
“Minha pauta � enfermagem e, em segundo lugar, o autismo. Depois, vou defender minha regi�o, os vales do Mucuri e Jequitinhonha”, disse, ontem, ao participar do “EM Entrevista”, podcast de Pol�tica do Estado de Minas.
Embora diga que os profissionais de enfermagem foram “muito maltratados” sob a gest�o do governador mineiro Romeu Zema (Novo), Farias garantiu cerrar fileiras para “lutar” pela classe. No topo da lista de tarefas que pretende cumprir, est� o piso nacional da enfermagem.
A lei, que garante o pagamento de, no m�nimo, R$ 4.750 mil mensais a enfermeiros, R$ 3.325 a t�cnicos de enfermagem, al�m de R$ 2.375 a auxiliares de enfermagem e parteiras, j� foi aprovada pelo Congresso. Falta, por�m, o apontamento das fontes de custeio respons�veis por bancar o aumento. O imbr�glio fez o piso ser suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Apesar do impasse, Farias cr� que deputados federais e senadores far�o “justi�a” aos enfermeiros. “Foram os que vacinaram este pa�s na pandemia”, afirmou, alertando para os impactos emocionais causados pela atua��o na linha de frente da batalha contra a COVID-19. A �ntegra da entrevista est� dispon�vel no canal do Portal Uai no YouTube.
O senhor � defensor do piso nacional da enfermagem, mas a lei sobre o tema foi suspensa pelo STF. Que avalia��o faz?
� muito preocupante. A suspens�o j� passa de 60 dias. Estamos trabalhando para aprovar a fonte de custeio (do piso da enfermagem) e resolver, de uma vez por todas, esse sonho. Na quarta-feira (23/11) vai ser votado um projeto para garantir uma fonte provis�ria de custeio, mas � um problema s�rio. Precisamos de uma fonte permanente de custeio, que j� foi apresentada � C�mara. N�o tenho o poder de resolver, mas, todos os dias, vou lutar pela minha categoria. A melhor fonte de custeio � um projeto permanente. Um projeto provis�rio vai resolver nos pr�ximos dois anos, mas queremos (o piso) permanente. Tenho certeza que o Congresso vai fazer justi�a contemplando os colegas da enfermagem. Foram os que vacinaram este pa�s na pandemia. Os colegas da enfermagem t�m o maior �ndice de adoecimento mental.
H� outras pautas ligadas � enfermagem que o senhor pretende encampar no Congresso Nacional?
� a �nica categoria de sa�de do Brasil que trabalha 40 horas (semanais). M�dicos t�m 20 horas; psic�logos, farmac�uticos e fisioterapeutas, 30. Por que a enfermagem tem de ter 40 horas? Temos de ter uma carga hor�ria justa. Assim que o piso come�ar a vigorar em todo o pa�s, vamos come�ar uma luta pelas 30 horas. A categoria merece. Temos o maior �ndice de adoecimento mental. A enfermagem est� adoecendo. H� necessidade de uma carga hor�ria adequada.
Andr� Janones, do Avante, pediu a Lula que criasse uma Secretaria Nacional sobre Sa�de Mental. O senhor concorda?
Uma secretaria sobre Sa�de Mental � important�ssima. Mas � importante, tamb�m, uma secretaria nacional para a Inclus�o Social. H� um �ndice muito aumentado de (pessoas com) autismo. Quero trabalhar pelo autismo no Brasil e no estado. Minha pauta � enfermagem e, em segundo lugar, o autismo. Depois, vou defender minha regi�o, os vales do Mucuri e Jequitinhonha. Tenho pautas voltadas � inclus�o. Fa�o quest�o de brigar, no Congresso, pela cria��o dessa secretaria de Inclus�o Social. Meu gabinete ter� o primeiro secret�rio parlamentar autista do Congresso Nacional. Quero ter um assessor autista para mostrar � sociedade a import�ncia da inclus�o.
Como o senhor analisa a postura dos governos federal e mineiro no enfrentamento � pandemia de COVID-19?
Minas tem o menor �ndice de mortalidade, entre os estados, quanto � pandemia. Mas poderia ter feito mais — e n�o � feito. N�o h� valoriza��o dos profissionais. Est�o desgastados. Fico preocupado quando chego ao Conselho de Enfermagem e vejo pessoas cancelando a carteirinha por n�o quererem mais trabalhar na sa�de. Os governos federal e estadual poderiam fazer suas partes valorizando os profissionais. Zema concedeu insalubridade e gratifica��o tempor�ria aos m�dicos na pandemia, mas n�o aos enfermeiros, t�cnicos e auxiliares. S�o os profissionais de enfermagem que ficam � beira dos leitos cuidando dos pacientes — e n�o os m�dicos. Foi uma injusti�a. � muito triste. Zema, antes do piso come�ar a vigorar, mandou uma nota ao STF dizendo n�o ter condi��es de pagar. Se Minas n�o tem condi��o de pagar o piso, quem vai ter? Vamos ficar o tempo todo sendo desvalorizados e perdendo profissionais? Est� faltando m�o de obra. Se vier a quarta onda da pandemia, quem vai cuidar da sociedade? Os m�dicos s�o suficientes? S� eles v�o cuidar? Os pol�ticos (v�o cuidar)? Temos de parar e observar a import�ncia de um profissional da enfermagem, que cuida das pessoas.
E sobre o governo federal, qual sua avalia��o sobre a atua��o ante a pandemia?
N�o vivi muito (o governo federal). N�o d� para eu avaliar. N�o vou ser injusto de dizer (algo). Em Minas, o profissional de enfermagem foi muito maltratado. Quem vacina as pessoas s�o os profissionais de enfermagem. Quando a vacina��o em Minas come�ou, o sistema Coren n�o foi nem convidado para participar, sendo que n�s somos a refer�ncia em vacina��o. (Essa �) a forma como somos tratados por este governo. Mas vamos acreditar que vai mudar. N�o sou a favor ou contra o governo, mas a favor de minha categoria.
O senhor citou a vontade de defender os vales do Jequitinhonha e Mucuri. Quais os principais gargalos da regi�o?
Sa�de e desenvolvimento humano. Precisamos de parcerias com o Sebrae e com bancos, como a Caixa e o Banco do Brasil, para levar desenvolvimento e emprego � regi�o. N�o estou indo salvar a p�tria. Sei das dificuldades da regi�o, que n�o tem log�stica para levar grandes ind�strias.
O senhor pretende empenhar emendas a partir do Or�amento Secreto, caso o modelo seja mantido em 2023?
Se for para o desenvolvimento da regi�o ou para a sa�de e se for legal, com certeza. N�o posso ser hip�crita e dizer que sou diferente, que n�o vou fazer isso ou aquilo. N�o vou fazer coisas erradas, mas (farei) benfeitorias � regi�o. Se for legal usar para a sa�de e para o desenvolvimento regional, vou usar.
Minas tem hospitais regionais ainda n�o entregues � popula��o, como o de Te�filo Otoni. O que � poss�vel fazer, at� a conclus�o deles, para amparar pacientes necessitados de consultas especializadas e cirurgias?
A primeira coisa � (fazer) funcionar bem a aten��o b�sica. Em Te�filo Otoni, h� 40 PSFs (postos de sa�de); 12 a 15 sem m�dicos. Quando o PSF n�o tem m�dico, enche UPAs e hospitais, tirando vagas de pessoas com urg�ncias. � uma quest�o de gest�o de sa�de. H� a necessidade de fortalecer a estrat�gia de sa�de da fam�lia para n�o deixar que as UPAs e hospitais fiquem superlotados.