Conhe�a os mineiros cotados para virar ministros de Lula
Alexandre Kalil, Reginaldo Lopes, Alexandre da Silveira e Andr� Janones est�o entre os principais nomes de Minas cogitados para assumir minist�rios
Alexandre Kalil, Reginaldo Lopes, Alexandre da Silveira e Andr� Janones est�o entre os mineiros cogitados para minist�rios
(foto: Alexandre Guzanshe, Gladyston Rodrigue e T�lio Santos/EM/D.A Press)
Em meio aos trabalhos da transi��o entre o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e o terceiro mandato de Luiz In�cio Lula da Silva (PT), que fazem a nova administra��o federal come�ar a tomar forma, ganham corpo as primeiras conversas a respeito da escolha dos ministros de Estado. A fim de n�o perder aliados, Lula evitou durante toda a campanha apontar nomes de chefes de setores importantes, como a economia. Agora, depois da vit�ria nas urnas, interlocutores do PT e aliados de outros partidos admitem possibilidades. De Minas Gerais, ao menos dois nomes s�o listados por fontes ouvidas pelo Estado de Minas para eventuais cargos no governo.
Um deles � o deputado federal Reginaldo Lopes (PT); o outro, o senador Alexandre Silveira (PSD). O petista � aventado para o Minist�rio da Educa��o, enquanto Silveira � citado para um poss�vel cargo na �rea da infraestrutura federal – a favor dele, pesa o fato de j� ter sido diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Reginaldo encabe�ou o comando da campanha de Lula em Minas Gerais. No segundo turno, passou a ter a companhia de Silveira, que assumiu a coordena��o pol�tica do grupo. Embora seja economista de forma��o, o deputado do PT tem trajet�ria ligada � educa��o. Foi, inclusive, o representante da coaliz�o lulista em uma sabatina sobre o tema promovida pela Folha de S.Paulo em setembro. Reginaldo � ligado, tamb�m, � ci�ncia e tecnologia, setor que, sob Bolsonaro, tem minist�rio pr�prio, desvinculado da pasta que cuida do ensino p�blico.
A percep��o de aliados sobre a possibilidade de Reginaldo emplacar posto de primeiro escal�o na Educa��o ou na Ci�ncia e Tecnologia vai ao encontro da boa rela��o do deputado com Lula. L�der do PT na C�mara dos Deputados, o parlamentar ensaiava uma pr�-candidatura ao Senado e liderava pesquisas sobre a disputa, mas abriu m�o para apoiar a campanha de Silveira � reelei��o. O movimento proporcionou a uni�o da federa��o formada por PT, PCdoB e PV a Alexandre Kalil (PSD), que se candidatou ao governo e abriu o palanque a Lula.
"Atitude hist�rica"
� �poca da sa�da de Reginaldo do p�reo pelo Senado, o ent�o presidenci�vel chamou o gesto do correligion�rio de “atitude hist�rica”. “Reginaldo, da forma mais extraordin�ria, solid�ria e fraterna que um ser humano pode ser, resolveu retirar a candidatura dele ao Senado e se colocar � disposi��o, a pedido meu e de Gleisi Hoffmann, para ser o coordenador de minha campanha em Minas”, festejou Lula na �poca.
Silveira, por sua vez, tem o nome ligado ao comando do Dnit, mas aliados tamb�m citam a chance de ele assumir alguma pasta fruto do desmembramento do Minist�rio do Desenvolvimento Regional. Da divis�o, devem ser recriados, por exemplo, os minist�rios das Cidades e da Integra��o Nacional. As duas pastas est�o relacionadas ao papel que o senador teve na campanha de Lula em Minas.
Equipe de transi��o j� discute nomes de futuros ministros de Lula (foto: S�rgio Lima/AFP - 21/3/20)
Bem relacionado com prefeitos, ele foi escalado para conter a ofensiva que Bolsonaro e o governador Romeu Zema (Novo) fizeram para tentar atrair o apoio de lideran�as municipais. Nas urnas, embora tenha crescido mais de seis pontos percentuais em rela��o ao primeiro turno, o candidato � re- elei��o perdeu a disputa final para Lula no estado por 50,2% a 49,8%.
Silveira mergulhou na campanha de Lula mesmo ap�s perder a reelei��o para Cleitinho Azevedo (PSC). O empenho do senador, citado, tamb�m, para a pasta de Minas e Energia, � valorizado pelo PT. Se o prov�vel embarque do PSD � base de Lula for concretizado, o partido deve ter a chance de indicar nomes para a administra��o federal. Ben-quisto pelo presidente da sigla, Gilberto Kassab, o parlamentar mineiro poderia ser um dos escolhidos para a cota partid�ria.
Reelei��o do correligion�rio
Sob reservas, um interlocutor ligado � coaliz�o de Lula apontou que a poss�vel escolha de Silveira para ocupar uma das vagas destinadas ao PSD, al�m de contemplar a legenda, levaria um nome de Minas Gerais � Esplanada dos Minist�rios. O senador mineiro vai receber uma recompensa indireta pelo esfor�o pr�-Lula se o PT apoiar a recondu��o de Rodrigo Pacheco (PSD) ao Congresso Nacional. Segundo soube a reportagem, a reelei��o do correligion�rio � uma das prioridades de Silveira.
A necessidade de ter um nome mineiro no governo, ali�s, � um dos pontos que podem auxiliar Reginaldo Lopes. Isso porque, embora a senadora Simone Tebet (MDB-MS) tamb�m seja cotada para a cadeira de chefe da Educa��o, o deputado teria o apoio dos diret�rios mineiros do PT, PCdoB e PV em eventual concorr�ncia pela vaga. O estado foi o �nico das quatro unidades federativas do Sudeste que Bolsonaro n�o arrematou no segundo turno.
O deputado ganhou protagonismo tamb�m no n�cleo respons�vel pela passagem de bast�o entre os governos. Ele � um dos respons�veis por construir a Proposta de Emenda � Constitui��o (PEC) da Transi��o, articulada pela base lulista para abrir espa�o fiscal no Or�amento de 2023 e tentar garantir, por exemplo, a continuidade de pagamentos mensais de R$ 600 de aux�lio.
O deputado estadual Cristiano Silveira, presidente do PT em Minas Gerais, diz estar “otimista” sobre a presen�a de representantes do estado em assentos importantes do terceiro governo de Lula. “Um minist�rio tem de ser convite do presidente. Minas tem bons quadros e pode colaborar no governo Lula”, afirma, listando n�o apenas Reginaldo e Silveira, mas, tamb�m, Alexandre Kalil. “Lula, se precisar, poder� contar com esses personagens”, garante o dirigente.
Janones entre os mais cotados
A campanha de Lula tamb�m teve a importante participa��o de outro mineiro: o deputado federal reeleito Andr� Janones, do Avante. Conselheiro do presidente eleito para assuntos ligados �s redes sociais, ele abriu m�o de candidatura pr�pria ao Pal�cio do Planalto para apoiar o petista. Reservadamente, h� quem especule cen�rio em que Janones assuma o Minist�rio das Comunica��es. Essa conjuntura, contudo, ainda � tratada de forma incipiente, visto que Lula n�o fez convites oficiais aos integrantes de seu futuro time.
A avalia��o � que Janones poderia replicar, no governo, as t�ticas que usou para minar os efeitos da estrat�gia digital bolsonarista. O deputado travou embates digitais com figuras como Nikolas Ferreira (PL), apoiador do presidente derrotado. Na reta final do segundo turno, a coliga��o de Bolsonaro pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que os perfis do parlamentar do Avante nas redes sociais fossem suspensos. A solicita��o, contudo, acabou negada.
Ainda no Avante, quem tamb�m pode ganhar impulso com a vit�ria de Lula � Luis Tib�, deputado federal por Minas e presidente nacional da agremia��o. Tib� articula uma candidatura ao Tribunal de Contas da Uni�o (TCU), em elei��o a ser realizada pela C�mara. A expectativa � que, ap�s o apoio do partido ao PT na corrida ao Pal�cio do Planalto, os deputados petistas endossem a empreitada de Tib�. Ele deseja ocupar o assento que vai ser deixado ap�s a aposentadoria da ministra Ana Arraes. O pleito para a corte de Contas � secreto e n�o tem data marcada – a responsabilidade cabe a Arthur Lira (PP-AL), presidente da C�mara.
Tradi��o mineira na Esplanada
Se indicar mineiros para compor o governo federal, Lula vai dar continuidade � tradi��o de ter representantes do estado em postos estrat�gicos de sua gest�o. O deputado federal Patrus Ananias (PT), por exemplo, foi ministro do Desenvolvimento Social e Combate � Fome entre 2004 e 2010. O tamb�m petista Nilm�rio Miranda, por sua vez, foi o chefe da Secretaria Especial dos Direitos Humanos.
Atualmente filiado ao PSB, o ex-emedebista Saraiva Felipe ocupou o Minist�rio da Sa�de entre 2005 e 2006. Quem tamb�m representou Minas no governo Lula foi Walfrido dos Mares Guia, um dos principais interlocutores do presidente eleito no estado. Em Bras�lia (DF), Walfrido foi ministro do Turismo entre 2003 e 2007. No mesmo ano, foi o ministro-chefe da Secretaria de Rela��es Institucionais da Presid�ncia da Rep�blica.
A rela��o entre ele e Lula se fortaleceu e a amizade entre os dois persiste. Sob a gest�o de Dilma Rousseff (PT), houve espa�o para Fernando Pimentel, do mesmo partido, que comandou os trabalhos no setor de Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior.
Em 21 de outubro, durante a �ltima passagem por Minas Gerais, Lula concedeu entrevista exclusiva ao Estado de Minas, � TV Alterosa e ao Portal Uai. Na conversa, ele evitou cravar o tamanho do espa�o destinado ao estado no primeiro escal�o do Planalto, mas valorizou a import�ncia da pol�tica mineira. “N�o � poss�vel cravar um n�mero porque, antes das elei��es, se voc� ficar nomeando ministro, voc� termina perdendo mais amigo do que conquistando amigo”, disse. Segundo o presidenci�vel, os mineiros “nunca tentam desrespeitar a pessoa” e est�o “sempre querendo conversar”. “De conversa em conversa, o mineiro vai ganhando espa�o”, emendou.
Neste ano, ao escolher Geraldo Alckmin (PSB) como parceiro de chapa, Lula seguiu um “roteiro” que j� havia utilizado em 2002, quando chamou Jos� Alencar (1931-2011) para ser seu candidato a vice-presidente. Fundador da empresa t�xtil Coteminas, Alencar, nascido em Muria�, na Zona da Mata, ajudou o PT a quebrar a resist�ncia demonstrada por setores refrat�rios �s ideias do partido. Alencar tinha feito carreira no MDB, mas � �poca Lula alojou Alencar em uma legenda de sua base aliada – o antigo Partido Liberal (PL). Vinte anos depois, Alckmin viveu situa��o semelhante e, ap�s deixar o PSDB, foi se abrigar no PSB, posicionado do centro � esquerda.
