(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ENTREVISTA

"O Executivo deve tomar cuidado com o Congresso", diz Temer

Ex-presidente defende independ�ncia e di�logo entre os Poderes e movimentos no sentido de pacificar o Brasil


20/11/2022 04:00 - atualizado 20/11/2022 07:51

Michel Temer
Ex-presidente Michel Temer (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press - 4/11/21)

Acho que as institui��es est�o muito solidificadas. A grande maioria do povo brasileiro tem apre�o pela institui��o democr�tica. Ningu�m quer um regime forte, centralizador, autorit�rio

Michel Temer


Nova York – Enquanto o futuro governo trabalha a transi��o, o ex-presidente Michel Temer roda o mundo em palestras para o mercado internacional. Esteve recentemente na Inglaterra, em Portugal e, no feriado, abriu os dois dias de discuss�o do Lide Brasil Conference, do grupo do ex-governador de S�o Paulo Jo�o Doria, que reuniu a nata do empresariado nacional e representantes de fundos de investimentos estrangeiros.

Nesta entrevista ao Estado de Minas depois do semin�rio, o ex-presidente adverte: “Acho que o Executivo deve tomar muito cuidado nessa rela��o com o Congresso Nacional, especialmente no momento da elei��o do presidente da C�mara”, pregando a n�o interfer�ncia do presidente eleito para garantir o di�logo e harmonia em 2023.

Temer considera que tanto o presidente Jair Bolsonaro quanto o eleito Luiz In�cio Lula da Silva deveriam dar o exemplo e colocar em pr�tica o discurso pela pacifica��o: “A pessoa prega a paz e chama o ex-presidente de golpista � porque n�o quer paz”, diz. A seguir, os melhores momentos da entrevista.

O senhor defendeu que haja um di�logo entre os presidentes Jair Bolsonaro e Lula. Mas existe clima para isso diante do que estamos vendo no pa�s?
Talvez o que pudesse ser utilizado seriam palavras de modera��o e tranquilidade. Palavras tranquilizadoras para o pa�s. N�o apenas do presidente atual, como tamb�m do presidente eleito. O presidente eleito que foi, vitorioso que �, deve ter um certo gesto de grandeza. Ficar acima dos acontecimentos e, portanto, praticar o que muitas vezes ele fala. Ele fala em pacificar, essa � a palavra, mas na a��o ele muitas vezes usa palavras agressivas em rela��o ao atual governo. E isso n�o colabora. Eri�a, na verdade, os movimentos contr�rios � sua posse. N�o chego ao ponto do di�logo, porque o di�logo se faz por meio da transi��o e a transi��o est� sendo feita.  Seria muito desej�vel, embora eu ache neste momento bastante dif�cil, seria extremamente �til se, num dado momento, os presidentes, o atual e o eleito, dialogassem.

O senhor v� algum risco para a democracia, diante de tantas manifesta��es agressivas que vemos, inclusive essas, aqui em Nova York?
Acho que as institui��es est�o muito solidificadas. A grande maioria do povo brasileiro tem apre�o pela institui��o democr�tica. Ningu�m quer um regime forte, centralizador, autorit�rio. As pessoas querem democracia. � preciso esperar passar essa onda derivada das elei��es, em que h� um certo inconformismo. Passada essa onda, o Brasil vai prosseguir com muita tranquilidade.
 
Tem muita gente dizendo que o presidente Lula gostaria de conversar com o senhor, mas uma parte do PT ainda chama o senhor de golpista. Como est� essa rela��o? O senhor esteve ou estar� com o presidente Lula?
N�o estou fazendo mais vida pol�tica, eu lamento muitas vezes essa agressividade referentemente a golpista, isso s� divide. A pessoa prega a paz, a pacifica��o e chama o ex-presidente de golpista � porque n�o quer paz. N�o estive com o presidente Lula e n�o tenho nenhum encontro marcado.

Como o senhor v� um governo de centro-esquerda convivendo com este Congresso mais conservador?
Em primeiro lugar, e aqui � uma posi��o muito pessoal, tenho assim, n�o digo desprezo, mas n�o considero mais essa quest�o de direita, esquerda, centro-direita, centro-esquerda, porque eu sei que o que o povo quer � resultado. Se o resultado vem do que se chama esquerda, centro-direita, direita e o resultado for positivo, n�o importa. Sempre dou um exemplo muito singelo: voc� vai perguntar a quem est� passando fome se � esquerda ou direita, ele vai dizer, eu quero um p�o. Vai perguntar para quem n�o tem emprego se � esquerda ou direita, ele vai dizer que quer um emprego, para a classe m�dia que vai ao supermercado, ela quer � pre�os mais baixos.  Portanto, o que se quer � resultado. Ora, o Congresso � �rg�o legislativo que fala em nome do povo. Portanto, o povo quis eleger aquele que voc� chama de Congresso conservador. Penso que o Congresso, seja agora, seja no passado, sempre se conduziu apoi- ando os bons resultados para o povo. Dou aqui o exemplo do meu governo. Quando precisamos fixar o teto para os gastos p�blicos, o Congresso deu apoio. Quando fizemos as reformas trabalhista e a da Previd�ncia, que s�o verdadeiros “vespeiros”, tivemos tanto di�logo que o Congresso acabou aprovando, n�o houve um tumulto no pa�s. Creio que o Congresso est� pronto para produzir resultados positivos para o povo brasileiro. Vai depender muito do di�logo que o presidente da Rep�blica, portanto, o Executivo, tiver com o Legislativo.

O senhor teme algum problema pol�tico caso o presidente Lula n�o apoie Arthur Lira, que tem direito � reelei��o, para a presid�ncia da C�mara?
Acho que o Executivo deve tomar muito cuidado nessa rela��o com o Congresso Nacional, especialmente, no  momento da elei��o do presidente da C�mara. Voc� sabe que fui tr�s vezes presidente da C�mara – duas vezes no governo Fenando Henrique e uma vez no governo Lula. Eu tinha, naquela ocasi�o, do governo Fernando Henrique, a simpatia do presidente da Rep�blica, mas n�o tinha a a��o do presidente da Rep�blica, que � uma coisa diferente. Portanto, n�o houve interfer�ncia naquela ocasi�o. De igual maneira, no tempo do Lula, n�o sei se eu tinha a simpatia dele, mas ele n�o interferiu na minha elei��o para presidente da C�mara. � uma recomenda��o que eu tomo a liberdade de fazer: deixa o Legislativo decidir por conta pr�pria. E, da�, � di�logo.

O presidente da C�mara, Arthur Lira, tem uma proposta de semipresidencialismo. O senhor acha que d� para votar, � preciso esperar mais?
O semipresidencialismo seria o ideal. Insisto neste tema h� bastante tempo, precisamente em fun��o desses conflitos. De fora � parte dos dois impeachments (Collor e Dilma), veja o trauma que est� causando esta elei��o presidencial. Acho que o semipresiencialismo � a solu��o. Evidentemente, n�o � para agora. Seria para 2026, quem sabe 2030, que � uma tese encampada pelo presidente Arthur Lira. Ele chegou a constituir uma comiss�o de deputados, que se serviu de uma comiss�o de juristas. Acho que seria o ideal para o pa�s, mas, enfim, espero que n�o fique s� no sonho.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)