O presidente Jair Bolsonaro (PL) saiu maior do que entrou da janela para troca de partidos, encerrada na �ltima sexta-feira. Isso porque o resultado foi o aumento das bancadas das legendas que o apoiam, tanto no Congresso quanto nos estados. Dessa forma, ganha tra��o uma das estrat�gias mais importantes para o projeto da reelei��o: a constru��o de palanques fortes nas regi�es Sul e Sudeste. Na primeira, o peso do bolsonarismo � grande, mas, na segunda, nem tanto. � sobretudo nelas que o presidente pretende compensar algumas dificuldades, como, por exemplo, a de tirar votos do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva no Nordeste — onde o PT desfruta de ampla vantagem.
Sul e Sudeste, sozinhos, re�nem aproximadamente 82 milh�es de votos e 55% do eleitorado, al�m de concentrarem os maiores col�gios eleitorais do pa�s — S�o Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O foco do presidente � construir uma rede capilarizada que comece no Rio Grande do Sul e venha subindo.
S�rgio Pra�a, cientista pol�tico e professor da Funda��o Getulio Vargas (FGV), observa que o presidente tem procurado estreitar as pontes lan�ando candidatos n�o apenas para abrir caminho para a campanha, mas, tamb�m, defend�-lo nos debates. "Nessa elei��o, Bolsonaro vai ser uma figura central nos pleitos estaduais por ser pol�mico, determinar em grande medida a agenda p�blica sobre o que as pessoas conversam. Ele tem procurado ter candidatos que o defendam em todos os estados, mas no Sul e no Sudeste � mais bem avaliado. Assim, aproveita os momentos de pico de popularidade para ir para onde � menos querido", aponta.
Segundo Pra�a, "o bolsonarismo ter� um espa�o na agenda de governadores, deputados federais e estaduais, o que � incomum. Todo candidato a deputado, Senado e governo vai falar do Bolsonaro de alguma maneira, para o bem ou para o mal".
J� o cientista pol�tico Rodrigo Prando, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, analisa que o plano de Bolsonaro passa por apostar em locais onde j� possui relev�ncia. "No Sul e no Sudeste, onde tem grande aceita��o, quer se consolidar. Essas pontes mais ao sul s�o uma tentativa de se reafirmar na constru��o de palanques com o percentual que o levaria para o segundo turno", ressalta.
Prando destaca, ainda, que Bolsonaro n�o se aventura por terreno desconhecido. "Ele permanece dentro daquilo que j� conhece e que s�o seus apoiadores. Quer consolidar isso, chegar no segundo turno onde ele imagina que o sentimento antipetista possa, de novo, dar a ele a vit�ria", observa.
Para o tamb�m cientista pol�tico Andr� Rosa, ao refor�ar os la�os no Sul e no Sudeste, Bolsonaro tenta manter a hegemonia. "Mas o principal foco dele nisso � pela estrat�gia de Lula de trazer Alckmin para vice. Isso significa uma grande perda de votos para o presidente, se comparado com 2018. N�o � uma estrat�gia de captura de votos, mas de sobreviv�ncia, para n�o perder a base que j� tinha", avalia.