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Estado de Minas POL�TICA EXTERNA

Como fica a rela��o entre Brasil e EUA ap�s posse de Lula

Ap�s per�odo recente de esfriamento, h� expectativa de que as rela��es entre Brasil e Estados Unidos ganhem novo f�lego


02/01/2023 08:30 - atualizado 02/01/2023 08:30

Montagem Lula e Biden
Depois de um per�odo recente de esfriamento, h� expectativa de que as rela��es entre Brasil e Estados Unidos ganhem novo f�lego sob Lula (foto: Getty Images/AFP)
Depois de um per�odo recente de esfriamento, h� expectativa de que as rela��es entre Brasil e Estados Unidos ganhem novo f�lego sob o governo de Luiz In�cio Lula da Silva (PT), que assumiu a Presid�ncia em 1º de janeiro de 2023.

Antes mesmo da posse de Lula, o conselheiro de Seguran�a Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, viajou ao Brasil e transmitiu um convite do presidente americano, Joe Biden, para que o brasileiro visite a Casa Branca.

"Estou animado para conversar com o presidente Biden e aprofundar a rela��o entre nossos pa�ses", disse Lula ap�s o encontro com Sullivan, no in�cio de dezembro. Devido a compromissos internos, a visita a Washington ficou para depois da posse.

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"Esse foi um primeiro passo importante, e � mais do que simb�lico. Mas o simbolismo tamb�m � relevante. Mostra a import�ncia que os Estados Unidos d�o ao Brasil", diz � BBC Brasil o ex-embaixador Melvyn Levitsky, que serviu em Bras�lia de 1994 a 1998 e atualmente � professor de pol�tica internacional na Universidade de Michigan.

"O que n�o deveria ser de outra maneira, afinal s�o dois pa�ses enormes, com v�rios interesses m�tuos, e alguns interesses conflitantes", ressalta Levitsky.

Di�logo

Para o ex-embaixador, o di�logo entre os dois pa�ses sofreu um pouco durante o governo do presidente Jair Bolsonaro. "Alguns chamavam (Bolsonaro) de Trump da Am�rica Latina, mas n�o havia muita comunica��o em termos de rela��es pr�ximas (durante seu governo). E o Brasil, na minha opini�o, em termos de pol�tica externa americana, caiu nessa escala particular", afirma Levitsky.

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"Ent�o, h� agora tanto um desejo quanto uma boa perspectiva de trabalharmos juntos de maneira mais cooperativa", ressalta. "Creio que a rela��o vai melhorar consideravelmente."


Jair Bolsonaro
Di�logo entre Brasil e EUA sofreu um pouco durante governo do presidente Jair Bolsonaro, diz ex-embaixador americano Melvyn Levitsky (foto: EPA)

Levitsky lembra ainda que os Estados Unidos "j� t�m experi�ncia com Lula", em refer�ncia aos dois mandatos anteriores do petista.

Com o novo governo, a aposta de analistas � a de que a pol�tica externa brasileira voltar� a ser mais pragm�tica e institucional.

"Deve voltar ao princ�pio basilar de qualquer pol�tica externa, que � a rela��o entre pa�ses, n�o a rela��o entre pessoas", diz � BBC News Brasil o professor de rela��es internacionais Carlos Gustavo Poggio, do Berea College, no Estado do Kentucky.

"Bolsonaro partiu de um princ�pio muito equivocado, (de) que se fazia pol�tica externa com rela��o entre pessoas. Uma rela��o totalmente baseada em indiv�duo, em rela��o pessoal, em quem eu gosto e quem eu n�o gosto, quem � de direita e quem � de esquerda", afirma.

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"O que n�o � a tradi��o da diplomacia brasileira nem nunca foi. Nem com PT, nem com PSDB, nem com ningu�m. Nem com os governos militares foi assim", salienta Poggio, que � especialista em rela��es entre Brasil e Estados Unidos.

Duas fases

Na an�lise de Poggio, a pol�tica externa do governo Bolsonaro pode ser dividida em duas fases. Com Ernesto Ara�jo, que foi ministro das Rela��es Exteriores de 2019 a 2021, o analista v� um "estrago (do qual) vai demorar algum tempo para o Brasil se recuperar".

"Houve uma tentativa de destrui��o completa, que foi parcialmente bem sucedida, da diplomacia brasileira e da imagem do Brasil. Um ministro das Rela��es Exteriores que dizia orgulhar-se de transformar o Brasil em p�ria", afirma, referindo-se a declara��es feitas por Ara�jo em 2020.

"Isso n�o se reconstr�i assim t�o f�cil", salienta Poggio.

No entanto, o professor avalia que, ap�s a sa�da de Ara�jo, a pol�tica externa brasileira voltou para o centro. "Retomou um pouco no caminho do regular, digamos assim."

Nesse cen�rio, Poggio n�o cr� em grandes mudan�as nas rela��es bilaterais. "A minha perspectiva � a de que as rela��es entre Brasil e Estados Unidos tendem a n�o mudar muito, independentemente de quem est� no governo", afirma.

"� �bvio que h� mudan�as de ret�rica, mudan�as talvez de postura. Mas, em termos de pol�ticas substantivas, h� pouca mudan�a", observa. "O Brasil n�o tem uma rela��o t�o pr�xima com os Estados Unidos como tem o M�xico. N�s somos aquilo que eu chamo de vizinhos distantes", ressalta Poggio.


Desmatamento na Amazônia
Meio ambiente e a preserva��o da Amaz�nia dever�o ser ponto focal nas rela��es bilaterais dos EUA com governo Lula, dizem especialistas (foto: BBC)

Meio ambiente e Amaz�nia

Segundo diplomatas e analistas nos dois pa�ses, o meio ambiente e a preserva��o da Amaz�nia dever�o ser o ponto focal nas rela��es bilaterais com o governo Lula.

"Mudan�a clim�tica vai ser uma �rea de coopera��o muito importante para n�s", diz � BBC News Brasil o porta-voz do Departamento de Estado Christopher Johnson.

"(Isso j� ficou) evidente com o encontro entre o enviado especial (para o Clima) John Kerry e o presidente eleito Lula (em novembro, no Egito, durante a COP27, a confer�ncia das Na��es Unidas sobre clima)", observa Johnson.

O desmatamento da Amaz�nia sofreu acelera��o nos �ltimos anos. Quando ainda era candidato � Presid�ncia, em 2020, Biden chegou a mencionar o Brasil durante um dos debates e sugerir a cria��o de um fundo internacional de US$ 20 bilh�es para ajudar o pa�s a n�o desmatar a Amaz�nia.

"� raro em debates presidenciais americanos o Brasil ser mencionado", ressalta Poggio. "Abre-se para o Brasil uma s�rie de oportunidades na quest�o ambiental que o governo Bolsonaro n�o soube aproveitar. Talvez o governo Lula saiba lidar melhor com essa quest�o."

Outros temas

Segundo o porta-voz do Departamento de Estado, seguran�a alimentar e paz internacional tamb�m s�o quest�es importantes para os Estados Unidos e a rela��o com o Brasil. Uma solu��o para a crise na Venezuela � outro tema no qual pode haver coopera��o.

"A democracia � muito importante para os Estados Unidos", afirma Johnson. "(Se) o Brasil pode nos apoiar em avan�ar esse objetivo de elei��es livres, justas e transparentes, seria muito bem-vindo de nossa parte."

Muitos analistas observam que h� em Washington a expectativa de que o Brasil possa agir como facilitador em uma reaproxima��o com a Venezuela, um dos maiores pa�ses produtores de petr�leo que ganha import�ncia diante da crise energ�tica gerada pela Guerra da Ucr�nia.

Observadores lembram ainda que os Estados Unidos n�o contam no momento com um aliado forte na Am�rica Latina.

Mas Poggio, do Berea College, ressalta que a atua��o do Brasil no cen�rio internacional tamb�m vai depender da situa��o dom�stica.

"(No primeiro mandato) Lula teve espa�o para atuar internacionalmente porque foi um momento em que, do ponto de vista dom�stico, as coisas estavam mais ou menos equacionadas, n�o havia grandes problemas de popularidade, a economia ia bem", lembra.

"A pr�pria Dilma (Rousseff) j� n�o foi algu�m que teve uma atua��o internacional relevante. Ent�o tem algo a� que foge um pouco do controle e da vontade pessoal do Lula. (� preciso) saber como vai estar o Brasil do ponto de vista dom�stico, para (saber) quanto tempo que ele vai poder dedicar a essas quest�es externas."

- Texto originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-64094677


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