Federa��o PT-PSB-PCdoB-PV n�o descarta Kalil e mira construir bancada forte
Alian�a � esquerda � a mais avan�ada, mas partidos, como PSDB, enxergam coaliz�es como forma de unificar deputados e melhorar atua��o no Legislativo
Acordo entre partidos de esquerda pode dar apoio ao prefeito
de BH, Alexandre Kalil (PSD) (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press
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Da direita � esquerda, partidos debatem a possibilidade de formar federa��es. As coaliz�es, se oficializadas, dever�o atuar em bloco por quatro anos – inclusive no Congresso. No plano nacional, o debate mais avan�ado � protagonizado por PT, PSB, PCdoB e PV, que se articulam por um ajuntamento em torno da candidatura de Luiz In�cio Lula da Silva � presid�ncia da Rep�blica.
Em Minas Gerais, petistas, comunistas, pessebistas e verdes trabalham por um palanque de oposi��o a Romeu Zema (Novo). Interlocutores ligados ao grupo, inclusive, demonstram simpatia � possibilidade de apoiarem Alexandre Kalil (PSD) caso ele resolva renunciar � Prefeitura de Belo Horizonte para tentar o governo.
MDB, PSDB e Uni�o Brasil, legenda fruto da fus�o do DEM ao PSL, tamb�m conversam. Os tucanos, ali�s, est�o na mira do Cidadania, que aprovou a possibilidade de uni�o – criticada pelo deputado estadual Jo�o V�tor Xavier, presidente do diret�rio mineiro. Nas fileiras estaduais da Uni�o, tamb�m h� d�vidas sobre o sentido de uma agremia��o rec�m-formada se federar a outra.
Na quinta-feira, o presidente do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP), publicou nas redes sociais que legenda n�o participar� de federa��es neste ano, mas que segue conversando sobre candidatura � Presid�ncia da Rep�blica. “Comuniquei aos diret�rios estaduais, senadores e deputados que nosso partido n�o far� nenhuma federa��o para as elei��es de 2022”, publicou
Enquanto isso, no PSDB mineiro, a ideia � esperar o veredicto nacional para definir os rumos. Apesar das diferen�as ideol�gicas e dos entraves pr�-nupciais, dirigentes partid�rios t�m opini�es parecidas em um aspecto. Isso porque, para v�rios dos ouvidos pelo Estado de Minas, as federa��es podem ajudar a formar bancadas legislativas fortes e coesas.
Representantes da alian�a � esquerda creem que as legendas podem caminhar juntas em Minas, mesmo que a federa��o formal n�o saia do papel. A avalia��o � que os partidos carregam hist�rico de boas rela��es – em 2018, PT e PSB formaram chapa de deputados estaduais e federais, por exemplo. As duas siglas, mais o PCdoB, comp�em o bloco de oposi��o a Zema na Assembleia Legislativa. O presidente do Parlamento, Agostinho Patrus, do PV, recorrentemente questiona posi��es do governo estadual.
“Queremos trabalhar, como prioridade principal, a elei��o de Lula. A t�tica no estado vamos construir de maneira conjunta — seja uma candidatura pr�pria pela federa��o, seja apoio a outra candidatura”, diz o deputado estadual Cristiano Silveira, presidente do diret�rio petista. “Estamos dispostos a embarcar em uma candidatura que seja fora da federa��o, mas que esteja no campo progressista e seja o palanque do presidente Lula no estado”, corrobora Osvander Valad�o, dirigente dos verdes.
Pr�-candidaturas
Dentro do grupo, h� duas pr�-candidaturas postas, ambas vindas do PT: o prefeito de Te�filo Otoni, Daniel Sucupira, e o ex-prefeito de Betim, J�sus Lima – visto com menos for�a para se cacifar. � na possibilidade de apoiar um nome externo � federa��o que Kalil aparece. Sob reservas, interlocutores afirmam enxergar gestos de aproxima��o do prefeito de BH a Lula.
Al�m do palanque ao ex-presidente, eventual acordo precisa passar pela incorpora��o de propostas defendidas pela coaliz�o. “Vai depender de Kalil abrir o canal de negocia��o com a federa��o no que diz respeito ao programa que est� pensando para o estado. E, tamb�m, o posicionamento pol�tico que ter� em rela��o ao cen�rio nacional. N�o vejo nenhum empecilho em a federa��o apoiar Kalil, mas tamb�m n�o vejo como autom�tico o apoio da federa��o a ele”, explica Wadson Ribeiro, presidente do PCdoB em Minas e ex-deputado federal.
Para outras fontes consultadas pelo EM, Kalil, embora n�o tenha batido o martelo sobre disputar o governo, �, neste momento, o nome mais fact�vel para liderar oposi��o a Zema. Por isso, seria preciso concentrar energias nele em vez de lan�ar uma esp�cie de terceira via. H�, ainda, quem acredite que, neste momento, a diferen�a entre o prefeito de BH e Zema, vista nas sondagens de inten��o de voto, pode acabar “empurrando” o pessedista ao polo de Lula.
Ex-tucano, o deputado estadual Jo�o V�tor Xavier (Cidadania) � contra a uni�o entre seu partido e o PSDB (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press %u2013 11/5/21
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Uma eventual uni�o ao centro gera dissid�ncias
No ninho tucano, a palavra de ordem � cautela. O partido tem Paulo Brant, vice-governador de Zema, e n�o descarta dar continuidade � alian�a ao Novo, iniciada em 2019, na forma��o da gest�o estadual. Apesar disso, o deputado federal Paulo Abi-Ackel, presidente do PSDB no estado, prefere esperar o desenrolar das conversas. “Se a federa��o der certo, h� a possibilidade de termos uma forte candidatura � presid�ncia da Rep�blica. Esse fato poder� impactar fortemente nos estados”, pontua.
A aprova��o do Cidadania a poss�vel federa��o com o PSDB veio mesmo ante vozes dissidentes. “Isso (a federa��o) n�o agrega em nada para o Cidadania”, protesta Jo�o V�tor Xavier, na sigla em 2019, ap�s deixar justamente a agremia��o tucana. “Foi uma disputa interna. Aqueles que defendiam outros caminhos perderam. O partido vai seguir seu caminho, federar com o PSDB, e os outros grupos v�o escolher o seu caminho – se aceitam isso e seguem ou se buscam uma alternativa”.
Apesar do aval da dire��o nacional do Cidadania, dirigida pelo ex-comunista Roberto Freire, o PSDB ainda n�o deliberou sobre o matrim�nio. O presidente nacional tucano, Bruno Ara�jo, por�m, comemorou a escolha do antigo PPS. “Com essa decis�o, o Cidadania se incorpora formalmente, junto ao PSDB, na tentativa de uma federa��o ainda maior, com o di�logo em andamento entre MDB e Uni�o Brasil, com servi�os prestados � democracia brasileira.”
Representantes da Uni�o Brasil em Minas Gerais j� levaram ao deputado federal Luciano Bivar (PSL), l�der nacional do partido, a opini�o de que a federa��o n�o deve ocorrer. “(Para) um partido que surge da fus�o de outros dois, PSL e DEM, n�o tem o menor sentido caminhar para um processo de federa��o. Ele tem que demonstrar, efetivamente, a consist�ncia, a maturidade e os ideais que fizeram as legendas se fundirem”, opina Bilac Pinto (DEM), com mandato vigente na C�mara.
Bilac acredita que a Uni�o pode, sim, manter conversas com outros partidos em prol de um projeto presidencial. “Buscar a consolida��o de uma terceira via atrav�s chapa majorit�ria � uma coisa. Outra � tomar a decis�o de colocar um e outro partido federados.”
No Congresso
Apesar do compasso de espera, a c�pula do PSDB mineiro cr� que uma eventual uni�o tucana a outros partidos pode ser ben�fica. “(Uma federa��o) � algo necess�rio porque tamb�m ajuda na consolida��o de uma terceira via enquanto tamb�m possibilitar� a elei��o de bancadas fortes, inclusive uma importante bancada de centro, que poder� atuar como for�a moderadora entre as correntes pol�ticas do pa�s, hoje situadas na direita e na esquerda”, analisa Abi-Ackel.
Na federa��o liderada pelo PT, h� c�lculos que almejam a conquista de 150 dos 513 assentos da C�mara dos Deputados. O objetivo � erguer uma bancada forte, capaz de dar sustenta��o a Lula — recorrentemente, o impeachment de Dilma Rousseff � lembrado como consequ�ncia da aus�ncia de uma base legislativa homog�nea. “Na federa��o, temos um n�mero menor de candidatos, mas podemos centralizar em candidaturas mais competitivas. � o que todos os partidos far�o”, projeta Cristiano Silveira. “Acho que todos os partidos da federa��o conseguem ampliar o n�mero de cadeiras. Inclusive o PT”, analisa.
Por ter mais deputados federais, a tend�ncia � que o PT tenha maioria na assembleia da federa��o, instrumento criado para comandar o grupo nos pr�ximos quatro anos, e tamb�m ganhe a maior fatia das chapas de deputados. “Vamos ter muita maestria e jogo de cintura. N�o � o interesse pessoal do PT, do PSB, do PCdoB ou do PV. Nossa preocupa��o, agora, � ter uma bancada unida em Minas e no Brasil, grande e bem representativa”, assinala o deputado federal Vilson da Fetaemg, presidente do PSB mineiro.