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Estado de Minas WASHINGTON

Poss�vel viagem de Lula aos EUA deve criar saia-justa na embaixada

Viagem antes de posse pode n�o ter recep��o oficial da embaixada brasileira na capital americana. Diplomata brasileiro em Washington � ligado a Bolsonaro


04/12/2022 10:58 - atualizado 04/12/2022 11:16

Lula durante entrevista coletiva
Poss�vel viagem aos Estados Unidos ainda em dezembro pode n�o ter recep��o oficial na capital americana (foto: EVARISTO SA / AFP)
A poss�vel viagem do presidente eleito Luiz In�cio Lula da Silva (PT) aos Estados Unidos para se encontrar com o l�der americano, o democrata Joe Biden, ainda neste m�s de dezembro, antes de assumir o cargo, deve criar uma saia-justa na representa��o diplom�tica brasileira no pa�s.


A equipe do petista n�o acionou o Itamaraty sobre a viagem, e Lula pode visitar a capital dos Estados Unidos sem uma recep��o oficial organizada pela embaixada do Brasil em Washington, comandada por Nestor Forster, muito identificado com o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).

Mesmo que a viagem tenha sido anunciada pelo ex-ministro Fernando Haddad na quarta (30) e que Lula tenha retomado o tema na sexta (2), a Casa Branca ainda n�o confirmou o convite. Jake Sullivan, assessor de Seguran�a Nacional dos EUA, desembarcar� nesta segunda (5) em Bras�lia, e o presidente eleito diz que a visita tamb�m servir� para discutir os detalhes da ida a Washington ainda neste ano.


O presidente eleito j� disse que a ideia � que a viagem, que serviria como mais uma prova de legitimidade internacional da vit�ria contestada por Bolsonaro e pelo PL, ocorra ap�s a diploma��o, no pr�ximo dia 12.


H� d�vidas, no entanto, sobre a estrutura que receber� o petista fora do pa�s, porque o Itamaraty n�o � obrigado a organizar a viagem do petista antes de ele assumir de fato o cargo, e o mais prov�vel � que aconte�a a mesma configura��o da recente passagem de Lula por Portugal: ele n�o se hospedou na embaixada em Lisboa e n�o recebeu apoio diplom�tico. Chegou a se encontrar com o presidente, o premi� e o embaixador do pa�s ib�rico no Brasil, sem que o embaixador brasileiro estivesse presente.


A Folha procurou a embaixada do Brasil nos EUA, que orientou o envio das perguntas � assessoria do Minist�rio das Rela��es Exteriores, em Bras�lia. Por telefone, um assessor da pasta respondeu apenas que o �rg�o n�o foi acionado pela equipe de Lula em busca de apoio para uma viagem aos EUA --n�o houve resposta se o Itamaraty assistir� o petista antes da cerim�nia de posse caso o aux�lio seja solicitado.


Acontece que o grupo do futuro presidente tem resist�ncia ao atual embaixador na capital americana, que deve deixar o cargo na primeira leva de nomea��es quando o novo governo assumir.


Forster tem bom tr�nsito em Washington e experi�ncia nessa representa��o diplom�tica brasileira desde os anos 1990, atuando inclusive sob governos petistas, mas sua defesa aberta de Bolsonaro durante todo o per�odo no cargo, al�m da proximidade com figuras do bolsonarismo, incomoda o futuro governo.


Durante a campanha, ele escreveu duas cartas � imprensa americana, ao New York Times e � Bloomberg News, rebatendo artigos sobre a escalada autorit�ria no pa�s e que faziam cr�ticas � pol�tica ambiental. O mesmo expediente foi usado em respostas a congressistas democratas contr�rios ao atual presidente.


Al�m disso, o embaixador era amigo pr�ximo de Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo. Homenageou-o em diferentes oportunidades e, ap�s a morte do escritor, publicou em um perfil em rede social da embaixada que Olavo "deixa um legado duradouro por meio de seu vasto trabalho".


Com ou sem apoio da embaixada, a possibilidade de um encontro de Biden com Lula antes de o petista tomar posse chamou a aten��o de quem trabalha com diplomacia em Washington. Uma das justificativas para a reuni�o, por�m, � um ponto de consenso: Biden n�o tem aliados de peso na Am�rica Latina hoje.


Na Col�mbia, principal parceiro estrat�gico na regi�o, ainda h� d�vidas sobre Gustavo Petro, que assumiu h� pouco a Presid�ncia. No M�xico, Andr�s Manuel L�pez Obrador tinha mais afinidade com Donald Trump. E, na Argentina, tamb�m houve atritos com a gest�o de Alberto Fern�ndez, que j� defendeu menor depend�ncia dos americanos e fez acenos vistos como complicados em Washington a R�ssia e China.


No Brasil, at� agora um posto avan�ado do trumpismo na Am�rica do Sul, o presidente brasileiro duvidou da vit�ria de Biden e foi um dos �ltimos l�deres globais a parabeniz�-lo pelo triunfo sobre o republicano.


� por isso que um aceno a Lula � considerado importante no governo americano. A Casa Branca sabe que o petista n�o ser� um aliado autom�tico e que haver� diferen�as program�ticas, mas o presidente eleito � considerado um pol�tico pragm�tico e experiente, com quem � poss�vel sentar para negociar.


Al�m disso, pode ser um parceiro importante na pauta clim�tica e em demandas espec�ficas na regi�o, como a Venezuela, onde a boa interlocu��o com Maduro pode fazer de Lula uma ponte entre Washington e Caracas. A crise energ�tica gerada pela Guerra da Ucr�nia tem provocado o que alguns descrevem como o in�cio de um apaziguamento com os chavistas. Recentemente, Biden tirou san��es contra o regime venezuelano, descongelou ativos e autorizou que a americana Chevron volte a extrair petr�leo no pa�s.


Outra quest�o � um poss�vel retorno dos militares brasileiros ao Haiti, que participaram da miss�o da ONU ali de 2004 a 2017. Quanto a esse ponto, por�m, h�, segundo um membro da equipe de transi��o � Folha, resist�ncia na equipe do petista, sobretudo pelo pouco apoio recebido nas a��es sociais e econ�micas necess�rias no pa�s, sobretudo ap�s o terremoto de 2010, que deixou mais de 100 mil mortos.


Lula poderia ainda ser �til em uma negocia��o multilateral na Guerra da Ucr�nia, disse Ricardo Z�niga, secret�rio-adjunto de Hemisf�rio Ocidental no Departamento de Estado dos EUA e ex-c�nsul em S�o Paulo. "O Brasil � um grande ator multilateral e tem longo legado de envolvimento em processos de paz, na busca de solu��es multilaterais para alguns dos mais complexos problemas de seguran�a", afirmou nesta semana em evento na Universidade Harvard, organizado pelo Future of Diplomacy Project.


Todos esses temas podem ser levados a Bras�lia agora por Sullivan, mas h� d�vidas se ser�o mesmo postos � mesa num primeiro encontro oficial entre as duas equipes. O mais prov�vel � que pedidos concretos do governo americano sejam feitos em reuni�es de alto n�vel na capital americana.


Segundo a programa��o oficial, Sullivan falar� sobre crise clim�tica, seguran�a alimentar, promo��o da democracia e migra��o regional. Est� previsto um encontro com o senador Jaques Wagner (PT), mas uma reuni�o com Lula n�o est� descartada. O americano tamb�m se encontrar� com autoridades do atual governo --ser� recebido pelo almirante Fl�vio Rocha, secret�rio de Assuntos Estrat�gicos.


Por fim, ainda que uma viagem antes da posse chame a aten��o, ela n�o seria a primeira recep��o em Washington nesse contexto. O pr�prio Lula foi � capital americana em 2002 logo ap�s ser eleito para se reunir com o hoje ex-presidente George W. Bush --na ocasi�o, o ent�o embaixador brasileiro promoveu um jantar para o petistas, que tamb�m se encontrou com parlamentares e investidores americanos.


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