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Estado de Minas ELEI��ES 2022

Partidos deram R$ 51 milh�es do fund�o a 1.430 potenciais candidaturas laranjas

Cruzamento de dados mostra que v�rios casos envolvem mulheres e pessoas que se declararam negras e tiveram menos de 300 votos


06/10/2022 09:14 - atualizado 06/10/2022 10:06

Notas de R$ 100 espalhadas
(foto: Pixabay)
Partidos pol�ticos destinaram nestas elei��es R$ 50,6 milh�es para 1.430 candidatos a deputado federal que n�o conseguiram nem 300 votos cada um. O alto emprego de dinheiro p�blico em campanhas "sem voto" pode indicar candidaturas laranjas, como ocorrido em 2018.

Cruzamento feito pela Folha de S.Paulo com base nos resultados das elei��es e na distribui��o pelas legendas dos fundos eleitoral e partid�rio mostra que v�rios desses casos envolvem mulheres e pessoas que se declararam negras -pelas regras, os partidos t�m o dever de direcionar verba p�blica a mulheres e negros na propor��o dos candidatos lan�ados.

O esquema de candidatura laranja consiste em inscrever nomes de fachada, ou seja, que n�o realizam ou simulam atos de campanha.

O objetivo � aparentar o cumprimento da cota de g�nero (todos os partidos devem ter, ao menos, 30% de candidatas) e racial (divis�o de verbas de forma equ�nime entre negros e brancos), ao passo em que, na pr�tica, o dinheiro � desviado para outras campanhas ou outros fins.

Em 2018, a Folha revelou que o ent�o partido de Jair Bolsonaro, o PSL, havia organizado um esquema de candidatas laranjas para desviar dinheiro p�blico de campanha.

Na ocasi�o, apesar de figurar entre os 20 candidatos do PSL no pa�s que mais receberam dinheiro p�blico, 4 mulheres tiveram desempenho insignificante.

Juntas, receberam pouco mais de 2.000 votos, em um indicativo de candidaturas de fachada, em que h� simula��o de alguns atos reais de campanha, mas n�o empenho efetivo na busca de votos.

Agora, em 2022, o custo m�dio do voto dado em candidatos � C�mara dos Deputados, eleitos e n�o eleitos, ficou em R$ 21,78 -resultado da divis�o dos fundos eleitoral e partid�rio repassados pelo n�mero de votos.

Em rela��o a um grupo de 100 candidatos com baix�ssima vota��o, por�m, cada sufr�gio recebido "custou" R$ 1.000 ou mais aos cofres p�blicos. Para 29 desses, o custo foi superior a R$ 2.000 por voto.

Sebasti�o Silva se candidatou a deputado federal em Rond�nia pelo PP. Ele recebeu R$ 2,2 milh�es do fundo eleitoral e teve s� 570 votos. At� o momento, ele declarou R$ 1,8 milh�o em gastos contratados.

O maior custo foi de R$ 600 mil com uma empresa de assessoria e consultoria de marketing eleitoral. Outros R$ 200 mil foram declarados como gasto para confec��o de materiais de campanha.

Silva disse que n�o sabe explicar a sua baixa vota��o. "Infelizmente essa campanha est� t�o polarizada em extremismos que o resultado para mim foi uma surpresa. Inclusive candidatos no pa�s inteiro que tiveram milh�es de votos em 2018 nesta elei��o n�o fizeram quase nada de votos", disse.

Questionado sobre os altos valores que recebeu, Silva respondeu que n�o pediu para ser escolhido e que a ideia principal do fundo eleitoral � "dar condi��es de participa��o a todos, independentemente de ter um sobrenome de peso, de ser rico ou n�o, de todos terem igualdade na disputa".

Em Roraima, Henrique Matos (Rede), candidato a deputado federal, recebeu R$ 550 mil de seu partido. Ele se autodeclarou pardo.

Nos dados dispon�veis no TSE constam mais de R$ 160 mil pagos diretamente para 59 pessoas f�sicas diferentes, a maioria com valores de, no m�ximo, R$ 6.000.

No total dos gastos j� declarados, Matos afirma que gastou R$ 41 mil com "atividades de milit�ncia e mobiliza��o de rua", quase R$ 140 mil gastos com aluguel de carros e combust�vel e quase R$ 30 mil com publicidade.

Mesmo assim, as urnas contabilizaram apenas 130 votos. A Folha o procurou por meio de mensagens e liga��es, mas n�o conseguiu estabelecer contato.

O PSC do Tocantins cadastrou Gleyci Cosm�ticos como deputada federal h� poucos dias do prazo final para oficializar candidaturas. No site do TSE, n�o h� o endere�o de nenhuma rede social. Ela recebeu R$ 550 mil de seu partido, mas conquistou pouco mais de 100 votos.

Em sua presta��o de contas, n�o informou nenhum gasto, por enquanto. � Folha de S.Paulo ela disse que usou a verba para servi�os de divulga��o e advocacia, por exemplo, e prometeu enviar � reportagem os comprovantes, mas n�o o fez at� a publica��o deste texto.

Quando questionada por que sua candidatura foi oficializada poucos dias antes do prazo final, afirmou que tinha problemas de documenta��o para resolver, mas interrompeu a liga��o sem responder quais seriam.

A candidata Talita Laila Canal (PL-RR) recebeu R$ 200 mil do fundo partid�rio do partido de Jair Bolsonaro e s� teve 11 votos. Poucos dias antes da elei��o, protocolou na Justi�a ren�ncia � sua candidatura.

Ela declarou gasto de R$ 50 mil com um escrit�rio de advocacia e outros R$ 102 mil com materiais e outros itens de campanha. Procurada, Talita n�o quis se manifestar.

O Pros teve dois candidatos no topo do ranking dos votos mais caros do pa�s.

Raimundo Nonato da Silva se candidatou a deputado federal pelo Maranh�o, recebeu R$ 300 mil do Fundo Eleitoral e teve apenas 10 votos -um custo de R$ 30 mil por voto.

� Folha de S.Paulo ele afirmou ter feito campanha normalmente, mas que a partir do momento em que sua candidatura foi indeferida pela Justi�a Eleitoral, no final de setembro, passou a orientar seus eleitores a votar em outro candidato.

"Uma parte, entre 40% e 50% [do valor recebido], foi repassada a outros candidatos do Pros [durante a campanha]. O restante foi advogado, contador, produ��o de programas de �udio e v�deo e alguma coisa de material gr�fico", afirmou.

J� Adriana Moura de Mendon�a recebeu R$ 3 milh�es do fundo eleitoral do Pros e teve apenas 240 votos, um custo de R$ 12.500 por cada um deles. Ela � ex-mulher do ex-deputado e ex-governador do Amazonas Henrique Oliveira (Podemos), que disputou o governo neste ano, mas n�o se elegeu.

A Folha de S.Paulo n�o conseguiu contato com Adriana. Henrique Oliveira negou que o dinheiro tenha sido utilizado em sua campanha ao governo.

"N�o houve uso algum do recurso destinado � [campanha da] deputada federal Adriana Mendon�a na campanha majorit�ria do Henrique Oliveira", disse ele, afirmando que a baix�ssima vota��o da ex-mulher teve origem no racha interno do Pros nacional.

O partido passou os meses anteriores � elei��o em uma disputa judicial, incluindo suspeita de tentativa de compra de senten�a, o que resultou em um revezamento dos grupos no comando da legenda.

"O Pros ficou totalmente desestabilizado. Houve uma fuga enorme de deputados federais de l�, uma sa�da em massa. Infelizmente, nessa briga, o nome dela ficou sub judice e acredito que as pessoas n�o quiseram votar nela, que fez uma bel�ssima campanha."

O Pros nacional disse que assumiu o partido �s v�speras da elei��o j� com o planejamento de distribui��o de verbas montado pela gest�o anterior e que, a partir da�, fez adequa��es, reduziu valores e priorizou estados em que avaliou haver candidatos com maior potencial.


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