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Estado de Minas PRESIDENTE DO SENADO

Pacheco acredita que Bolsonaro estimulou atos golpistas

Presidente do Senado afirma que houve 'a prepara��o de uma ruptura institucional'. Pacheco diz que sua reelei��o representa a democracia


29/01/2023 11:10 - atualizado 29/01/2023 11:45

Rodrigo Pacheco falando à imprensa
Rodrigo Pacheco tenta a reelei��o no Senado na pr�xima quarta (1�/2) (foto: Jefferson Rudy/Ag�ncia Senado)
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirma que o conjunto de a��es antidemocr�ticas, que teve como �pice o ato golpista de 8 de janeiro e a descoberta de uma minuta para decretar estado de defesa, mostra que houve prepara��o para uma ruptura institucional.

 

"Eu considero que essa posi��o firme do Senado em defesa da democracia � o grande legado que o Senado deixa para essa quadra hist�rica e triste do Brasil, em que houve a pretens�o concreta da ruptura institucional e da implanta��o de uma ditadura", afirma em entrevista � Folha de S. Paulo.

 

O senador diz n�o querer ser leviano de fazer acusa��es concretas contra Jair Bolsonaro (PL), mas diz que o ex-presidente estimulou a divis�o da sociedade brasileira em diversos momentos e foi, no m�nimo, incapaz de conter o extremismo de seus apoiadores.

 

"Foram comportamentos evit�veis para um presidente da Rep�blica e que podem ter sim estimulado essa divis�o no Brasil, a ponto de se ter o extremismo que culminou no ato de 8 de janeiro."

 

Candidato para mais dois anos na presid�ncia do Senado contra o bolsonarista Rog�rio Marinho (PL-RN), Pacheco evita associar o advers�rio aos atos golpistas, mas afirma que � sua candidatura � reelei��o que "representa a defesa do Estado de Direito e da democracia".

 

Como o sr. soube o que estava acontecendo naquele 8 de janeiro e em que momento teve dimens�o da gravidade?

Rodrigo Pacheco - Eu estava em viagem de f�rias, j� estava atento e monitorando, em raz�o do trabalho da Pol�cia Legislativa, que anteviu uma manifesta��o e algumas afirma��es de que poderia haver invas�o. No domingo, eu recebi um comunicado do nosso diretor-geral [da pol�cia] dizendo que estavam na imin�ncia de invadir o pr�dio. Imediatamente telefonei para o governador Ibaneis Rocha indagando provid�ncias. Ele disse que estava buscando fazer a rea��o devida e com todas as tropas nas ruas.

Eu ent�o organizei imediatamente meu retorno ao Brasil porque desde o primeiro momento, quando recebi as primeiras imagens, j� vi a gravidade do fato. No dia anterior, eu encaminhei uma mensagem ao governador dizendo da nossa preocupa��o. E ele me respondeu que todas as tropas estariam nas ruas, que ficaria tudo sob controle, para que eu ficasse tranquilo. Por isso a minha convic��o de que o governador, nesse epis�dio todo, pode ter sido induzido a erro.

 

 

 

Nesse momento, o sr. achava que era um movimento de arrua�a ou um golpe?

Rodrigo Pacheco - Ambos. Evidentemente que, al�m da arrua�a, da depreda��o, da invas�o, do atentado ao pr�dio f�sico e � moral dos Poderes, era um atentado � na��o brasileira. E evidentemente os desdobramentos daquilo que nunca antes tinha sido visto poderiam ser inimagin�veis. Naquele instante n�s n�o afastamos nenhuma possibilidade.

O sr. sempre evitou confrontar Bolsonaro por suas falas antidemocr�ticas, dizendo que preferia combater o discurso ao personagem. Agora que conhecemos na pr�tica o impacto da ret�rica do ex-presidente, acha que errou?

Rodrigo Pacheco - Numa atua��o, qualquer que seja, e no meu caso como presidente do Senado, h� erros e acertos. Mas o que eu afirmo sempre � que todas as minhas a��es, acertadas ou n�o, foram pautadas na boa inten��o. Eu sempre preguei a pacifica��o, o equil�brio entre os Poderes. E a minha postura sempre reativa ao discurso e a ideias antidemocr�ticas foi no sentido de n�o permitir que elas se disseminassem no Brasil.

 

No caso de um chefe de Poder, cuja obriga��o � se relacionar bem com os demais chefes de Poderes, considero que temos que nos posicionar em rela��o �s ideias e �s a��es, e n�o levar para um campo de cr�ticas pessoais. Isso poderia descambar para coisas piores, inclusive agravar a situa��o de animosidade que j� existia.

 

E havia, de fato, e se comprova hoje isso, um sentimento muito verdadeiro, concreto, real, que n�o estava no campo das bravatas em rela��o a atos antidemocr�ticos e � perspectiva de uma ruptura institucional no Brasil. Tanto que at� uma minuta de golpe de Estado foi encontrada. Isso � revelador de que, para al�m da cogita��o, houve de algum modo a prepara��o para uma ruptura institucional.

 

E qual � o papel do ex-presidente nisso?

Rodrigo Pacheco - Jair Bolsonaro, presidente da Rep�blica, l�der de um segmento de direita, e infelizmente n�o foi capaz de conter o extremismo desse movimento dele, [que foi] capaz de fazer coisas como [as que] aconteceram no dia 8 de janeiro. Eu n�o vou ter a leviandade de afirmar alguma responsabilidade direta sobre os atos, porque isso depende de uma apura��o.

 

Mas, em termos de movimento pol�tico, o presidente Jair Bolsonaro foi incapaz de conter o radicalismo, o extremismo daqueles que o admiram. E esse era o papel de um grande l�der pol�tico que se impunha: conter esp�rito antidemocr�tico, conter a��es antidemocr�ticas e esse radicalismo que se v� hoje, raivoso, com bastante �dio, desrespeito �s institui��es e �s pessoas.

 

O sr. fala em n�o conter o radicalismo, o que passa a ideia de passividade, e n�o de a��o. Acha que ele n�o influenciou o movimento que resultou em 8 de janeiro?

Rodrigo Pacheco - Eu considero que o presidente Jair Bolsonaro (PL) n�o foi capaz de conter a exalta��o, o radicalismo, o extremismo de grupos, de adeptos seus. E, em alguns momentos, o comportamento dele na Presid�ncia da Rep�blica estimulou a divis�o e a separa��o da sociedade brasileira, quando, por exemplo, agrediu o Supremo Tribunal Federal, os seus ministros.

 

Ent�o foram comportamentos evit�veis para um presidente da Rep�blica e que podem ter sim estimulado essa divis�o no Brasil, a ponto de se ter o extremismo que culminou no ato de 8 de janeiro.

 

 

 

 

O sr. vai disputar a presid�ncia do Senado com um ex-ministro do governo Bolsonaro. Que papel teve Rog�rio Marinho nesse contexto de radicaliza��o e extremismo?

Rodrigo Pacheco - Eu prefiro falar da minha imagem, do meu prop�sito. A minha candidatura � a que representa a defesa do Estado de Direito e o fortalecimento da democracia no pa�s. � a candidatura que acredita nas urnas eletr�nicas, na ci�ncia, que respeita os pares, que busca a uni�o do pa�s, que busca respeitar as demais institui��es, que busca estabelecer limites atrav�s da legisla��o e n�o do revanchismo, da retalia��o a outro Poder.

 

E esses personagens da pol�tica que foram criados nos �ltimos anos a partir desse extremismo de direita, que s�o personagens sem compromisso com resultados, com solu��o, e s� querem angariar likes em rede social, encontrar�o seguramente o seu caminho: v�o ser desmascarados, alguns at� presos, porque atacam a democracia e o Estado de Direito.

 

 

 

No calor do 8 de janeiro, governistas conseguiram assinaturas para uma CPI, mas agora se deram conta de que pode atrapalhar o in�cio do governo Lula. O que o sr. vai fazer?

Se h� um fato que justificaria uma CPI � esse atentado contra a democracia para se identificar quem financiou, colaborou, agiu diretamente ou indiretamente. Eu considero que h� fato determinado, que � um fato robusto, de grande magnitude, que justificaria uma CPI, de modo que, havendo n�mero de assinaturas suficientes, h� absolutamente a pertin�ncia da comiss�o.

 

Se, sob o ponto de vista pol�tico, houver a conclus�o de que uma CPI no in�cio de um governo talvez n�o seja um bom caminho, essa � uma constru��o pol�tica que ter� que ser feita n�o pelo presidente do Senado, mas por todos os l�deres.

 

Ou seja, se o governo quiser matar a CPI, ele que retire assinaturas e que n�o dependa do sr. para segurar a instala��o.

Rodrigo Pacheco - Ou retirem as assinaturas ou, eventualmente lido [o requerimento], n�o haja indica��o de membros para a comiss�o. E a� h� a op��o de n�o se instalar, que � uma op��o pol�tica, leg�tima e que j� aconteceu diversas vezes. Mas eu considero que, da forma como est�, n�o h� o que eu possa fazer. N�o cabe ao presidente do Senado fazer esse ju�zo de se evitar a CPI.

 

O que considera a principal marca da gest�o do sr.?

Rodrigo Pacheco - A maior obra do Senado nesses �ltimos dois anos foi a defesa da democracia, das institui��es brasileiras, de o Senado n�o ter se permitido aderir a um discurso de questionamento da Justi�a Eleitoral, das urnas eletr�nicas. De termos afirmado a todo instante que o resultado da urna seria respeitado e que, no dia 1º de janeiro, o presidente eleito, quem fosse, seria empossado.

 

Eu considero que essa posi��o firme do Senado em defesa da democracia � o grande legado que o Senado deixa para essa quadra hist�rica e triste do Brasil, em que houve a pretens�o concreta da ruptura institucional e da implanta��o de uma ditadura no Brasil. Inclusive com a��o concreta, que foi a aprova��o da Lei do Estado de Direito, em substitui��o � Lei de Seguran�a Nacional, que permite que hoje esses criminosos que invadiram o Congresso n�o sejam enquadrados apenas em crime de dano ou coisa que o valha.

 

Como ser� a rela��o do Senado com o governo, considerando que o PSD � da base e um dos principais aliados do sr. em MG, Alexandre Silveira, � ministro?

Rodrigo Pacheco - Eu espero que seja uma rela��o de harmonia, de respeito, mas de independ�ncia entre os Poderes. O presidente buscar� ter a base necess�ria no Senado para aprova��o das mat�rias e, dentro dessa base, n�s vamos construir as solu��es para o pa�s. Mas algo que � do meu perfil, que � do meu temperamento, que � o respeito a todos.

 

Ent�o evidentemente que, assim como foi nessa legislatura, eu respeitarei muito tamb�m a oposi��o. Haver� tratamento uniforme a todos os senadores.

 

O papel do presidente do Senado n�o pode ser o de base de governo ou de l�der de governo. Tampouco pode ser de l�der de oposi��o. Eu devo arbitrar e ser o magistrado das solu��es do pa�s. Ent�o, tudo aquilo que vier do Executivo como algo poss�vel e prov�vel para a melhora da qualidade de vida das pessoas, n�s vamos fazer de bom grado.

 

Essa arbitragem e essa diplomacia muitas vezes foram confundidas com falta de posicionamento, ficar em cima do muro?

Rodrigo Pacheco - Eu acho que, em todos os temas, eu tive posi��es. �s vezes n�o eram as posi��es esperadas. Ou com a forma que se esperava que fosse. Mas a� eu n�o posso fazer [nada], � imposs�vel agradar a todo mundo. Mas eu sempre tive as minhas posi��es, e elas sempre foram norteadas na defesa do Poder Legislativo e na defesa do Senado. N�s vamos manter nossas posi��es.

 

E esse jeito, que alguns dizem que � o jeito mineiro, voc� est� dizendo que � um jeito diplom�tico, esse jeito vai continuar porque esse � o meu perfil, esse � o meu temperamento, esse � o meu jeito. E n�o � em cima do muro. �s vezes a gente tem que estar acima do muro e buscar a solu��o, e n�o jogar gasolina na fogueira, jogar �gua na fervura � melhor.

 

O sr. chegou a anunciar um plano para aprovar a reforma tribut�ria em seis meses, o que n�o ocorreu. Por que a situa��o agora � diferente?

Rodrigo Pacheco - Porque agora n�s temos uma manifesta��o concreta do governo federal de que quer fazer a reforma tribut�ria. As PECs do Congresso nunca tiveram apoio expl�cito no governo anterior. E � fundamental em reforma tribut�ria se ter o apoio expl�cito e a clareza do que se quer por parte do Executivo, que � o Poder respons�vel pela arrecada��o. O Poder Legislativo � obviamente quem decide, mas isso precisa ser feito a quatro m�os com o Poder Executivo.

 

 

Perfil Pacheco 

Rodrigo Pacheco, 46. Nascido em Porto Velho (RO), mas criado em Passos (MG), Rodrigo Pacheco (PSD) � o atual presidente do Senado e busca a reelei��o em 1º de fevereiro. Advogado criminalista, foi eleito deputado federal em 2014 e presidente da CCJ (Comiss�o de Constitui��o e Justi�a) da C�mara. Foi eleito em 2018 para o Senado, onde se tornou l�der da bancada do DEM, seu antigo partido


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