A partir de 1° de fevereiro do pr�ximo ano, cinco das 513 cadeiras da C�mara dos Deputados v�o ser ocupadas por parlamentares autodeclarados ind�genas. Entre eles, est�o a mineira C�lia Xakriab�, eleita pelo Psol, e S�nia Guajajara, filiada ao mesmo partido, mas que concorreu por S�o Paulo. No Amap�, houve a vit�ria de S�lvia Wai�pi, do PL.
Dois deputados do PT tamb�m autodeclarados ind�genas: Paulo Guedes (MG), reeleito, e Juliana Cardoso (SP).
Primeira mulher ind�gena a representar Minas Gerais no Congresso Nacional, C�lia Xakriab� recebeu 101.154 votos. Doutora em antropologia, ela celebrou o assunto que pauta a reda��o do Enem.
"� tempo de olhar para a nossa ancestralidade, para a nossa cultura e para nossos povos origin�rios. Que isso entre nas escolas e no imagin�rio de todos os brasileiros e brasileiras", disse.
O tema da reda��o do enem hoje � a valoriza��o de comunidades e povos tradicionais no Brasil! � tempo de olhar para a nossa ancestralidade, para a nossa cultura e para nossos povos origin�rios. Que isso entre nas escolas e no imagin�rio de todos os brasileiros e brasileiras.
%u2014 C�lia Xakriab� (@celiaxakriaba) November 13, 2022
Segundo dados da C�mara dos Deputados, neste ano, o n�mero de pessoas que se consideram ind�genas a disputar a elei��o geral foi o maior desde o in�cio da autodeclara��o, em 2014. Naquele ano, 89 ind�genas tentaram cargos eletivos; quatro anos depois, o n�mero chegou a 134. Em 2022, foram 178.
O governo federal reconhece, como povos tradicionais, as comunidades culturalmente diferenciadas, que possuem formas tradicionais de organiza��o e, por muitas vezes, utilizam recursos naturais e terras para atos religiosos, de subsist�ncia e a fim, tamb�m, de manter viva a ancestralidade. Nesses crit�rios, encaixam-se n�o apenas os �ndios, mas, tamb�m, quilombolas, extrativistas, geraizeiros e comunidades de matriz africana.
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Quatro anos atr�s, quando Jo�nia Wapichana (Rede/RR) foi eleita deputada federal, um hiato de quase 37 anos sem um representante dos povos tradicionais em Bras�lia (DF). Desta vez, ela n�o conseguiu o triunfo.
Antes de Jo�nia, o �nico ind�gena eleito � C�mara havia sido o cacique M�rio Juruna, escolhido pela popula��o em 1982, quando concorreu pelo PDT do Rio de Janeiro. O �ndio xavante andava pelos corredores do Congresso com o terno e a gravata que comp�em a indument�ria de um parlamentar, mas n�o abria m�o de ter, � cabe�a, um cocar. Portava, tamb�m, um gravador, para se preservar nas conversas travadas com os colegas.
Falecido em 2002 e batizado Mario Dzuruna Buts�, o ex-parlamentar criou, na C�mara, a Comiss�o Permanente do �ndio. O colegiado foi um embri�o da atual Comiss�o de Direitos Humanos e Minorias. Em 1985, Juruna chegou a acusar um empres�rio de tentar suborn�-lo para votar em Paulo Maluf na elei��o presidencial indireta - que acabou vencida por Tancredo Neves.
"(Juruna) lutou muito pela demarca��o (de terras), defendeu direitos, denunciou v�rias invas�es, mortes de lideran�as e demarca��es mal-feitas. Foi s� um mandato. Ele denunciou v�rias vezes a corrup��o no Congresso. H� aquela imagem dele devolvendo dinheiro de propina", lembrou, no ano passado, em entrevista ao Estado de Minas, o neto de Juruna, Rafael Weree.