“Voltarei muitas vezes a Minas Gerais. Temos que fazer muitas conversas aqui. H� muitas coisas a serem acertadas. Vamos ter que construir algumas alian�as no estado”, disse. Mais cedo, Lula se reuniu, em um hotel da Regi�o Centro-Sul, com lideran�as mineiras de PSB, PCdoB, PSOL, PV, Rede e Solidariedade, que j� aderiram � coaliz�o petista.
A fala foi interpretada por interlocutores ouvidos pelo Estado de Minas como uma esp�cie de “senha” que pode indicar os caminhos do PT no estado. Neste momento, por�m, apesar da prefer�ncia por Kalil, os rumos s�o incertos. H� quem aponte a possibilidade de o l�der petista se encontrar com o ex-prefeito de BH em breve — se n�o na capital, em Juiz de Fora, na Zona da Mata, para onde a comitiva vermelha segue amanh�. Hoje, as atividades ser�o em Contagem, na Regi�o Metropolitana.
Lula j� manifestou publicamente o desejo de atrair Kalil, mas a uni�o esbarra na disputa pelo Senado, onde h� Reginaldo Lopes e Alexandre Silveira, presidente do PSD em Minas e pr�-candidato � reelei��o no Congresso. “H� um entendimento, da maioria do partido, de que o melhor nome para disputar o governo � o ex-prefeito de BH. Vamos manter a posi��o majorit�ria de buscar entendimento com Kalil. Nossa compreens�o � de que � poss�vel, sim, haver dois candidatos ao Senado”, assegurou o deputado federal Odair Cunha (PT-MG).
Em que pese a situa��o, h� op��es sendo oferecidas para abrigar Lula caso o pessedista n�o consiga desatar os n�s impostos pela prefer�ncia de parte do seu partido por Bolsonaro e, tamb�m, se o imbr�glio sobre o Senado n�o tiver fim. Ministro da Sa�de em parte do primeiro governo petista, Saraiva Felipe (PSB) tenta emplacar sua pr�-candidatura ao governo. Ele esteve na reuni�o partid�ria ocorrida entre o fim da manh� e o in�cio da tarde.
Segundo o socialista, o impasse em torno de Kalil pode abrir espa�o na disputa. “O certo � que n�o se arredondou um acordo [PT-Kalil]. Fica uma disputa, um 'estica e puxa'. Isso abre caminho para que se consolide – n�o apenas no PSB – um outro grupo para formular propostas para um governo em Minas", considerou.
Em mar�o, o presidente do PSB, Vilson da Fetaemg, mesmo partido de Geraldo Alckmin, candiddato a vice na chapa encabe�ada por Lula, projetou sua agremia��o caminhando ao lado de Kalil. Saraiva, embora tenha o apoio de figuras da “velha-guarda” pessedista, como o ex-deputado M�rio Assad, sabe que precisa convencer os correligion�rios antes de costurar alian�as. "Estamos em negocia��es. Para se chegar a uma candidatura, temos que ter unidade do partido em Minas e [no plano] nacional. Mas est� caminhando bem. � uma possibilidade".
Outro nome aventado por uma ala do PT � o de Dinis Pinheiro, tido como principal quadro do Solidariedade em Minas. Ex-presidente da Assembleia Legislativa, ele tamb�m bateu ponto na primeira atividade de Lula em BH. "� bom rever os amigos, conversar e bater papo. Vim mais para ouvir", tergiversou. Apesar da especula��o, h� petistas que n�o veem a possibilidade de uma costura em torno de Dinis vingar.
O ex-governador Fernando Pimentel, por sua vez, voltou a defender um acordo entre o PT e o ex-presidente do Atl�tico. “Kalil � um candidato extremamente competitivo em Minas Gerais. O Lula j� falou sobre isso. Kalil precisa de n�s e n�s precisamos dele. Tem tudo para tudo dar certo”. Para Pimentel, ainda h� tempo para avan�ar nas tratativas. “A vinda de Lula tem, tamb�m, esse objetivo: consolidar e ampliar as alian�as.
Reginaldo ganha ‘b�n��o’ p�blica
O evento serviu, tamb�m, para dar for�a � pr�-candidatura de Reginaldo Lopes. Em meio aos impasses, ele adotou tom ameno e, ao contr�rio de vezes anteriores, n�o falou textualmente que ser� postulante ao Senado. “Se o senhor [Lula] compreender que nossa pr�-candidatura ao senado vem para contribuir, garantir a vit�ria e o melhor palanque para o senhor, me coloco � disposi��o”, falou.
Chamado de “senador” pela milit�ncia que participou do ato, Reginaldo ganhou aval p�blico da deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT, para ir em busca de assento na C�mara Alta do Congresso Nacional. “N�o tenho d�vidas da sua capacidade, da sua lideran�a e do seu compromisso — n�o s� com Minas, mas com o Brasil”.
Em meio � disputa com Alexandre Silveira, que pode inviabilizar a alian�a Kalil-Lula, uma das ideias em pauta � uma esp�cie de apoio informal do ex-presidente ao ex-prefeito belo-horizontino. Odair Cunha cr� que ser� poss�vel acomodar as pretens�es de todos. “Nossa compreens�o � de que � poss�vel, sim, haver dois candidatos ao Senado”.
Na semana passada, por�m, Alexandre Silveira seguiu caminho diferente ao tratar do tema coliga��o. “H� 60 dias ou�o o PT falando do PSD, mas n�o vi ningu�m do PSD tratando com o PT sobre uma coliga��o. Para ficar claro na sociedade, priorizamos o crescimento interno partid�rio. E s� definiremos agora com quem caminharemos e de que forma caminharemos”. A presen�a de Lula no Expominas foi marcada, ainda, por tumulto do lado de fora. Um advogado bolsonarista acusou petistas de t�-lo agredido.
Lula projeta ‘trabalho’ para vencer elei��o
Ao longo do discurso, Lula afirmou que os dias de Jair Bolsonaro (PL) no governo federal “est�o contados” e chamou o ex-juiz Sergio Moro (Uni�o Brasil) de “fac�nora”. Al�m de criticar rivais, Lula pediu apoio da milit�ncia na busca pelo terceiro mandato presidencial.
"Para ganhar as elei��es, temos de trabalhar e visitar cada rua, loja, ag�ncia banc�ria, porta de f�brica, esta��o de trem e ponto de �nibus. Precisamos ficar nas ruas para conversar com as pessoas, porque nosso advers�rio mente sete vezes por dia. Ele � o rei da fake news; o rei da mentira”, afirmou. Depois, adotou tom direto: “Bolsonaro, seus dias est�o contados. N�o adianta discurso de urna. O que voc� tem, na verdade, � medo de perder a elei��o e ser preso".
A coaliz�o formada por sete siglas � entendida como primeiro passo para viabilizar a “uni�o” pedida por Lula ao longo de seu discurso. “Outros partidos e segmentos sociais v�o nos apoiar. Milh�es de brasileiros far�o parte desse cord�o”, projetou o ex-deputado federal Wadson Ribeiro, que preside o PCdoB em Minas. “� a primeira vez que a gente v� tantos partidos progressistas t�o pr�ximos e unidos”, corroborou Osvander Valad�o, l�der do diret�rio estadual do PV.
O presidente do PSOL, Cacau Pereira, criticou a profus�o de homens brancos com a palavra. Por isso, repassou a interven��o de seu partido � colega Iza Louren�a, mulher negra e vereadora de BH. Ela lembrou que Lula precisa atuar em prol da resolu��o da execu��o de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, em 2018. “N�o existe democracia no Brasil enquanto as mulheres negras continuarem sofrendo viol�ncia pol�tica”, pontuou.
O "Beab� da Pol�tica"
A s�rie Beab� da Pol�tica reuniu as principais d�vidas sobre elei��es em 22 v�deos e reportagens que respondem essas perguntas de forma direta e f�cil de entender. Uma demanda cada vez maior, principalmente entre o eleitorado brasileiro mais jovem. As reportagens est�o dispon�veis no site do Estado de Minas e no Portal Uai e os v�deos em nossos perfis no TikTok, Instagram, Kwai e YouTube.