
O presidente verborr�gico que n�o hesitava em comprar brigas e comentar os principais acontecimentos do notici�rio deu lugar a um Bolsonaro recluso e de poucas palavras.
Passados 14 dias da vit�ria do presidente eleito Luiz In�cio Lula da Silva (PT), o atual mandat�rio n�o parabenizou o petista e evitou comentar at� mesmo o relat�rio das For�as Armadas sobre a fiscaliza��o do processo eleitoral.
Ativo na internet e acostumado a dar discursos em eventos e a fazer lives, Bolsonaro promoveu apenas duas declara��es p�blicas depois da derrota. Al�m disso, foram apenas tr�s publica��es nas redes sociais. Ele n�o realizou nenhuma das suas lives semanais, que ocorriam tradicionalmente �s quintas-feiras.
Pouco depois do fim do pleito, alguns aliados defenderam junto ao presidente que ele deveria reconhecer publicamente a derrota nas urnas.
O mandat�rio resistiu e adotou um sil�ncio que, segundo aliados, acabou surtido efeito positivo junto � base mais radicalizada que se reuniu em frente a quart�is para pedir uma interven��o militar.
A an�lise � que uma declara��o em defesa do respeito ao resultado das elei��es poderia desmobilizar seus apoiadores que participam dos atos antidemocr�ticos nas proximidades de edif�cios militares.
Aliados do presidente entendem que essas manifesta��es s�o importantes para enfraquecer o candidato vitorioso, refor�ar a polariza��o e manter Bolsonaro como o principal l�der da direita no Brasil --e consequentemente da futura oposi��o ao PT.
Em sinal de que n�o discorda dos protestos, no primeiro pronunciamento ap�s o pleito, o presidente disse que as mobiliza��es s�o fruto de "indigna��o" e "sentimento de injusti�a".
Pouco depois, divulgou um v�deo para pedir que seus apoiadores desbloqueassem vias obstru�das em diversos estados. Mais uma vez, deixou de comentar o teor antidemocr�tico das manifesta��es e disse que era contr�rio apenas ao bloqueio das estradas.
No per�odo ap�s a derrota, Bolsonaro tamb�m manteve uma agenda oficial reduzida de compromissos. Ele se isolou no Pal�cio da Alvorada. No local, o chefe do Executivo tem recebido poucos aliados mais pr�ximos.
Ele foi em apenas duas oportunidades ao Pal�cio do Planalto desde a derrota eleitoral.
A primeira foi no dia seguinte � elei��o, quando teve encontro com Paulo Guedes (Economia) e outros ministros.
Em 3 de novembro, teve uma passagem rel�mpago pelo Planalto: foi cumprimentar o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), que estava no local para a primeira reuni�o da transi��o com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.
Na ocasi�o, segundo relatos obtidos pela Folha, pediu a Alckmin que ele "livrasse o Brasil do comunismo".
Aliados d�o ainda uma explica��o adicional para a reclus�o do mandat�rio. Segundo pessoas pr�ximas, ele se recupera de um quadro de infec��o bacteriana nas pernas. O Planalto n�o comentou o estado de sa�de do mandat�rio.
Bolsonaro foi econ�mico nas palavras at� nas publica��es nas redes sociais --campo que chegou a ser dominado por ele e aliados. Em uma rara publica��o, o presidente compartilhou apenas uma foto em que aparece no lan�amento de sua candidatura � reelei��o, no Rio de Janeiro em julho.
A imagem mostra apoiadores vestidos de verde e amarelo e uma bandeira do Brasil ao fundo.
O chefe do Executivo tampouco comentou o relat�rio das For�as Armadas sobre fiscaliza��o da vota��o.
Bolsonaro sempre levantou suspeitas sem provas e mentiras contra as urnas eletr�nicas. Ele chegou a condicionar a aceita��o do resultado eleitoral �s conclus�es das For�as Armadas sobre a confer�ncia do sistema de vota��o.
Num discurso logo ap�s o primeiro turno, Bolsonaro disse que s� iria se pronunciar se acreditava no resultado do pleito ap�s apresenta��o de relat�rio dos militares.
Na reta final do segundo turno, em entrevista a um podcast americano, afirmou que, segundo os militares, era "imposs�vel dar um selo de credibilidade" ao sistema eletr�nico de vota��o.
O relat�rio foi divulgado na quarta-feira (9).
O fato de a fiscaliza��o dos militares n�o n�o encontrar fraude ganhou destaque nos principais meios de comunica��o do pa�s. Na manh� de quinta-feira (10), o minist�rio da Defesa publicou nova nota para dizer que "as For�as Armadas n�o excluem a possibilidade de fraude ou inconsist�ncias nas urnas eletr�nicas".
Mesmo ap�s o novo texto, que manteve aceso o discurso golpista contra urnas ecoado por apoiadores do presidente, Bolsonaro permaneceu.
Apesar do sil�ncio, o mandat�rio articulou com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, uma estrutura para tentar se firmar como principal nome da direita no pa�s. Na �ltima semana, o cacique do partido de Bolsonaro anunciou que a sigla ser� oposi��o ao governo do PT.
Ele tamb�m confirmou que Bolsonaro, a partir do momento que deixar a Presid�ncia, ter� um cargo no partido. A previs�o � que o chefe do Executivo seja presidente de honra do PL. Valdemar tamb�m afirmou que Bolsonaro deve ser candidato a presidente em 2026.