A ofensiva de autoridades contra manifesta��es golpistas neste in�cio de ano colocou Fuad Noman (PSD) sob os holofotes. O prefeito de Belo Horizonte determinou a remo��o do acampamento bolsonarista que j� durava mais de dois meses na Avenida Raja Gabaglia e decretou a proibi��o de manifesta��es antidemocr�ticas na cidade. Com o destaque, cerca de 10 meses ap�s assumir o cargo, ele pode avan�ar na resolu��o de um desafio: ser reconhecido pelos belo-horizontinos como governante da cidade.
De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Opus, 87,5% dos belo-horizontinos n�o sabem ou erraram quem � o prefeito da cidade. O levantamento foi feito a partir de 400 entrevistas feitas presencialmente entre 2 e 4 de dezembro. A margem de erro � de cinco pontos percentuais. Em pergunta espont�nea, sem a apresenta��o de alternativas, apenas 12,5% dos entrevistados disseram que Fuad � o atual prefeito. O nome de Alexandre Kalil (PSD), que renunciou em mar�o para concorrer ao governo estadual, foi citado por 13,5% dos respondentes. Outros 9% responderam outros nomes e 65% afirmaram n�o saber quem governa a capital.
Fuad Noman assumiu a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em 29 de mar�o de 2022. Vice de Kalil na chapa que reelegeu o prefeito em 2020, o economista teve atua��o no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e do ex-governador de Minas, Ant�nio Anastasia, � �poca, tamb�m tucano.
Na vis�o do diretor do Opus, Matheus Dias, diante da iminente candidatura de Kalil ao governo do estado, era esperado que o nome de Fuad j� fosse significativamente conhecido, uma vez que assumiria o comando da capital. N�o foi o verificado na pesquisa. “� uma situa��o, de certa forma, at�pica. O ex-prefeito de BH j� vinha dando ind�cios de que ele poderia sair para tentar o Executivo estadual e, com essa grande chance de ren�ncia, esperava-se que o vice j� tivesse um n�vel de conhecimento popular maior, que j� assumisse algum protagonismo � frente do Executivo municipal. Isso n�o aconteceu e o prefeito acabou ficando um pouco apagado”, afirmou � reportagem.
Ainda assim, Dias aponta que � um fen�meno comum que a maior parte da popula��o n�o conhe�a o vice-prefeito e avalia que, em parte, � uma situa��o relacionada ao voto personalizado para cargos do executivo, uma escolha mais ligada � biografia do candidato do que � chapa por ele formada.
Para o pesquisador, o fato de apenas 13,5% ter respondido que Alexandre Kalil � o prefeito ante 65% que afirmou n�o saber o nome do governante e 9% que disseram outros nomes sinaliza que a oculta��o de Fuad n�o est� majoritariamente relacionada a uma confus�o sobre o mandat�rio atual ou sobre as regras eleitorais.
“A pesquisa foi feita depois da elei��o, mas n�o acredito que o resultado n�o tenha sido afetado por uma ideia de que Kalil voltaria ao cargo. N�o acho que houve essa confus�o, s� 13,5% acha que o Kalil � o prefeito e grande parte disse que n�o sabe ou at� citou um nome errado. A grande quest�o � mesmo o desconhecimento do nome do atual prefeito”, avalia o diretor do Opus.
Avalia��o da gest�o de Fuad
A pesquisa do Opus tamb�m questionou moradores da capital sobre a atual gest�o da prefeitura. Ainda que a maioria n�o conhe�a o atual prefeito, uma minoria aponta o governo de Belo Horizonte como ruim ou p�ssimo.
O gr�fico de evolu��o das pesquisas mostra que, embora o �ndice de aprova��o siga alto, ele tem ca�do nos �ltimos meses. Em mar�o, m�s da mudan�a no comando da cidade, o percentual de moradores que avaliava a gest�o como �tima ou boa atingiu seu �pice, com 58%, em dezembro era de 39,3%. Os que avaliam a gest�o como regular passaram de 25% para 41% no mesmo per�odo, enquanto os que acham a administra��o ruim ou p�ssima sa�ram de 12% para 14,8%.
Matheus Dias, diretor do Opus, ressalta que a pesquisa foi feita com a inten��o de analisar a administra��o da cidade e n�o de uma avalia��o do prefeito em si. Ele tamb�m avalia que a tend�ncia de uma queda na avalia��o positiva � sinal para que o prefeito atue nas principais mazelas de BH.
“Quando n�s fizemos a pergunta de aprova��o, n�s fizemos a pergunta da aprova��o da gest�o da PBH para capturar a qualidade do servi�o p�blico de forma geral e n�o de prefeito A ou B. Quando a gente olha o �ndice de �timo e bom ele caiu 19 pontos percentuais e a avalia��o como regular aumentou 16 pontos percentuais. Isso mostra que a vis�o positiva da prefeitura vem perdendo um pouco de for�a”, aponta.
Principais pontos de insatisfa��o
A disputa pelo governo de Minas, que colocou Kalil e o pr�prio Fuad Noman ao lado de Luiz In�cio Lula da Silva (PT) em oposi��o ao governador Romeu Zema (Novo) e Jair Bolsonaro (PL), pode ter influenciado os �ndices de avalia��o. No entanto, Dias destaca que o prefeito precisa focar em reduzir os problemas da cidade para frear a tend�ncia de queda na aprova��o.
“� poss�vel que tenha alguma rela��o, afinal de contas a disputa do ano passado foi muito polarizada, mas n�o � poss�vel a gente afirmar que essa foi a �nica causa da queda da avalia��o positiva. A gente sabe, pela pr�pria pesquisa, que o principal ponto de insatisfa��o do belo-horizontino est� relacionado � mobilidade urbana e � sa�de p�blica e isso vai necessitar de uma resposta do poder p�blico. Isso vai se manter como um tema muito relevante para os pr�ximos anos”, diz.
O pesquisador se refere � parte da pesquisa, divulgada em dezembro pelo Estado de Minas, que aponta que, para 13,8% dos moradores da capital, a demora no atendimento e a qualidade dos servi�os de sa�de � o principal problema da cidade. Quest�es relacionadas � mobilidade urbana foram citadas por 35,6% dos entrevistados, divididos em transporte p�blico e �nibus lotados (21,3%); asfalto e pavimenta��o (9,8%); e tr�nsito (4,5%).
Na avalia��o da gest�o de Belo Horizonte por regi�o, a Regional Oeste � a que mais a classificou como �tima ou boa, com 47,9%, ao passo que apenas 30,6% dos moradores da Regional Norte deram a mesma resposta. A Regional Leste tem o maior percentual, 27,9%, dos que consideram a administra��o da capital ruim ou p�ssima. A menor rejei��o est� na Regional Oeste, com apenas 6,3%.