
Eleitores menos informados, entretanto, que ainda n�o sabem em quem votar e ouviram o presidente da Rep�blica, de fato s� pegam a mentira que lhes toca de perto. “Os n�meros da economia s�o fant�sticos”, disse o presidente. Esta � uma delas. Diga isso para as fam�lias assalariadas de baixa renda e perceber� que para estas que saem do supermercado com a metade dos produtos de uma cesta b�sica inflacionada, a economia n�o vai bem. E a defla��o anunciada pelo presidente da Rep�blica, �s custas de cortes do ICMS sobre combust�veis e energia el�trica, a poucos meses das elei��es, n�o chega aos alimentos.
Tamb�m aquelas fam�lias menos atentas � pol�tica e ao notici�rio, residentes em Manaus, que perderam familiares e amigos para a COVID-19 saber�o apontar outra mentira presidencial: a de que em “menos de 48 horas” cilindros de oxig�nio teriam chegado a Manaus. Bolsonaro disse ainda que n�o errou “nada” sobre a pandemia, quando, ao longo dos dois primeiros anos, deu in�meras declara��es equivocadas sobre a gravidade da doen�a, que chamou de “gripezinha”, as medidas de prote��o - n�o usava m�scaras em atos p�blicos que convocou, promovendo aglomera��es - e, tamb�m, fez campanha contra a efic�cia das vacinas, desestimulando a imuniza��o.
As outras mentiras presidenciais ditas ao Jornal Nacional afetam menos de perto o eleitorado com menor interesse em pol�tica. Nesse sentido, � menor a probabilidade de repercuss�o eleitoral. Bolsonaro voltou a dizer que as urnas eletr�nicas n�o s�o audit�veis, colocando em d�vida o sistema eleitoral. Afirmou nunca ter estimulado ataques �s institui��es democr�ticas nem nunca ter xingado ministros do Supremo Tribunal Federal, quando j� os chamou de “canalhas” e outros termos de baixo cal�o. Estas foram algumas, de uma longa lista de declara��es irreais, que quando n�o ofendem a verdade, transformam um mundo complexo numa bin�ria e simpl�ria narrativa.
De fato, o presidente da Rep�blica n�o discursa para os cidad�os bem informados. N�o � toa, ao final de 40 minutos da sabatina do Jornal Nacional, a sua equipe respirou aliviada. “Sobrevivemos”, foi a express�o empregada.