
"Recebemos informa��es sobre a absurda situa��o de desnutri��o de crian�as Yanomamis em Roraima. Amanh� (hoje) viajarei ao estado para oferecer o suporte do governo federal", declarou Lula nas redes sociais.
O portal de jornalismo baseado na Amaz�nia Suma�ma revelou os dados: 570 crian�as Yanomami morreram nos �ltimos quatro anos por doen�as que t�m tratamento. A reportagem apontou que, durante o governo de Jair Bolsonaro, o n�mero de mortes de crian�as com menos de 5 anos por causas evit�veis aumentou 29% no territ�rio Yanomami.
A decis�o dos decretos foi tomada no fim da tarde de ontem, em uma segunda reuni�o com os ministros dos Povos Ind�genas, da Sa�de, da Defesa, da Gest�o, e do Desenvolvimento Social, al�m dos comandantes das For�as Armadas. Coordenada pela secret�ria executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, a decis�o � tornar o "Estado presente" no local, al�m de agilizar o envio de ajuda humanit�ria, segundo informa��es obtidas pelo Correio.
Toda a a��o ser� coordenada pela ministra dos Povos Ind�genas, S�nia Guajajara, em conjunto com a Funda��o Nacional do Povos Ind�genas (Funai), presidida por Jo�nia Wapichana, e a Secretaria Especial de Sa�de Indigena (Sesai), comandada pelo ind�gena Weibe Tapeba. Por�m, o apoio log�stico caber� aos militares, que acompanhar�o desde a chegada do presidente � cidade e o poss�vel deslocamento da comitiva at� a Terra Yanomami — visita ainda n�o confirmada. Al�m disso, os militares auxiliar�o na montagem de um hospital de campanha na floresta para atender aos ind�genas.
A��es
O Minist�rio da Sa�de enviou, na segunda-feira, uma equipe a Boa Vista para fazer um levantamento de informa��es e produzir um diagn�stico sobre a situa��o da sa�de dos ind�genas. A inten��o � verificar a presta��o de servi�os de sa�de e os insumos dispon�veis para as comunidades.
Den�ncias recebidas pela pasta apontam que entre as 5 mil crian�as que vivem nas aldeias da TI Yanomami, 570 morreram, principalmente, por contamina��o de merc�rio, desnutri��o, inseguran�a alimentar e falta de acesso a medicamentos do Sistema �nico de Sa�de (SUS). Essas s�o mortes consideradas evit�veis.
O minist�rio enviou duas equipes t�cnicas para atuar em Boa Vista: uma foi para o Distrito Sanit�rio Especial Ind�gena (Dsei) Yanomami, com servidores da Casai, a Secretaria Estadual de Sa�de e da Secretaria Municipal de Sa�de de Boa Vista. A outra se deslocou, com o apoio do Minist�rio da Defesa, para as TIs Surucucu, onde a situa��o � a mais grave, e Xitei.
Desde que esses atendimentos come�aram, os agentes j� resgataram ind�genas com quadros de desnutri��o severa e mal�ria. Um deles foi um rec�m-nascido Yanomami, com 18 dias de vida, que estava com pneumonia e havia sofrido cinco paradas card�acas no caminho da aldeia ao posto de sa�de da comunidade Surucucu — um trajeto de tr�s horas. O beb� recebeu atendimento m�dico um dia depois da chegada da equipe.
Procurado, o minist�rio informou � reportagem que n�o tem um relat�rio preliminar porque algumas �reas s�o de dif�cil comunica��o, mas que hoje, com a visita do presidente, devem ser anunciados alguns n�meros precisos da dimens�o da trag�dia humanit�ria.
Uma a��o chamada SOS Yanomami foi lan�ada em dezembro do ano passado pela Urihi Associa��o Yanomami, pelo Conselho Ind�gena de Roraima (CIR) e pela rede nacional e internacional Ox� Th�p� Yanomami, com objetivo de arrecadar dinheiro para apoiar as comunidades da TI. At� o fim de 2022, foram entregues mais de 3 mil toneladas de alimentos aos Yanomamis, de acordo com as demandas dos l�deres, nas regi�es de Surucucu e Ajarani.
Conjuntura
Um relat�rio da Hutukara Associa��o Yanomami e da Associa��o Wanasseduume Ye'kwana, apoiado pelo Instituto Socioambiental (ISA), de abril de 2022, intitulado Yanomami sob ataque, indicou que os impactos socioambientais do garimpo, principalmente na �gua pot�vel, t�m contribu�do para restri��es � alimenta��o adequada dos ind�genas. Al�m de poluir a �gua, os garimpeiros impedem o direito de ir e vir dos povos origin�rios na buscar de suas fontes de alimento.
O presidente do Conselho Distrital de Sa�de Yanomami, J�nior Hekurari Yanomami, chegou a denunciar que a situa��o sanit�ria "entrou em colapso". "Maior incid�ncia de doen�as infectocontagiosas entre as comunidades ind�genas, em especial a mal�ria. Ademais, vale lembrar que a atividade garimpeira est� diretamente associada � contamina��o de merc�rio, com danos irrevers�veis � sa�de das pessoas das comunidades afetadas. H� not�cias de uma maior incid�ncia de doen�as neurol�gicas entre rec�m-nascidos nas comunidades Yanomamis, mas essas n�o passaram por um diagn�stico", destacou o relat�rio.
Al�m disso, o documento indica problemas no atendimento da sa�de p�blica nas comunidades ind�genas, "com o total abandono de postos de sa�de em alguns casos (a exemplo de Palimiu) e, inclusive, a ocupa��o das pistas comunit�rias para a opera��o e abastecimento do garimpo (a exemplo de Homoxi)". E denuncia: "Tamb�m � comum a queixa do desvio de medicamentos reservados para os ind�genas para atendimento de garimpeiros".
(Colaborou Isabel Dourado, estagi�ria sob a supervis�o de Vinicius Doria).
(Colaborou Isabel Dourado, estagi�ria sob a supervis�o de Vinicius Doria).