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Governo Lula n�o precisa temer militares, diz general Santos Cruz

General da reserva, Santos Cruz foi aliado e ministro do presidente Jair Bolsonaro, at� deixar o governo. Segundo ele, n�o haveria motivos para o novo governo do PT temer a a��o dos militares.


22/11/2022 05:29 - atualizado 22/11/2022 08:06


Santos Cruz
Santos Cruz � um dos generais mais respeitados de sua gera��o e teve passagem-rel�mpago pelo governo Bolsonaro (foto: REUTERS/Adriano Machado)

Desde que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou que Luiz In�cio Lula da Silva (PT) venceu as elei��es presidenciais deste ano batendo o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), quart�is e outras unidades militares se transformaram em pontos de peregrina��o de apoiadores bolsonaristas inconformados com o resultado da disputa. Nos grupos de WhatsApp e Telegram onde eles se organizam, eles pedem uma interven��o militar que possa impedir que Lula tome posse sob o argumento de uma suposta fraude nas elei��es.

Nos �ltimos dias, notas divulgadas pelo Minist�rio da Defesa e pelos comandantes do Ex�rcito, Marinha e Aeron�utica fizeram crescer a expectativa desses manifestantes de que uma rea��o poderia vir da caserna, o que poderia representar uma ruptura democr�tica.

� nesse clima de tens�o que o general da reserva Carlos Alberto Santos Cruz disse em entrevista � BBC News Brasil que o novo governo do PT n�o tem motivos para temer a atua��o dos militares nos pr�ximos quatro anos. Ele diz apostar em uma rela��o harm�nica entre Lula e os militares.

"Do meu ponto de vista, n�o precisa temer nada. Nem o governo e nem a popula��o", disse Santos Cruz.

O general da reserva � um dos militares mais respeitados de sua gera��o. Comandou o contingente militar de miss�es de estabiliza��o da Organiza��o das Na��es Unidas no Haiti e na Rep�blica Democr�tica do Congo. Em 2018, foi um dos primeiros oficiais de alta patente a apostar na candidatura vitoriosa de Bolsonaro em 2018.

Em janeiro de 2019, foi nomeado como ministro da Secretaria de Governo da Presid�ncia, mas ficou no cargo por apenas seis meses. Em junho daquele ano, foi exonerado por Bolsonaro ap�s virar alvo de ataques da chamada ala ideol�gica do governo na �poca comandada pelo escritor Olavo de Carvalho, morto em janeiro deste ano.

Desde sua sa�da, Santos Cruz vem tecendo cr�ticas ao atual presidente e, neste ano, chegou a colocar seu nome � disposi��o para formar uma chapa � Presid�ncia ao lado do ex-juiz federal e atual senador eleito Sergio Moro. Mesmo na reserva, ele � frequentemente procurado por interlocutores interessados em saber como funcionam as engrenagens das For�as Armadas do Brasil �s quais ele serviu por mais de quatro d�cadas.

� BBC News Brasil, Santos Cruz tamb�m disse que acreditar que Lula tem experi�ncia pol�tica e saber� lidar com as For�as Armadas e tamb�m recha�ou a tese difundida por apoiadores de Bolsonaro e mencionada em uma nota assinada pelos comandantes do Ex�rcito, Marinha e Aeron�utica h� duas semanas segundo a qual as For�as Armadas teriam uma fun��o "moderadora" na Rep�blica brasileira.

"Qualquer interpreta��o de que as For�as Armadas s�o um poder moderador est� completamente errada", disse.

Confira os principais trechos da entrevista.

BBC News Brasil - Qual � a origem das desconfian�as e tens�es dos militares das For�as Armadas em rela��o ao presidente eleito Lula?

Santos Cruz - Eu n�o vejo essas tens�es porque n�s tivemos anteriormente dois mandatos do atual presidente eleito e n�o houve nenhuma dificuldade de relacionamento. Houve respeito institucional e houve um or�amento regular. O Brasil, naquele per�odo, participou de miss�es de paz dentro do esfor�o de pol�tica exterior do Brasil. Houve v�rios projetos (estrat�gicos) das For�as Armadas que s�o daquela �poca. Temos todas as condi��es de contornar esse per�odo de pol�tica conturbada, de muito fanatismo pol�tico, e termos um relacionamento respeitoso sem maiores problemas.

BBC News Brasil - J� houve manifesta��es de diversos militares que n�o veem com bons olhos a elei��o do presidente Lula. Por que, na sua opini�o, parte dos militares n�o se sente satisfeita com a elei��o do presidente Lula?

Santos Cruz - Em primeiro lugar, o militar como eleitor tem direito de votar em quem ele quiser. Ele tem direito de gostar ou n�o da elei��o, de ficar satisfeito ou n�o. Isso � no n�vel de aceita��o individual. Agora, � importante separar o que � individual do que � institucional. Sem d�vida nenhuma, no meio militar teve gente que votou no atual presidente Bolsonaro e gente que votou no presidente Lula. Outra coisa � a aceita��o institucional. Institucionalmente, voc� n�o pode ter restri��o � elei��o. � preciso fazer essa diferen�a. Eu vejo que todos, n�o s� os militares, mas todas as pessoas em carreiras de Estado, mesmo aquelas que tenham votado em outro candidato, precisam aceitar o resultado da elei��o. Isso est� um pouco dif�cil para algumas pessoas, mas n�o vejo dificuldade institucional.

BBC News Brasil - O novo governo do presidente Lula precisa temer os militares de alguma forma nesses pr�ximos quatro anos?

Santos Cruz - Eu n�o posso falar pelos militares porque eu sou da reserva. Quem dirige os destinos das institui��es militares hoje s�o os seus comandantes, que s�o pessoas extremamente capacitadas e preparadas [...] que chegaram � situa��o de comandante por m�rito. [...]

O que eu falo � pessoal e baseado na cultura militar em que eu fiquei por mais de 45 anos [...] Eu acho que o povo brasileiro tem que continuar confiando, como sempre fez, nas institui��es e nos comandantes atuais. � importante que essas institui��es se comportem de forma apol�tica, sem prefer�ncia de nomes e de partidos. Isso � fundamental para toda a sociedade brasileira. Isso vale n�o s� para a institui��o militar, mas para outras como a Receita Federal, Pol�cia Federal, Pol�cia Rodovi�ria Federal [...] Elas precisam ter esse comportamento porque a briga pol�tica sempre vai existir de quatro em quatro anos. Mas as institui��es do Estado t�m que dar essa tranquilidade para a nossa popula��o.

BBC News Brasil - O senhor disse que a popula��o brasileira precisa continuar confiando nas For�as Armadas, mas o governo do presidente Lula pode confiar nas For�as Armadas?

Santos Cruz - Todos os governos podem confiar nas For�as Armadas. Todos. Comecei a votar em 1974 e todos os governos tiveram o trabalho das For�as Armadas em prol da nossa popula��o em todos os momentos de crise…


Lula acompanha desfile militar do 7 de Setembro
Apesar do relativo bom relacionamento entre Lula e os militares em seus dois primeiros mandatos, � grande a expectativa sobre como ser� essa rela��o em seu terceiro governo (foto: Presid�ncia da Rep�blica)

BBC News Brasil - Mas general, existe uma desconfian�a em rela��o ao compromisso das For�as Armadas na manuten��o do regime democr�tico nos pr�ximos quatro anos por conta do hist�rico recente de proximidade entre os militares e o governo do presidente Bolsonaro que, em v�rios momentos, colocou em xeque o sistema eleitoral. Por isso, volto a perguntar: o presidente Lula precisa temer o compromisso das For�as Armadas com o regime democr�tico?

Santos Cruz - Do meu ponto de vista, n�o precisa temer nada. Nem o governo e nem a popula��o.

Voc� est� correto na sua interpreta��o de que houve muita confus�o do governo com as For�as Armadas. Isso aconteceu e a imagem transmitida era de vincula��o das For�as Armadas com o governo. S� que isso n�o � real. Isso foi fabricado porque o tempo todo o discurso (de Bolsonaro) foi 'o meu Ex�rcito', 'sou o comandante-em-chefe'. Tudo isso foi transmitindo a ideia de que as For�as Armadas estavam vinculadas ao governo, � pessoa ocupando a fun��o de presidente. Mas isso a� n�o � real.

As For�as Armadas t�m o seu posicionamento que � constitucional. Acho que n�o s� o pr�ximo governo pode contar (com as For�as Armadas), mas este governo tamb�m pode contar com ela. Agora, n�o se pode contar com as For�as Armadas para sair da Constitui��o.

BBC News Brasil - Alguns n�meros indicam que possa ter havido mais de 3mil militares em cargos dentro do atual governo. O presidente Bolsonaro usou os militares ou os militares usaram o presidente Bolsonaro?

Santos Cruz - Sem d�vida nenhuma, o presidente da Rep�blica e toda a estrutura de governo convidaram um n�mero muito grande de militares para participar do governo. Isso causou um desequil�brio de representa��o social. O Brasil tem pessoas �timas, especialistas em todas as �reas, inclusive nas For�as Armadas. Mas esse grande n�mero desequilibrou e chamou a aten��o da sociedade. N�o s�o as pessoas que exploraram o governo. Foi o governo que causou esse desequil�brio. As For�as Armadas como institui��o jamais pleitearam posi��es no governo.

BBC News Brasil - A imagem dos militares sai melhor ou pior do governo presidente Bolsonaro?

Santos Cruz - Eu penso que sai um pouco desgastada pelo comportamento presidencial, sem d�vida nenhuma. Mas mesmo com algum desgaste, ela segue muito preservada.

BBC News Brasil - Quais os pontos mais sens�veis, na sua opini�o, que deveriam ser observados pelo novo governo do presidente Lula para evitar tens�es com os militares?

Santos Cruz - Eu n�o vejo muita dificuldade. Voc� tem que manter um or�amento, tem que manter os projetos estrat�gicos das For�as Armadas e tem que prestigiar a hierarquia e disciplina, que s�o a base das For�as Armadas. Tem que evitar qualquer discurso pol�tico no interior de unidades militares [...] O discurso tem que ser de incentivo profissional e n�o sobre pol�tica partid�ria [...] � preciso manter os projetos especiais, talvez at� fazendo um or�amento fora do regular. � respeito institucional. Fui oficial no governo do presidente Fernando Collor de Mello que sofreu impeachment, no tempo do presidente Lula, da ex-presidente Dilma Rousseff, de Michel Temer e Jos� Sarney e sempre houve um relacionamento bom e respeitoso. � isso que tem que ser feito. O atual presidente eleito sabe disso. Ele tem experi�ncia de dois mandatos e sabe qual � o relacionamento com as For�as Armadas e como ele se mant�m respeitoso.

BBC News Brasil - Em geral, a esquerda � criticada por supostamente tensionar as rela��es com os militares, mas as For�as Armadas v�m usando a ordem do dia referente ao dia 31 de mar�o para celebrar a data em que ocorreu o golpe militar de 1964. O senhor acha que usar a ordem do dia nesse contexto contribui para esse tensionamento?

Santos Cruz - Sobre o 31 de mar�o de 1964, eu tinha 12 anos de idade na �poca. Ent�o, eu vivi dos 12 aos 33 anos de idade dentro do per�odo dos governos militares. Eu tenho uma boa imagem daquela �poca. S� que isso tamb�m n�o significa que aquilo seja um modelo pol�tico a ser seguido. N�o �. Foi um per�odo de exce��o. Temos que entender que por melhor que seja a imagem do per�odo, aquele per�odo n�o serve como modelo pol�tico porque foi uma �poca de exce��o.

Tem que haver entendimento dos dois lados. [...] Estamos falando de um per�odo que ocorreu h� quase 60 anos. Era outro mundo, eram outras condicionantes pol�ticas, outra pol�tica internacional, outras tens�es internas.

Foi uma decis�o daquela �poca e eu penso que, naquela �poca, foi a decis�o correta. Eu sou dessa gera��o. Ent�o, (fazer) uma an�lise agora, 60 anos depois, � completamente diferente. Agora, tem que haver entendimento dos dois lados. S� que como tem muita gente viva que participou (daquele per�odo), particularmente o pessoal que era dos movimentos revolucion�rios de guerrilha, ent�o ainda existem os problemas pessoais… ainda � uma hist�ria muito viva e precisa haver um pouco de toler�ncia e conversa.

BBC News Brasil - O senhor disse que, naquele contexto, o golpe de 1964 foi a decis�o correta a se tomar. Hoje, sabe-se que durante esse per�odo, que o senhor mesmo classificou como per�odo de exce��o, houve tortura, desaparecimentos, assassinatos. O senhor acha que essas pr�ticas tamb�m foram corretas � luz daquele momento?

Santos Cruz - Claro que n�o. O que est� errado est� errado. Uma coisa � fazer uma an�lise pol�tica, outra coisa � pegar determinados fatos que aconteceram. � claro que est� errado. Temos que ser muito honestos nesta an�lise.

BBC News Brasil - Recentemente, houve o lan�amento de um filme chamado Argentina 1985, que conta a hist�ria do julgamento de membros da junta militar que comandou a Argentina entre o final dos anos 70 e o in�cio dos anos 80. Tenho duas perguntas. A primeira �: o senhor viu o filme? A segunda �: no Brasil, pela Lei da Anistia, esse tipo de julgamento n�o ocorreu. O Brasil errou ao n�o julgar os militares envolvidos em graves viola��es de direitos humanos durante o per�odo da ditadura militar?

Santos Cruz - Em primeiro lugar, eu n�o vi o filme. Em segundo lugar, a sociedade argentina decidiu dessa forma. J� a sociedade brasileira decidiu pela anistia e eu acho que foi o correto porque voc� tem que pacificar o pa�s [...] eu acho que o Brasil acertou na sua busca pela paz, pelo processo de anistia. J� a sociedade argentina, com outra caracter�stica, uma outra paix�o pol�tica, com outra alma, decidiu de outra forma. N�o vou comparar porque s�o sociedades distintas que decidiram por um caminho que elas acharam melhor.

BBC News Brasil - Na semana passada, comandantes das tr�s for�as militares divulgaram uma nota em que voltaram a usar o termo moderador para classificar a atua��o dos militares dentro do dentro da democracia brasileira. Na Constitui��o Federal, por�m, n�o existe poder moderador. Minha pergunta �: por que parte dos militares insiste em propagar a ideia de que as For�as Armadas seriam os moderadores da democracia brasileira?

Santos Cruz - Isso a� tem origem e consequ�ncias. Em primeiro lugar, n�s tivemos uma interpreta��o de um jurista, o Ives Gandra Martins, que ressuscitou, faz algum tempo, a ideia de que as For�as Armadas seriam um poder moderador. O Brasil n�o tem poder moderador. O que est� escrito na Constitui��o n�o d� nenhuma pista, nenhum direito expl�cito de que as For�as Armadas possam interferir no funcionamento dos outros poderes. Qualquer interpreta��o de que as For�as Armadas s�o um Poder Moderador est� completamente errada, completamente equivocada. Qual � o nosso poder moderador? Nossa Constitui��o, nossas leis, nossos parlamentares, nosso Judici�rio e nosso Executivo com todos os defeitos que eles t�m. Eles s�o obrigados a procurar uma concilia��o. Eles s�o obrigados a procurar a harmonia prevista na Constitui��o sem interfer�ncia da �rea militar.

BBC News Brasil - Na sua avalia��o, os comandantes das tr�s for�as erraram ao utilizar o termo moderador para classificar o papel das For�as Armadas na democracia brasileira.

Santos Cruz - Eu teria que reler a nota agora. Eu olhei muito por cima. O termo traz esse trauma. Tem que ver se foi isso exatamente o que eles queriam dizer. Acredito que n�o foi utilizado com a ideia de interfer�ncia porque n�o tem como interferir. A popula��o elegeu um novo Congresso. Ent�o, esse Congresso tem que tomar consci�ncia da atribui��o dele e � isso que vai moderando e regulando o relacionamento. Ent�o, eu n�o acredito que eles tenham colocado esse termo uma ideia de interfer�ncia.

BBC News Brasil - O Minist�rio da Defesa divulgou um relat�rio sobre o sistema eletr�nico de vota��o do Brasil. Nenhuma fraude foi apontada, mas no dia seguinte, ap�s repercuss�o negativa entre apoiadores do presidente Bolsonaro, o Minist�rio da Defesa soltou uma nota dizendo que, apesar de n�o ter encontrado nenhuma fraude, n�o poderia descartar a sua ocorr�ncia. Como o senhor analisa a participa��o dos militares ao longo dessas elei��es? Ela foi adequada ou contribuiu para tensionar o ambiente pol�tico?

Santos Cruz - N�o foi adequada e eu acho que contribuiu para a confus�o. O erro come�a quando convidam as For�as Armadas para participar do processo. O outro erro � quando as For�as Armadas aceitam (o convite). A responsabilidade de transmitir seguran�a no processo para a sociedade brasileira � do TSE e n�o das For�as Armadas. Ele (TSE) tem um conjunto de institui��es que fazem essa avalia��o [...] Voc� tem a Unicamp, UnB, USP, partidos pol�ticos, Pol�cia Federal [...] N�o era o caso das For�as Armadas participarem. Muito menos num ambiente politizado.

Sobre o relat�rio t�cnico, eu n�o tenho conhecimento para analisar o parecer. S� que depois saiu uma nota que fala: 'N�o posso comprovar, mas n�o posso descartar'. Num ambiente desses, voc� tem que ser muito mais taxativo. Voc� tem que dizer: 'N�o existe condi��es de comprovar a fraude'. Porque essa � a d�vida da popula��o. Voc� precisa deixar isso claro. E essa dubiedade d� chance para extremistas de um lado interpretarem de um jeito e os extremistas de outro interpretarem de outro. Isso acaba n�o colaborando com a pacifica��o das coisas.

BBC News Brasil - Na sua avalia��o, os militares brasileiros estariam dispostos a embarcar em uma nova empreitada de Bolsonaro nas urnas, em 2026?

Santos Cruz - Ent�o N�o. De jeito nenhum. N�o embarcaram antes e nem embarcar�o depois. Agora, cada um tem sua op��o pol�tica. N�o tem nada de errado em um eleitor optar por um candidato ou por outro. N�o podemos criticar um eleitor porque ele escolheu Bolsonaro, Lula, Simone Tebet, ou seja l� quem for. E n�o se pode nem criticar quem anulou o voto porque ele anulou o voto por n�o se sentir representado. Por isso tem a tecla de anula��o. Ent�o, eu acho que os militares nunca embarcaram, n�o v�o embarcar em ondas pessoais e vamos respeitar todo mundo que votou num candidato ou em outro. Seja ele militar ou civil.

BBC News Brasil - Civil ou militar: qual o melhor perfil para o comando do Minist�rio da Defesa?

Santos Cruz - Civil ou militar? Que ele seja competente, seja ele civil ou militar. N�o adianta voc� colocar um civil ou militar que seja incompetente.

BBC News Brasil - Al�m do senhor, um dos generais mais conhecidos do Brasil � o general da reserva Eduardo Villas Boas. Em 2018, ele publicou um tu�te que foi encarado por alguns analistas como uma amea�a ao STF �s v�speras do julgamento de um recurso da defesa do ex-presidente Lula contra a sua pris�o. Mais recentemente, ele voltou ao Twitter para se manifestar sobre a elei��o do presidente Lula. Qual sua avalia��o sobre a conduta de Villas Boas?

Santos Cruz - Villas Boas � uma pessoa por quem eu tenho uma amizade muito especial. Sobre aquela manifesta��o na �poca do julgamento no STF, a responsabilidade ficou com ele. Na �poca, apesar de ser comandante do Ex�rcito, ele disse em um livro que consultou os demais (membros do Alto-Comando do Ex�rcito), ent�o mais tarde ficou parecendo uma coisa institucional. Mas na �poca em que ele fez (a postagem), explicou, n�o ficou institucional. E eu n�o acredito que o STF se intimidou com aquilo.

BBC News Brasil - Mas isso faz diferen�a?

Santos Cruz - Faz, porque tem gente que pensa que o STF votou o recurso por conta do tu�te. N�o tenho a m�nima sensa��o de que o STF se influenciou por aquilo. Agora, a manifesta��o mais recente dele de que reprovava a elei��o do Lula, eu n�o vejo assim. Eu li e n�o achei t�o clara essa reprova��o. Ele falou mais sobre o nosso problema, essa disputa toda apesar de as elei��es j� terem acabado. Parece que n�o terminou.

Mas acho que tem que respeitar a elei��o. A maioria do povo brasileiro votou e acho que tem que respeitar. N�o tem motivo para n�o respeitar. Pode at� cometer as dificuldades de aceita��o de quem perdeu. Mas tem que respeitar essa elei��o como todas as outras foram respeitadas. Villas Boas � um amigo, uma lideran�a muito grande, mas eu vejo dessa forma os tu�tes dele de 2018 e de agora. No entanto, qualquer refer�ncia que possa confundir a popula��o com a aceita��o do resultado eleitoral, eu acho que dificulta o bom andamento.

BBC News Brasil - N�o ficou claro para mim, general, qual � a sua opini�o sobre o tu�te dele na �poca do julgamento do STF?

Santos Cruz - Acho que o tu�te dele n�o interferiu em nada o STF. N�o � com um tu�te que voc� vai interferir no STF.

BBC News Brasil - Mas independente de ter interferido ou n�o, a d�vida �: a atitude dele como comandante do Ex�rcito na �poca foi correta ou n�o?

Santos Cruz - Olha, eu n�o vou analisar a corre��o porque ele estava numa fun��o de comando onde h� responsabilidades pol�ticas e n�o s� operacional. Eu n�o me manifestaria. J� ele se manifestou, mas tem que ver quais as condicionantes dele na condi��o de comandante de uma for�a armada que era diferente da minha que estava na reserva.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63711057


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