
O chefe da assessoria especial do presidente Luiz In�cio Lula da Silva, Celso Amorim, disse que n�o acredita que as For�as Armadas do Brasil tenham planejado dar um golpe para derrubar o governo.
Amorim conversou com o programa Hard Talk, da BBC. A entrevista foi ao ar nesta quinta-feira (19/01).
Quando perguntado se o vandalismo do dia 8 de janeiro foi uma tentativa de golpe, Amorim disse: "Sim, mas depende de quem voc� esteja falando. Eu pessoalmente n�o acho que os militares (…) estavam planejando um golpe militar, porque se eles tivessem feito isso eles teriam ido muito al�m."
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Celso Amorim � assessor direto de Lula em assuntos dom�sticos e internacionais. No primeiro mandato de Lula, ele foi ministro das Rela��es Exteriores. E no governo de Dilma Rousseff, ele foi ministro da Defesa.
Amorim diz que as pessoas que participaram dos tumultos — que ele chamou de atos de terrorismo — provavelmente "contavam com algo desse tipo [um golpe], mas que isso n�o aconteceu".
"No fim das contas, n�o houve a��o militar. Acho que vivemos em uma situa��o que n�o � simples, mas acho que vamos conseguir lidar com eles (militares). E eu acho que vamos com o tempo retomar a confian�a completa nas nossas For�as Armadas."

Amorim disse que houve muita "manipula��o" nos �ltimos anos por bolsonaristas, que tentaram cooptar for�as de seguran�a, incluindo nas For�as Armadas e na pol�cia, mas disse que isso n�o afetou a institui��o como um todo.
O assessor especial de Lula conversou de uma sala do Pal�cio do Planalto em Bras�lia por videoconfer�ncia com o apresentador Stephen Sackur da BBC, que estava em Londres. Sackur come�ou a entrevista perguntando o qu�o seguro Amorim se sentia trabalhando no Planalto neste momento.
"Pessoalmente, eu me sinto bastante seguro agora. Eu n�o acho que nada vai acontecer agora ou nos pr�ximos dias", disse Amorim. Ele tamb�m disse que as pessoas que fazem a seguran�a do Planalto foram trocadas e escolhidas pelo novo governo.
Ele afirmou que nos processos judiciais contra bolsonaristas n�o haver� uma "ca�a �s bruxas, n�o algo como aconteceu no governo Bolsonaro em que pessoas eram demitidas por apoiarem diferentes partidos pol�ticos".
Quando questionado se o governo brasileiro pedir� a extradi��o de Bolsonaro, que est� nos Estados Unidos, Amorim afirmou que "� claro que extradi��o � algo que se pode tentar", mas que seria cedo para especular sobre isso, j� que o ex-presidente sequer foi indiciado.
Amorim disse que o Brasil enfrenta uma situa��o dif�cil, mas que o pa�s n�o � ingovern�vel, e citou o apoio da "parte esclarecida da elite" a Lula, assim como das partes "mais s�s e normais do pa�s". E repetiu o que Lula j� havia dito — que o governo sofre oposi��o de pessoas que t�m interesses em atividades como minera��o ilegal e desmatamento da Amaz�nia.
R�ssia e Venezuela
O ex-ministro das Rela��es Exteriores e ex-ministro da Defesa criticou "a falta de pol�tica externa do governo Bolsonaro". E tamb�m criticou san��es adotadas por governos como EUA e pa�ses europeus contra a R�ssia devido � invas�o da Ucr�nia.
"� claro que o Brasil condena a invas�o da Ucr�nia. Est� claro que o Brasil considera isso uma viola��o da Carta da ONU em v�rios aspectos", disse Amorim.
"A pergunta �: qual � o seu objetivo? � chegar � paz ou s� enfraquecer a R�ssia? Houve um problema assim depois da Primeira Guerra Mundial e a Hist�ria pode nos ensinar algumas li��es. A a��o internacional deve visar a paz."
Ele disse que as san��es internacionais n�o est�o resolvendo o problema na Ucr�nia e que essas medidas muitas vezes "fortalecem ainda mais as posi��es daqueles cujo comportamento queremos mudar".
Sobre a Venezuela, o assessor de Lula disse que defende o di�logo como solu��o.
"N�o quero dar nenhum adjetivo ao Maduro. Mas certamente o Guaid� [Juan Guaid�, l�der oposicionista que se autoproclamou presidente da Venezuela, com apoio de governos no exterior], que todos voc�s apoiaram, � uma fic��o. E agora � visto como fic��o pela pr�pria oposi��o venezuelana. Ent�o precisamos de di�logo e exemplo e persuas�o, o que pode ser feito de uma forma que n�o seja uma imposi��o de fora. Isso n�o funciona. Voc� sabe h� quantos anos existem san��es contra Cuba? Sessenta anos. Os historiadores do pr�ximo s�culo olhar�o para isso e achar�o uma ironia."
