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Estado de Minas ELEI��ES 2022

L�der religiosa diz que n�o poder� 'pregar sobre viadagem' com Lula eleito

V�deo mostra trecho da prega��o, onde a l�der espiritual da igreja Mel de Deus diz que o PT e a ONU s�o entidades "do capeta"


18/10/2022 11:20 - atualizado 18/10/2022 11:45


Por Marcos Braz

Um curso de forma��o cat�lica na cidade de Luzi�nia (GO), entorno do Distrito Federal, virou um palanque para pedidos de votos ao candidato � reelei��o, Jair Bolsonaro (PL). L�der espiritual da Comunidade Mel de Deus, D�bora Mendes disse que caso Luiz In�cio Lula da Silva (PT) seja eleito presidente, a comunidade n�o poder� mais “pregar sobre viadagem” ou “sacanear e fazer humor com tudo e com todas as coisas”.

A cerim�nia ocorreu no �ltimo dia 3 de outubro, um dia ap�s o primeiro turno das elei��es, e foi transmitido ao pela p�gina da Comunidade. Ap�s a repercuss�o negativa, o v�deo foi reitrado do ar. Na ocasi�o, os espectadores foram instru�dos a votarem em Bolsonaro no segundo turno, que ocorre no pr�ximo dia 30. “Ele, nem de longe, nem de perto, � a melhor pessoa para governar, mas na conjuntura atual, � a �nica (pessoa) que consegue levar pancada e fazer enfrentamento contra a esquerda”, disse D�bora.
As falas da religiosa t�m circulado em grupos de Whatsapp da regi�o e ganharam maior repercuss�o nesta segunda (17/10). Na prega��o, D�bora afirma que o voto em outro candidato seria apoio ao que ela classifica como "ideologia de g�nero". “� o sem g�nero. Voc� � qualquer coisa que voc� puder ser. Essa ideologia agu�ou a pornografia, o suic�dios e a depress�o”, disse D�bora. 

A l�der espiritual seguiu a prega��o reproduzindo uma popular not�cia falsa, o “kit gay”, usada a exaust�o durante a campanha presidencial de 2018, onde o candidato Fernando Haddad (PT) distribuiria materiais er�ticos para crian�as da cidade de S�o Paulo. “Eu vou falar bem rasgado com voc�s para voc�s entenderem. P�nis, mamadeira de p�nis em S�o Paulo para crian�as de 2 a 6 anos, Haddad colocou. Certo?”, afirmou a pregadora.

Débora Mendes é líder espiritual da Comunidade Mel de Deus
D�bora Mendes � l�der espiritual da Comunidade Mel de Deus (foto: Reprodu��o / Youtube)

A l�der disse ainda ter se certificado pessoalmente com cada integrante da comunidade de que nenhum deles votaria em Luiz In�cio Lula da Silva. “Eu n�o acredito que na comunidade tem algum petista, n�? Porque nem pode ter. � um plano de governo. E est� l� escrito ‘agenda: aborto’”. De acordo com D�bora, haviam tr�s pessoas "mal informadas" que votariam no Partido dos Trabalhadores, mas que, ap�s conversarem com ela, teriam mudado os votos.
D�bora seguiu a prega��o insistindo que o PT tem uma cartilha junto � Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) que incentiva o aborto. Apesar de n�o existir men��o ao aborto no documento de Diretrizes de Governo entregue pelo PT ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a l�der religiosa insistiu na informa��o. "Est� escrito l�. Implanta��o toda a cartilha da ONU, que � do inferno, est� l� escrita”.

“Agora porque que no nordeste ganham? S� tem uma antena parab�lica e a Globo. N�o tenho outro recurso”, disse D�bora, ao justificar a vit�ria do candidato petista na regi�o. Ela seguiu o discurso sobre a influ�ncia da m�dia no processo eleitoral e criticou a M�sica Popular Brasileira (MPB). "Infelizmente, foi financiado o tempo todo para fazer a incultura��o das ideias. [...] A m�sica � o canal mais forte, ela est� sobre o dom�nio de satan�s”.

O Correio Braziliense tentou contato com D�bora Mendes e com a Comunidade Mel de Deus, mas n�o obtivemos resposta at� a �ltima atualiza��o desta mat�ria. O espa�o segue aberto para futuras manifesta��es.

O que diz a igreja

O Bispo Diocesano de Luzi�nia, Dom Waldemar Dalbello, informou ao Correio que ligou pessoalmente para D�bora Mendes na manh� desta segunda-feira (17/10) para refor�ar o pedido de cumprimento das normas cat�licas. “Uma jovem leiga que fez essas afirma��es em uma forma��o interna. Os fi�is mais leigos, aqueles que n�o s�o padres nem bispos, mas t�m fun��es, recebem essas orienta��es de refor�o”, disse o Bispo.

Dom Waldemar disse ainda que a pr�tica foge a uma orienta��o geral da igreja cat�lica que � a de vetar orienta��es pol�tico-partid�rias por parte dos cl�rigos. O respons�vel cat�lico na cidade revelou que o per�odo eleitoral tem sido conturbado, mas que esse foi um caso isolado e que, de maneira geral, as par�quias e outras unidades t�m seguido as instru��es.

O que diz a legisla��o

De acordo com Oberdan Costa, advogado criminalista, a pr�tica n�o configura abuso de poder da autoridade religiosa. Isso porque em 2020, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou a possibilidade de apura��o de outro caso de abuso do poder religioso numa elei��o municipal.

Durante as elei��es municipais de 2020, o ministro Edson Fachin recusou a cassa��o do mandato da vereadora de Luzi�nia Valdirene Tavares dos Santos por suposto abuso de poder religioso nas Elei��es de 2016. O Minist�rio P�blico Eleitoral (MPE) acusou Valdirene de pedir votos durante um evento na catedral da Assembleia de Deus em Luzi�nia.

A reuni�o com pastores de outras filiais foi convocada pelo pai da candidata, Sebasti�o Tavares, pastor e dirigente da igreja no munic�pio.

Costa explica que pedir voto durante cultos n�o � crime. Pelo artigo art 299 do C�digo Eleitoral, s� � proibido comprar ou oferecer algum tipo de benef�cio em troca do voto, com pena de reclus�o at� quatro anos e pagamento de cinco a 15 dias de multa.

Ele ainda diz que para um religioso cometer crime eleitoral, � preciso comprova��o de que o pedido de voto configurou abuso de poder econ�mico a partir do patrim�nio da igreja, pol�tico ou uso indevido dos meios de comunica��o. Tamb�m � poss�vel que a promessa, mesmo que velada, de benesses aos fi�is em troca de votos para um candidato, configure verdadeiro crime eleitoral.

Costa tamb�m alerta que o uso de not�cias falsas para difamar a imagem de um candidato � cargo pol�tico � crime. Se condenado, o r�u pode cumprir pena de deten��o de tr�s meses a um ano, e pagamento de 5 a 30 dias-multa. 

O cientista pol�tico Nau� Bernardo Azevedo classificou a pr�tica como abusiva, mas alertou que a legisla��o sobre abuso do poder religioso ainda � atrasada. Para ele, � lament�vel que os templos religiosos sejam utilizados como local para promo��o pol�tica.

“Contamina a religi�o com sentimentos que n�o deveriam caber ali, alimentados por um antagonismo que muitas vezes vai em sentido contr�rio ao que � pregado ali”, disse.

*Estagi�rio sob a supervis�o de Pedro Grigori


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