra�a da v�tima. O denunciado afirma, ainda, que 'servi�ais', pertencentes a uma classe inferior, n�o deveriam se dirigir � classe superior, a que ele julga pertencer", argumenta a acusa��o.
Defesa
Ao Correio, Wassef negou as acusa��es, afirmou que houve "fraude processual" e disse tratar-se de caso de "denuncia��o caluniosa". "Jamais proferi ofensa a quem quer que seja. Isso n�o existe. Querem que o falso depoimento seja transformado em um esc�ndalo para me destruir. Sou v�tima de denuncia��o caluniosa. A pol�cia nunca me ouviu. Ignorou tr�s peti��es em que pedi para ser ouvido, para mostrar que sou v�tima de crime. Em vez de oferecer den�ncia, devolveram o inqu�rito. A pol�cia n�o fez nada e engavetou meu inqu�rito. Houve, ainda, troca de promotora, que ofereceu den�ncia sem existir nada nos autos", afirmou.
O r�u completou: "O objetivo � fazer a den�ncia para vazar para a imprensa e massacrar a imagem de Frederick Wassef. A den�ncia foi oferecida ontem (quarta-feira), recebida hoje (quinta-feira) no fim da tarde. Existe ocorr�ncia em que denuncio crime de denuncia��o caluniosa. A menina n�o � negra. A promotora Mariana (Silva Nunes) simplesmente passou por cima do pr�prio MP e ofereceu a den�ncia".
Consultada pela reportagem, o advogado do acusado, Cleber Lopes, tamb�m se posicionou. "A defesa de Frederick Wassef est� perplexa com a den�ncia oferecida pelo Minist�rio P�blico, pois havia dilig�ncias pendentes no inqu�rito, que eram, como de fato s�o, absolutamente relevantes para o esclarecimento da verdade, as quais mostrariam sua inoc�ncia (do r�u). Isso viola a garantia constitucional de defesa, pois o inqu�rito n�o pode ser apenas um instrumento que busque incriminar algu�m. Iremos aos tribunais para resgatar a Constitui��o", enfatizou, em nota.