
Como est� o Brasil que o presidente que for eleito neste domingo (30/10) vai assumir em 2023?
Neste segundo turno, os brasileiros v�o �s urnas para definir o nome do pr�ximo presidente e de 12 governadores. No primeiro turno, Luiz In�cio Lula da Silva, do PT, teve 57.259.504 votos (48,43% dos votos v�lidos) e Jair Bolsonaro, do PL, recebeu 51.072.345 votos (43,20% dos votos v�lidos).
A seguir, a BBC News Brasil mostra, a partir de 7 gr�ficos, dados que revelam a situa��o da economia, sa�de, educa��o e seguran�a p�blica — e os desafios nessas �reas para o governo que tomar� posse em 2023.
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ECONOMIA
Ap�s o Brasil registrar infla��o, juros e desemprego em taxas que chegaram a dois d�gitos, alguns indicadores da economia apresentaram melhora — proje��o do Produto Interno Bruto (PIB), taxa de infla��o e desemprego est�o entre eles.
No entanto, o combo previsto para a virada de 2022 para 2023 ainda � de um crescimento inferior ao de pa�ses vizinhos, infla��o acima da meta, e desafio na cria��o de postos de trabalho com carteira assinada.
Al�m disso, o pr�ximo governo ter� a miss�o de comandar decis�es relevantes para os cofres p�blicos e para o dia a dia da popula��o, como o futuro do Aux�lio Brasil, turbinado �s v�speras da elei��o.
Crescimento econ�mico
Nos �ltimos meses, as expectativas do mercado financeiro para o PIB (Produto Interno Bruto, soma de bens e servi�os de um pa�s) ao fim do ano aumentaram. A proje��o, que em julho estava abaixo de 2%, agora est� em 2,76%, segundo o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central em 24 de outubro. Para 2023, a expectativa � de um crescimento de apenas 0,63%.� parecido com a proje��o do Banco Central, que aumentou, no fim de setembro, a estimativa de crescimento deste ano para 2,7%. Para 2023, no entanto, prev� uma desacelera��o da economia na compara��o com 2022, com o PIB crescendo 1%.
No entanto, veio dado negativo recentemente: o �ndice de Atividade Econ�mica (IBC-BR) do Banco Central, considerado a "pr�via" do PIB, registrou retra��o de 1,13% em agosto, na compara��o com julho. Esse foi o maior tombo mensal para o indicador desde mar�o de 2021, quando foi registrada uma queda de 3,6%.
Mas como est� o Brasil em rela��o a outros pa�ses?
A Cepal (Comiss�o Econ�mica para a Am�rica Latina e o Caribe) divulgou em agosto uma compara��o entre as expectativas de crescimento para os pa�ses na regi�o, que inclui uma expectativa de menos de 2% para o crescimento brasileiro neste ano. O comparativo mostra que o Brasil perde para pa�ses como Venezuela, Col�mbia, Uruguai, Bol�via e Argentina.

Analistas apontam que a Am�rica Latina est�, de certa forma, privilegiada em rela��o a pa�ses da Europa por ser afetada de forma menos direta pelos impactos da guerra na Ucr�nia.
Infla��o e juros
A infla��o escalou de 2020 at� o in�cio de 2022, chegando em abril a mais de 12% na taxa acumulada em 12 meses. Essa foi a maior infla��o para o per�odo de um ano desde outubro de 2003.
Ap�s esse pico, a infla��o medida pelo IPCA come�ou a cair — e em agosto de 2022 baixou de dois d�gitos pela primeira vez em um ano (8,73% em 12 meses).

Em junho, o Banco Central admitiu oficialmente que a meta de infla��o para 2022 ser� descumprida pelo segundo ano seguido, quando previa uma alta de pre�os de 8,8% para 2022. A meta central de infla��o para este ano � de 3,5% e ser� oficialmente cumprida se ficar entre 2% e 5%.
Depois disso, em setembro, a institui��o reduziu para 5,8% a estimativa para este ano. E disse que h� 93% de chance de ficar acima da meta.
A revis�o na estimativa da alta de pre�os feita pelo Banco Central veio depois do corte de tributos sobre itens essenciais, como combust�veis e energia el�trica — al�m de redu��es seguidas da Petrobras nos pre�os de combust�veis —, que impactam a infla��o diretamente e tamb�m indiretamente, por meio dos pre�os de outros produtos.
Para 2023, n�o h� previs�o de melhora significativa no �ndice em rela��o � taxa prevista para 2022 — o Banco Central prev� um IPCA de 4,6% para o ano que vem. E a expectativa do mercado financeiro � um pouco acima disso: 4,94%, segundo o Boletim Focus divulgado em 24 de outubro.
Al�m de corroer o poder de compra dos trabalhadores, a alta de pre�os tem como outra consequ�ncia o aumento dos juros. � que, nesses casos, o Banco Central aumenta a taxa b�sica de juros, a Selic, para tentar controlar a alta acelerada dos pre�os.
Desde mar�o de 2021, a taxa b�sica de juros foi elevada por 12 vezes consecutivas. No per�odo, subiu 11,75 pontos percentuais — o maior e mais longo ciclo de alta desde 1999. Em setembro, o Banco Central decidiu manter a taxa Selic em 13,75% ao ano. E manteve no mesmo n�vel na reuni�o de outubro.
Desemprego
A taxa de desemprego � outro indicador que teve alta recorde durante a pandemia e come�ou a cair recentemente — embora economistas apontem para o peso dos trabalhos sem carteira assinada nesse processo.
No primeiro trimestre de 2021, o IBGE registrou a maior taxa de desemprego da s�rie hist�rica iniciada em 2012, de quase 15%, e tamb�m o maior contingente de desocupados: 14,8 milh�es de pessoas.

Depois desse pico, come�ou a cair e deixou a casa dos dois d�gitos.
O dado mais recente divulgado pelo IBGE mostra que, no trimestre encerrado em setembro, a taxa de desemprego seguiu em queda e chegou a 8,7%. Foi a menor taxa desde o trimestre fechado em junho de 2015 (8,4%). O n�mero de empregados sem carteira assinada no setor privado foi de 13,2 milh�es de pessoas, o maior da s�rie hist�rica, iniciada em 2012.
Cinco anos ap�s a reforma trabalhista, a expectativa � que a cria��o de empregos formais ser� um desafio para a equipe do presidente eleito e para o Congresso Nacional.
Na proposta de governo de Lula, ele defende a cria��o de vagas de empregos e fala em revogar "marcos regressivos da atual legisla��o trabalhista, agravados pela �ltima reforma e restabelecendo o acesso gratuito � justi�a do trabalho".
Diz que "o novo governo ir� propor, a partir de um amplo debate e negocia��o, uma nova legisla��o trabalhista de extensa prote��o social a todas as formas de ocupa��o, de emprego e de rela��o de trabalho", com especial aten��o "aos aut�nomos, aos que trabalham por conta pr�pria, trabalhadores e trabalhadoras dom�sticas, teletrabalho e trabalhadores em home office, mediados por aplicativos e plataformas".
Na proposta de governo de Bolsonaro, ele fala em a��es que visem combater o trabalho informal. "A estrat�gia de inclus�o e combate � informalidade dever� contemplar alternativas contratuais inteligentes e que reconhe�am a realidade desses trabalhadores nas regi�es em que vivem, incluindo dos trabalhadores por aplicativos e trabalhadores rurais, dentre outros", diz o texto.
Tamb�m acrescenta que "� indispens�vel avan�ar na agenda de empregabilidade de jovens e mulheres".
POBREZA
Ao mesmo tempo em que � conhecido pela forte produ��o agr�cola, o Brasil n�o tem conseguido alimentar sua popula��o — e inclusive voltou ao Mapa da Fome, segundo a Organiza��o das Na��es Unidas.
A parcela de brasileiros que n�o teve dinheiro para alimentar a si ou a sua fam�lia em algum momento nos �ltimos 12 meses subiu de 30% em 2019 para 36% em 2021, atingindo recorde da s�rie iniciada em 2006, segundo levantamento do FGV Social.
E o problema afeta especialmente as mulheres: o patamar de inseguran�a alimentar ficou relativamente est�vel entre os homens, mas subiu de 33% para 47% para elas.

Os pesquisadores apontaram que a diferen�a entre g�neros da inseguran�a alimentar em 2021 foi 6 vezes maior no Brasil do que na m�dia global.
Vale lembrar que esses dados s�o referentes a um momento cr�tico da pandemia, que agravou problemas j� existentes no pa�s.
Dado deste ano, no entanto, aponta que, em 2022, 33,1 milh�es de pessoas n�o t�m o que comer, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Seguran�a Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). A mesma pesquisa aponta que a fome tem n�o s� g�nero, mas cor: 65% dos lares comandados por pessoas pretas ou pardas convivem com restri��o de alimentos.
E medidas de transfer�ncia de renda n�o ajudaram a reduzir o �ndice de pobreza?
Sim, mas poderiam ter efeitos melhores, disse � BBC News Brasil o economista Marcelo Neri, refer�ncia no tema e diretor do FGV Social. "O aux�lio emergencial levou a pobreza ao menor n�vel da s�rie hist�rica desde que elas s�o geradas no Brasil. Desigualdade menos, mas pobreza com certeza."
O problema � o que ele chamou, em estudo publicado pela FGV, de "montanha-russa da pobreza", no qual a equipe de Neri destaca a falta de estabilidade no n�vel de pobreza — e lembra que estabilidade � fundamental para o bem estar social.
"A pobreza caiu, depois aumentou e agora a gente n�o sabe exatamente quanto caiu — ainda n�o temos dado de 2022. Mas a gente sabe que ela poderia cair mais — os instrumentos n�o est�o muito ajustados. Para a quantidade de recursos que a gente tem gasto, poderia cair mais", diz Neri.
A pobreza chegou a seu menor n�vel de todos os tempos em agosto de 2020, com uma taxa de 3,9%, ap�s o in�cio do pagamento do aux�lio emergencial. No entanto, em mar�o de 2021, quando houve interrup��o do pagamento do benef�cio, a taxa chegou a 13,2%, recorde hist�rico da s�rie iniciada em 2015.
Neri destaca, ainda, que uma an�lise prolongada dos dados de pobreza mostra que ela "sempre cai em ano de elei��o" e que, at� aqui, na maioria das vezes, voltou a subir ap�s o ano eleitoral.
O economista, que foi ministro da Secretaria de Assuntos Estrat�gicos da Presid�ncia da Rep�blica e presidente do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea), diz que o aux�lio criado recentemente tem a qualidade de ser "generoso" — em refer�ncia ao valor de R$ 600. Mas destaca que o desafio do pr�ximo presidente, al�m de lidar com a "preocupante" instabilidade da pobreza, ser� o desenho do programa. Ele considera que o Bolsa Fam�lia n�o fazia "mais", mas fazia "melhor" do que o Aux�lio Brasil.
Uma das cr�ticas de especialistas ao desenho atual � que gera um cen�rio em que uma fam�lia de uma pessoa e outra de quatro integrantes podem receber valor igual ou semelhante, deixando fam�lias maiores com um valor mais baixo por pessoa.
A defini��o sobre o futuro da transfer�ncia de renda vir� acompanhada pelo desafio de equilibrar as contas p�blicas, com discuss�es sobre a arrecada��o de tributos e das prioridades nos gastos p�blicos.
EDUCA��O
Passado o momento cr�tico da pandemia, a crise na educa��o continua e deixa muitos desafios urgentes, segundo especialistas.
Pesquisa realizada em agosto pelo Ipec para o Unicef mostra que 2 milh�es de meninas e meninos de 11 a 19 anos que ainda n�o haviam terminado a educa��o b�sica deixaram a escola no Brasil.
O levantamento mostrou que 11% das crian�as e adolescentes est�o fora da escola no pa�s. E o problema � quatro vezes maior nas classes D e E — em que esse percentual chega a 17% — do que nas classes A e B, com 4%.
E 21% dos entrevistados disseram que nos �ltimos tr�s meses pensaram em desistir da escola.

Entre aqueles que n�o est�o mais frequentando a escola, a justificativa mais citada (48%) para o abandono dos estudos foi "porque tinha de trabalhar fora". N�o conseguir acompanhar as explica��es ou atividades foi um motivo apontado por 30%. E 29% apontaram tamb�m que "a escola n�o tinha retomado atividades presenciais". A necessidade de cuidar de familiares foi mencionada por 28%, al�m de falta de transporte (18%), gravidez (14%), desafios por ter alguma defici�ncia (9%), racismo (6%), entre outros.
Mas o que que representa essa quantidade de jovens fora da escola?
Diz Priscila Cruz, presidente do movimento Todos Pela Educa��o: "Voc� imaginar uma crian�a ou jovem com escolaridade baixa — abaixo da conclus�o do ensino m�dio —, isso vai significar para a vida dela: subemprego, dificuldade para se inserir economicamente e ter a sua dignidade mais b�sica garantida — como alimenta��o, habita��o — e tamb�m gera outros efeitos, como gravidez precoce", diz Cruz. "Para o pa�s, (efeito �) atividade econ�mica reduzida, maior concentra��o de renda, taxas de viol�ncia maiores, democracia fragilizada, cidadania fragilizada."
� por isso que ela chama a situa��o de "uma bomba social e econ�mica". "Como � uma bomba de explos�o lenta e de v�rias explos�es ao longo do tempo, a sociedade n�o percebe essa bomba estourando. S�o v�rias bombas estourando todos os dias", diz, citando crian�as nas ruas e trabalho infantil.
Como um dos problemas urgentes, Cruz destaca a necessidade de investir em merenda escolar e infraestrutura das escolas.
"A gente passou por um per�odo com escolas fechadas, se deteriorando, dinheiro da merenda sendo cortada, de aumento de crian�as em fam�lias em situa��o de inseguran�a alimentar. Ent�o, tudo isso faz com que a gente precise investir naquela agenda que � a dignidade — ter uma escola de p� e uma crian�a de p�", diz ela, que passou parte de 2021 e deste ano percorrendo escolas pelo pa�s.
Outra tarefa do pr�ximo presidente, segundo ela, � restabelecer a colabora��o entre Uni�o, Estado e munic�pios — "espinha dorsal" da pol�tica da educa��o b�sica, tarefa dos tr�s entes da federa��o.
"O primeiro ato do novo presidente da Rep�blica, na minha opini�o, deveria ser chamar os 27 governadores para uma mesa para estabelecer o federalismo na educa��o brasileira."
Al�m de recuperar as perdas dos �ltimos anos, Cruz diz que o governo tamb�m deve "colocar em pr�tica uma agenda sist�mica de pol�ticas educacionais baseadas em evid�ncias e nas boas experi�ncias brasileiras — a implementa��o do novo ensino m�dio, pol�tica de primeira inf�ncia, pol�tica de forma��o continuada de professores, al�m de ampliar a oferta de educa��o profissional e t�cnica nas �reas da economia do s�culo 21."
SA�DE
A pandemia escancarou e agravou diversas dificuldades do Brasil na �rea da sa�de, al�m de destacar diferen�as regionais.
A m�dica, professora da Unicamp e presidente da Abrasco (Associa��o Brasileira de Sa�de Coletiva), Rosana Onocko Campos, define a atual situa��o do Brasil na sa�de como "um colapso total e irrestrito de tudo o que a gente j� teve funcionando um dia".
Para Campos, "desde 2016 (ano da proposta do teto de gastos), a gente vem ladeira abaixo" — um cen�rio que ela destaca que foi agravado pela pandemia. E complementa que houve "uma intencionalidade" do governo de "destruir quest�es do sistema que vinha funcionando", e cita "o desfinanciamento da aten��o prim�ria, passando pela destrui��o dos sistemas de informa��o, atraso na compra de vacinas e atentados contra a estabilidade dos trabalhadores da sa�de em plena pandemia."
A professora diz que o Brasil precisar� "trocar o pneu do carro com o carro andando", destacando a necessidade de ampliar o provimento de equipes de sa�de da fam�lia e conseguir que as equipes possam, de fato, operar em rela��o a algumas prioridades.
O primeiro passo, para Campos, � "ter um comando da sa�de no pa�s" — em refer�ncia ao Minist�rio da Sa�de.
Um dos diversos n�meros que revelam desafios do pr�ximo presidente na sa�de � a redu��o da cobertura vacinal nos �ltimos anos. Ainda que os dados mais recentes sejam parciais, � poss�vel ver que h� uma queda de 2018 para c� na propor��o da popula��o imunizada.

Em agosto deste ano, a Fiocruz apontou que a cobertura vacinal no Brasil "est� em �ndices alarmantes" e fez campanha em v�deo para alertar a popula��o de que as vacinas t�m a miss�o de proteger o corpo humano, ao ensinar o sistema imunol�gico a combater v�rus e bact�rias que desafiam a sa�de p�blica — prevenindo adoecimentos e mortes.
Campos atribui a redu��o na cobertura vacinal n�o s� a um negacionismo que afeta diversos pa�ses, mas diz acreditar que "a maioria da queda da vacina��o se deve � falta de est�mulo a campanhas educacionais que promovem a vacina��o" e defende a necessidade de exigir vacina��o para acessar benef�cios sociais. Ela aponta, ainda, que uma melhora na aten��o prim�ria tamb�m ajudaria a garantir uma oferta mais efetiva de vacinas � popula��o.
A queda na cobertura vacinal tem levado pesquisadores a alertarem para os riscos de retorno de doen�as j� erradicadas, como a poliomielite. O Brasil foi considerado livre dela em 1994, mas a Fiocruz destaca que a doen�a, tamb�m chamada de p�lio ou paralisia infantil, "corre grande risco de ser reintroduzida no pa�s".
SEGURAN�A P�BLICA
Na seguran�a p�blica, a boa not�cia � que houve queda na taxa de mortes violentas intencionais no Brasil.
Segundo o F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica, o pico de viol�ncia letal ocorreu em 2017, quando o pa�s registrou 30,9 mortes violentas intencionais (homic�dios) para cada 100 mil habitantes. Depois, houve uma tend�ncia de queda e, em 2021, a taxa foi de 22,3, uma redu��o de 6,5% em rela��o a 2020.
Dois pontos centrais explicam esse resultado, segundo David Marques, coordenador de projetos do F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica: pol�ticas p�blicas estaduais (com algumas unidades da federa��o, segundo ele, investindo em trabalho e equipamento) e a din�mica do crime organizado — em 2017, ele lembra que houve "desdobramentos de um conflito de larga escala entre o PCC e o Comando Vermelho pelo controle das rotas no Centro-Oeste".
Bolsonaro j� atribuiu a redu��o de assassinatos � libera��o de armas, mas especialistas disseram que mais armas representam maior risco � sociedade. Analistas atribu�ram a tend�ncia de diminui��o de assassinatos no Brasil a fatores como profissionaliza��o do mercado de drogas brasileiro, � cria��o no �mbito federal do Sistema �nico de Seguran�a P�blica, maior controle e influ�ncia dos governos sobre os criminosos, tr�guas nos conflitos entre fac��es, e redu��o do n�mero de jovens na popula��o.
Mesmo essa melhora na taxa nacional, no entanto, n�o foi suficiente para colocar o Brasil em um bom patamar.

O Anu�rio Brasileiro de Seguran�a P�blica aponta que, na compara��o internacional, "fica patente o qu�o distante estamos de qualquer refer�ncia civilizat�ria da humanidade e que, por tr�s da ideia de na��o pac�fica, vivemos uma profunda e covarde crise de indiferen�a e de embrutecimento das rela��es sociais cotidianas."
E qual deve ser o papel do governo federal para melhorar esse cen�rio? Segundo Marques, al�m de ter suas pol�cias — como a Pol�cia Federal — "o governo federal tem � sua disposi��o os recursos do Fundo Nacional de Seguran�a P�blica e cabe a ele, por meio desse instrumento de financiamento, fazer a coordena��o e a indu��o da pol�tica p�blica".
- Este texto foi publicado emhttps://www.bbc.com/portuguese/brasil-63096483