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Estado de Minas 'EM ENTREVISTA'

A�cio Neves: 'O PSDB est� se preparando para voltar a governar Minas'

Postulante � reelei��o, deputado federal defende a constru��o de uma alternativa tucana para o estado mesmo que Kalil ou Zema ven�am Marcus Pestana neste ano


16/09/2022 06:00 - atualizado 16/09/2022 09:55

Candidato � reelei��o, o deputado federal A�cio Neves (PSDB) estava bem cotado em pesquisas sobre o Senado Federal, mas abriu m�o da disputa em prol de ampliar o leque de alian�as do correligion�rio Marcus Pestana, que concorre ao Pal�cio Tiradentes.
Ex-governador mineiro e ex-senador, A�cio disse, ontem, ao "EM Entrevista", podcast de Pol�tica do Estado de Minas, que, apesar da polariza��o entre Romeu Zema (Novo) e Alexandre Kalil (PSD), os tucanos buscam retornar ao poder Executivo estadual em breve.

"Independentemente do resultado da elei��o, o PSDB est� se preparando para voltar a governar Minas Gerais. Depois dos governos do PSDB, nada relevante ocorreu em Minas", afirmou. Perguntado se seria ele o concorrente tucano em 2026, A�cio ponderou que ainda � cedo para a tomada de decis�o.

Em Minas, para amparar Pestana, o PSDB firmou alian�a com o PDT, que indicou Bruno Miranda para concorrer ao Senado. No plano nacional, a legenda apoia a presidenci�vel Simone Tebet (MDB), que deve ter o voto de A�cio, embora ele tenha defendido a constru��o de chapa liderada pelo colega de legenda Eduardo Leite. Apesar de apoiar a emedebista, o deputado federal reconhece o dom�nio de Luiz In�cio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

"Nenhum dos dois � o perfil que gostaria de ver presidindo o Brasil", pontuou, embora tenha feito um adendo: "Com meu voto, o PT n�o voltar�". 

Leia, abaixo, os principais pontos da conversa. A �ntegra da entrevista com o tucano, cotado para ser um dos "puxadores de voto" de sua legenda, pode ser assistida no canal do Portal Uai no YouTube.



O senhor liderava pesquisas para o Senado e, inclusive, apareceu � frente em pesquisas. Por que n�o se candidatou a senador?
A pol�tica n�o � uma a��o solit�ria; � exerc�cio de solidariedade. Fizemos uma op��o priorit�ria: lan�ar a candidatura (ao governo) de Marcus Pestana para elevar o sarrafo da disputa e mostrar que Minas pode ter muito mais do que est� tendo hoje. Precis�vamos construir uma alian�a em torno dele, para que pudesse ter mais apoio e tempo para divulgar suas ideias. Cedemos a vaga ao Senado para o PDT. Estou muito feliz de poder disputar uma vaga na C�mara. Meu papel no Congresso independe de estar na C�mara ou no Senado. Tenho o papel de ajudar a reorganizar o centro democr�tico no Brasil. Era, neste momento, mais adequado permitir que Pestana tivesse tempo maior para divulgar suas ideias e, quem sabe, fazer um remember (lembrar, em tradu��o livre) dos governos do PSDB, que transformaram a vida dos mineiros.

O PSDB comp�e a coliga��o de Simone Tebet, mas, em Minas, o partido est� com o PDT de Ciro Gomes - e, inclusive, d� palanque a ele. Quem o senhor, individualmente, apoia?
Fizemos um entendimento com o PDT e abrimos o palanque de Pestana �s duas candidaturas. Isso � natural e elogi�vel na pol�tica. O PSDB tem uma coliga��o formal a n�vel nacional com a Simone, que dever� ser a minha candidata no 1° turno, porque prezo muito pelo respeito �s decis�es partid�rias. Posso discordar delas, e discordei, porque achei que t�nhamos um candidato em muito melhores condi��es de disputar um lugar no 2° turno: o ex-governador do RS (Eduardo Leite). Lutei at� o limite para que ele pudesse vencer as pr�vias e ser o candidato, mas na hora que o PSDB toma a decis�o (de apoiar Simone), devemos segui-la.

O PDT � aliado de toda a vida. Nas primeiras elei��es majorit�rias que disputei, era meu principal aliado, continua sendo parceiro importante do PSDB e participou dos nossos governos. � uma alian�a muito natural para n�s. Dentro da nossa coliga��o, h� liberdade para votar em Simone ou Ciro. Mas meu voto ser� da Simone.

Como o PSDB sair� da elei��o deste ano?
Considero o PSDB ainda essencial ao Brasil. Independentemente do vencedor - e a elei��o parece estar para ser decidida entre Lula e Bolsonaro -, o PSDB ter� papel vital na reaglutina��o, reorganiza��o e reinstitucionaliza��o da pol�tica. Teremos de, em torno do PSDB, que ter� as melhores condi��es, organizar um projeto de pa�s que defenda as institui��es democr�ticas e permita o respeito �s liberdades individuais, mas que, por outro, tenha uma agenda econ�mica e de inclus�o social.

O PSDB estar� no centro. Radicalizar ao centro talvez seja o grande chamamento que eu e outros companheiros pretendemos fazer no futuro. O PSDB n�o sair� pequeno da elei��o. Temos uma federa��o com o Cidadania que, muito provavelmente, vai se transformar em uma absorvi��o do Cidadania pelo PSDB. Teremos um partido em condi��o de fazer essa condu��o ao centro. Serei oper�rio da reconstru��o pol�tica do Brasil.

Se houver 2° turno entre Lula e Bolsonaro, o senhor caminhar� ao lado de algum deles?

Nenhum dos dois � o perfil que gostaria de ver presidindo o Brasil. Terei sempre dificuldade enorme de compreender que o retorno do PT possa fazer bem ao pa�s. Dilma quebrou o pa�s em 2014 para se eleger e n�o conseguiu, sequer, se sustentar no cargo. O Brasil foi levado a tr�s anos consecutivos de recess�o, mais de 12 milh�es de desempregados, um assalto organizado �s empresas p�blicas - em especial � Petrobras - pelos aliados do governo.

Esse modelo, inclusive, do ponto de vista econ�mico, � atrasado. Nas rela��es externas, (�) esquizofr�nico, quando nos leva a aliar e a ser conduzidos, na Am�rica do Sul, por um quase caricato bolivarianismo, liderado, antes, por Hugo Ch�vez e, depois, por (Nicol�s) Maduro. Essa era a pol�tica externa apoiada pelo governo do PT. N�o acho que isso fa�a bem ao pa�s. Com meu voto, o PT n�o voltar�.

O senhor citou restri��es ao PT, mas por que Bolsonaro, em sua vis�o, n�o tem o perfil desejado para ser presidente?
Bolsonaro est� jogando fora uma grande oportunidade de reorganizar e pacificar o Brasil. Presidi a Comiss�o de Rela��es Exteriores e Defesa da C�mara. O Brasil n�o tem sido feliz na condu��o da pol�tica externa. � ali que definimos os investimentos no pa�s e os parceiros comerciais, que v�o permitir que geremos emprego e renda. Pol�tica externa deve ser conduzida de forma pragm�tica, como � pelas v�rias na��es do mundo. Acordos como o da Uni�o Europeia-Mercosul est�o paralisados por equ�vocos do governo.

Sa�mos do radicalismo � esquerda que nos subordinava a esse bolivarianismo e a rela��es com pa�ses pouco importantes do ponto de vista estrat�gicos, mas ca�mos em outro extremo: uma pol�tica externa conduzida, at� aquele tempo, por Ernesto Ara�jo, que negava o multilateralismo, buscava alian�as apenas do ponto de vista ideol�gico, e n�o pragm�tico. Ajudamos muito a fazer essa constru��o ao centro. Hoje, temos um ministro (Carlos Fran�a) que, ao menos, compreende a import�ncia da articula��o com outras regi�es do mundo.

Na economia, temos um Brasil muito melhor. Infla��o em decl�nio e economia voltando a crescer. Nesse aspecto, n�o h� compara��o com o governo do PT. Mas Bolsonaro, do ponto de vista da gest�o e da pauta de costumes que prega, representa, tamb�m, um atraso.



Como avalia a disputa entre Kalil e Zema em Minas?
Zema derrotou (Antonio) Anastasia, candidato do PSDB, no 2° turno. Foi uma elei��o, n�o s� em Minas, mas no Brasil, marcada pelo discurso da antipol�tica. N�o h� nada mais nefasto e prejudicial aos avan�os do que a nega��o da pol�tica. Assistimos, hoje, alguns candidatos insistirem nesse discurso atr�s de votos. Depois, perdem as condi��es de fazer a boa pol�tica. N�o existe transforma��o poss�vel em uma sociedade democr�tica que n�o seja por meio da boa pol�tica, da articula��o e da busca por consenso.

Mesmo tendo perdido no 2° turno, quem primeiro estendeu a m�o ao governo Zema, por responsabilidade com Minas, foi o PSDB. Enquanto o Novo via parlamentares votando contra o governo, o l�der governista foi o saudoso Luiz Humberto Carneiro e, depois, Gustavo Valadares (hoje no PMN). O PSDB sempre teve uma responsabilidade com Minas que vai muito al�m das quest�es eleitorais, que s�o circunstanciais e passageiras.

O PSDB jamais vai deixar de ajudar Minas, mas n�o estamos atr�s de espa�o e ocupa��o de cargos no governo, at� porque todos nos foram ofertados. Se fosse isso, j� est�vamos aliados a ele. Preferimos mostrar, com a candidatura de Pestana, que h� algumas fun��es p�blicas cuja responsabilidade vai muito al�m do corriqueiro, do pagamento em dia dos sal�rios. Isso � obriga��o.

O governador de Minas � uma figura pol�tica essencial ao Brasil e tem de estar presente nas grandes quest�es nacionais. � importante para o Brasil o equil�brio e a lideran�a de Minas. Isso n�o existe hoje. � preciso que Minas tenha um governador que conhe�a e compreenda as necessidades do estado, mas com uma lideran�a nacional em favor do Brasil e de Minas.
O senhor � favor�vel � ades�o de Minas � Recupera��o Fiscal ou pensa que a d�vida com a Uni�o pode ser rediscutida politicamente?
Teria um caminho diferente se houvesse capacidade e lideran�a, ou disposi��o de lideran�a do governador. No fim, ele ficou com poucas alternativas e foi pelo caminho mais c�modo: o da ades�o. Discutimos isso na bancada (de Minas no Congresso) e faltou, desde o in�cio do governo, disposi��o de ouvir os que tinham mais experi�ncia. Ele � at� muito razo�vel nisso, porque fala de sua falta de experi�ncia no traquejo pol�tico. Isso acontecia na Assembleia. Percebemos a dificuldade que Zema tinha de avan�ar nas pautas aqui e, tamb�m, na pauta nacional. Mas, em nenhum momento, percebemos disposi��o do governador de buscar interlocu��o conosco. Mesmo assim, o PSDB ajudou no que foi poss�vel.

Se Zema for reeleito, � poss�vel que os congressistas mineiros se juntem para apresentar ao governador um caminho pol�tico para a d�vida do estado?
Tenho esperan�a que sim, mas a iniciativa vai ter de ser sempre do governador. N�o adianta termos um conjunto de boas inten��es se n�o h� reciprocidade. Essas atitudes, do ponto de vista legal e formal, t�m de ser tomadas pelo governo. A interlocu��o junto ao STF e ao Congresso passam pela disposi��o do governador. Ningu�m ganha elei��o de v�spera, mas o que for de interesse de Minas, independemente do vitorioso, o PSDB estar� pronto para ajudar, sem qualquer necessidade de participa��o em governo.

Independentemente do resultado da elei��o, o PSDB est� se preparando para voltar a governar Minas Gerais. Depois dos governos do PSDB, nada relevante ocorreu em Minas. Em nossos governos, levamos o estado a ter a melhor educa��o fundamental do Brasil, a melhor sa�de do Sudeste, o maior programa de infraestrutura do estado, em que 219 cidades sem liga��o asf�ltica foram ligadas, os maiores investimentos em seguran�a, com valoriza��o dos servidores. Na educa��o, a mesma coisa. (Houve) pol�ticas de inclus�o extraordin�ria nos vales do Jequitinhonha e Mucuri e no Norte. Tudo foi jogado fora.

Precisamos resgatar o tempo em que Minas atendia os mineiros e liderava a discuss�o das grandes pautas nacionais. Foi no Senado que constru�, inclusive, uma candidatura presidencial que por muito pouco n�o venceu as elei��es e teria mudado profundamente a realidade do Brasil. 

Pode ser o senhor o candidato do PSDB ao governo de Minas 2026?
Isso ainda est� muito longe, mas defendo que o PSDB se reorganize, reaglutine suas for�as pol�ticas. Eu escuto, por onde ando, e tenho andado muito por Minas, um grande saudosismo. As pessoas se lembram do que fizemos educa��o, na sa�de, na seguran�a e na infraestrutura. Em Belo Horizonte, h� a Linha Verde, a (duplica��o da) Cristiano Machado, a duplica��o da Ant�nio Carlos, o Centro Cultural da Pra�a da Liberdade, a duplica��o do Expominas e a Cidade Administrativa. Tudo foi feito no nosso governo. Desafio qualquer mineiro a dizer a obra ou programa estruturante de inclus�o ou desenvolvimento feito depois dos governos do PSDB. Nenhum.

Em 2014 o senhor teve 47,6% dos votos em Minas. O que faltou para bater Dilma Rousseff em Minas Gerais? Vencer aqui poderia ser decisivo para o resultado final.
Faltaram votos. Fa�o uma an�lise muito pessoal do que ocorreu. Disputei com uma m�quina que n�o tinha limites. A opera��o foi t�o acintosa e criminosa que a presidente sequer conseguiu ficar no governo. O custo foram tr�s anos de recess�o, o que s� tinha acontecido no Brasil � �poca do boom de 1929. (Houve) infla��o disparando e desemprego nas alturas. Esse foi o saldo da elei��o de Dilma e, consequentemente, do impeachment.

Temos, ainda, no Brasil, uma faixa do eleitorado, situada principalmente no Nordeste e em parcela importante do Norte mineiro e dos Vales, que sofre influ�ncia muito forte dos programas assistenciais, do Bolsa Fam�lia, e creditam esses programas ao PT, com uma parte de raz�o. N�o toda, porque o Bolsa Fam�lia � a jun��o do Bolsa Escola e do Bolsa Alimenta��o, que vieram dos governos do PSDB. Mas Lula ampliou e soube capitalizar isso.

N�o perdi para a Dilma, mas para o Bolsa Fam�lia. Enquanto n�o houver pol�ticas emancipadoras, que permitam que essas pessoas tenham, al�m do Bolsa Fam�lia, uma perspectiva de vida e sejam qualificadas para o mercado de trabalho e as empresas sejam estimuladas a incorpor�-las, vamos ter um eleitorado cada vez mais dependente. A consequ�ncia pode ser perversa para o pa�s. Bolsonaro percebeu isso e vai na mesma linha.
O que achou da afirma��o do ex-presidente Lula, de que o senhor � respons�vel pelo clima de animosidade que se instaurou no pa�s?
Tenho de me sentir lisonjeado pelas homenagens que vem me fazendo Lula. Em primeiro lugar, responsabilizou minha atua��o no Senado pelo impeachment de Dilma, se esquecendo - talvez uma falta de mem�ria conveniente �s v�speras da elei��o - dos tr�s anos consecutivos de recess�o, do desemprego avassalador em que ela mergulhou o pa�s, dos crimes de responsabilidades comprovados que ela cometeu e do assalto � Petrobras, aos fundos de pens�o e ao BNDES, feito por seus aliados. Foram as causas principais da queda de Dilma.

Agora, ele me acusa pelo clima de polariza��o do pa�s, se esquecendo que foi ele pr�prio que criou o n�s contra eles, que dizia que os tucanos tinham de ser dizimados e apanhar nas ruas e nas urnas. Me lembro que M�rio Covas foi a v�tima f�sica dessas agress�es do PT nas ruas. Esse clima do 'n�s contra eles', de animosidade, � cria��o - e est� no DNA - do PT. Enfrentei isso na elei��o de 2014. Agora, ele avan�a, tamb�m, com as posi��es dos aliados a Bolsonaro.

Faria melhor o presidente Lula se fosse fiel aos fatos, e n�o apenas a vers�es criadas �nica e exclusivamente com objetivos eleitorais. N�o tenho a for�a pol�tica a que ele me atribui. Se eu tivesse essa for�a, e gostaria muito de ter tido, para vencer a elei��o, derrotar Dilma e impedir tudo o que ocorreu de tr�gico no Brasil ap�s a elei��o da minha advers�ria. O que estamos vivendo �, ainda, consequ�ncia daquilo que o PT fez no Brasil.


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