
O chefe do Executivo sempre levantou suspeitas, sem provas, contra as urnas eletr�nicas. Ele chegou a condicionar a aceita��o do resultado eleitoral �s conclus�es das For�as Armadas sobre a fiscaliza��o do sistema de vota��o.
Num discurso logo ap�s o primeiro turno, em que terminou em segundo lugar, mas elegeu diversos aliados em postos importantes, Bolsonaro disse que s� iria se pronunciar se acreditava no resultado do pleito ap�s apresenta��o de relat�rio das For�as Armadas.
Na reta final do segundo turno, em entrevista a um podcast americano, afirmou que, segundo os militares, era "imposs�vel dar um selo de credibilidade" ao sistema eletr�nico de vota��o.
Leia mais: Valdemar diz que Bolsonaro vai se candidatar a presidente em 2026
O relat�rio citado por Bolsonaro como condi��o para aceitar o resultado do pleito foi divulgado na quarta-feira (9). Nele, as For�as Armadas dizem que n�o encontraram nenhum ind�cio de que o resultado da elei��o foi manipulado, mas n�o descartaram a possibilidade de fraude.
O fato de a fiscaliza��o dos militares n�o encontrar fraude no processo eleitoral ganhou destaque nos principais meios de comunica��o do pa�s. Na manh� desta quinta-feira (10), o minist�rio da Defesa publicou nova nota para enfatizar que "as For�as Armadas n�o excluem a possibilidade de fraude ou inconsist�ncias nas urnas eletr�nicas".
Mesmo ap�s o novo texto, que manteve aceso o discurso golpista contra urnas ecoado por apoiadores do presidente, Bolsonaro se manteve em sil�ncio.
O mandat�rio s� deu duas declara��es ap�s a derrota no segundo turno, em 30 de outubro, e em nenhuma delas reconheceu a vit�ria do advers�rio ou parabenizou Lula. De maneira formal, ele liberou o in�cio do governo de transi��o, e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, assinou no Di�rio Oficial da Uni�o a nomea��o do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), como coordenador da transi��o.
Leia mais: Zema retoma agenda ap�s derrota do aliado Bolsonaro
A fiscaliza��o das For�as Armadas nas urnas ocorre ap�s o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) convidar os militares a compor uma comiss�o de transpar�ncia eleitoral, integrada por diversas entidades para acompanhar as elei��es.
O convite foi feito no ano passado por iniciativa do ent�o presidente do TSE, ministro Lu�s Roberto Barroso. � �poca, Bolsonaro j� promovia diversos ataques contra as urnas eletr�nicas.
As For�as Armadas sempre auxiliaram o TSE na log�stica dos pleitos, mas pela primeira vez passaram a integrar oficialmente uma comiss�o dessa natureza.
A ideia de Barroso era trazer os militares para mais perto do processo eleitoral e, assim, conseguir o respaldo deles na defesa do sistema eletr�nico de vota��o.
Ao longo do tempo, por�m, o convite passou a ser considerado um equ�voco nos bastidores.
Em conversas reservadas, ministros passaram a avaliar que a tentativa de obter um ant�doto teve o efeito contr�rio e tornou-se um tiro no p�: ao inv�s de aumentar a confiabilidade do pleito, forneceu uma ferramenta para as For�as Armadas inflarem ainda mais o discurso de Bolsonaro contra o sistema de vota��o do pa�s.