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Estado de Minas ELEI��ES 2022

Disputa pelo voto das evang�licas

Evang�licos representam 30% do eleitorado, que n�o tem feito escolhas pol�ticas de forma homog�nea; candidatos escalam mulheres para dialogar


01/05/2022 04:00 - atualizado 01/05/2022 07:15

Damares gesticula ao falar ao microfone
A ex-ministra Damares Alves � a respons�vel por aproximar Jair Bolsonaro das religiosas (foto: S�rgio Lima/AFP - 3/2/020)

Estimados em 30% da popula��o brasileira, os evang�licos formam uma parcela do eleitorado bastante disputada pelos candidatos a cargos eletivos no pleito de outubro. Partidos montaram n�cleos espec�ficos para dialogar com esses eleitores, que, diferentemente do senso comum, n�o caminham de forma homog�nea quando chegam as elei��es. Desvendar essas diferen�as � o desafio dos estrategistas pol�ticos, que passa pela compreens�o do papel da mulher como influenciadora nas decis�es das fam�lias evang�licas.

Analistas sociais e pol�ticos avaliam dois recortes das pesquisas de inten��o de votos que apontam que o presidente Jair Bolsonaro n�o tem o controle absoluto desses votos, apesar de liderar as sondagens de opini�o no segmento evang�lico. Nos cultos, por exemplo, a presen�a das mulheres � majorit�ria. De cada tr�s fi�is que frequentam igrejas, dois s�o mulheres, segundo levantamento do Observat�rio Evang�lico, que acompanha os debates que envolvem o tema.
Como as pesquisas divulgadas nos �ltimos meses indicam que a rejei��o ao presidente Bolsonaro � bem maior entre as mulheres do que no eleitorado masculino, a aposta dos concorrentes � que, entre os evang�licos, o voto de oposi��o pode crescer justamente entre as eleitoras crentes. De acordo com a �ltima pesquisa Ipespe, feita entre 18 e 20 de abril, Lula lidera com folga entre o eleitorado feminino em geral, com 48% contra 26% de Bolsonaro. Entre os evang�licos, a lideran�a � de Bolsonaro, com 45%, contra 34% do petista.

Quando os resultados das pesquisas dispon�veis s�o agregados, a aprova��o do governo Bolsonaro se mostra bem menor entre as mulheres, em torno de 20%, do que entre os homens, de cerca de 30%. � no cruzamento desses dados que reside a esperan�a da oposi��o de conquistar uma parcela mais expressiva do eleitorado feminino evang�lico.

“A evang�lica est� se perguntando, neste momento, quem � o menos pior”, opina o antrop�logo Juliano Spyer, coordenador do Observat�rio Evang�lico. Ele destaca que essas eleitoras s�o, “majoritariamente pretas, pobres e moradoras da periferia”, mais refrat�rias ao discurso bolsonarista de defesa das armas e de confronto com opositores e institui��es, e mais ligadas �s pautas que envolvem a pr�pria fam�lia, como desemprego, infla��o, viol�ncia e moradia.

“Essa � uma grande fragilidade do discurso de Bolsonaro e um desafio para a campanha dele: torn�-lo mais palat�vel para esse p�blico feminino. Posar com crian�as fazendo sinal de arminha na m�o pega muito mal, n�o � um gesto crist�o”, observa Spyer. Para reduzir a rejei��o entre as mulheres evang�licas, Bolsonaro escalou a pr�pria esposa, Michelle Bolsonaro, e a ex-ministra da Mulher, da Fam�lia e dos Direitos Humanos Damares Alves para conversar mais diretamente com esse p�blico.

“Isso n�o tem sido trabalhado pelas esquerdas, que t�m dificuldade de dialogar com essas pessoas. Mais do que falar, os candidatos precisam ouvi-las. � justamente isso que Damares e Michelle est�o fazendo”, avalia Magali Cunha, doutora em ci�ncias da comunica��o e pesquisadora do Instituto de Estudos da Religi�o (Iser). “A primeira-dama e Damares s�o figuras com certa popularidade e est�o tentando mostrar uma face de Bolsonaro menos extremada”, corrobora o cientista pol�tico Vinicius do Vale, da USP.

A esquerda, por sua vez, ainda n�o apresentou estrat�gias claras para se aproximar das evang�licas e tem dificuldade para definir uma agenda que aproxime o discurso progressista das preocupa��es reais dessas mulheres. “O jeito grosseiro (de Bolsonaro), a pauta armamentista e um apelo para resolver as coisas pela viol�ncia e pelo autoritarismo geram uma certa repulsa entre essas mulheres, que n�o est� sendo bem aproveitada pela oposi��o”, analisa do Vale.
 
Benedita da Silva fala e gesticula
Pelo lado do ex-presidente Lula, a ex-governadora Benedita Silva � quem busca o di�logo (foto: Marcello Casal Jr./Ag�ncia Brasil)
 

Cotidiano

No PT, a deputada Benedita Silva � uma das principais interlocutoras de Lula junto � comunidade evang�lica. Ela � a coordenadora nacional do N�cleo dos Evang�licos do PT (Nept), presente em 21 estados. Enquanto o bolsonarismo se articula com l�deres das grandes denomina��es neopentecostais e seus representantes pol�ticos – alojados principalmente nos partidos do Centr�o –, o PT busca aproxima��o com denomina��es tradicionais e com pastores de pequenas igrejas pentecostais, que j� somam mais de 6 mil nomes nas listas de transmiss�o do partido no WhatsApp.

O pr�-candidato do PDT � Presid�ncia, Ciro Gomes, tamb�m conta com o suporte de um grupo voltado � interlocu��o com os evang�licos, o Crist�os Trabalhistas, que o ajuda a definir pautas e estrat�gias para conquistar votos nesse segmento. Assim como o PT, Ciro busca apoio de pastores de igrejas menores, uma estrat�gia correta para quem analisa a rela��o entre religi�o e voto. “A Igreja Universal do Reino de Deus tem 3,5 milh�es de fi�is, enquanto as igrejinhas sem denomina��o espalhadas pelo pa�s somam mais de 15 milh�es de adeptos. As grandes denomina��es n�o podem ser usadas como par�metro da diversidade evang�lica”, explica Juliano Spyer.

Os estudiosos do avan�o evang�lico na sociedade brasileira convergem ao apontar alternativas para que o discurso mais progressista chegue �s mulheres crentes sem os filtros de maridos e pastores. A busca de uma agenda que n�o envolva tanto a pauta de costumes e se debruce no debate de solu��es para problemas do cotidiano das fam�lias � apontada como um desses caminhos. Em outras palavras, menos discuss�o sobre temas como descriminaliza��o do aborto e da maconha e mais propostas para resolver problemas como desemprego, custo de vida, seguran�a, educa��o e sa�de.



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