
Petistas e integrantes do primeiro escal�o dizem que as principais a��es t�m de passar pelo aval do chefe da Casa Civil e chegam a compar�-lo com o ent�o todo-poderoso Jos� Dirceu no in�cio do governo Lula 1 (2003-2006).
Desde o in�cio do novo governo, o ministro ampliou seus poderes sobre as nomea��es e assinou uma norma para determinar que todas as indica��es nos minist�rios at� o n�vel de diretor precisam passar pela Casa Civil. Antes, a Casa Civil avalizava as escolhas para o segundo escal�o, mas postos inferiores ficavam sob autonomia dos respectivos ministros.
As exonera��es de todos os postos, at� os mais baixos, tamb�m passam pelo minist�rio. H� uma avalia��o de petistas de que a m�quina teria sido aparelhada por bolsonaristas e de que � preciso fazer um pente-fino.
Por isso, se outrora cabia � Casa Civil fazer um filtro de vi�s mais jur�dico sobre cargos do segundo e terceiro escal�es, agora o minist�rio tamb�m faz a an�lise pol�tica e d� a palavra final sobre essas nomea��es.
Rui e o PT
Foi Rui quem deu uma das declara��es de maior impacto no mundo pol�tico desde a volta do PT ao poder. Apesar de Lula ter indicado publicamente que n�o pretende disputar a reelei��o, o ministro afirmou, na primeira semana de governo, que o petista pode disputar um novo mandato.
Al�m do controle sobre nomea��es e demiss�es, coube a ele falar em nome de Lula em situa��es sens�veis. Foi Rui quem desautorizou publicamente o ministro da Previd�ncia, Carlos Lupi, que sugeriu revogar as mudan�as nas regras de aposentadoria aprovadas em 2017.
Na mesma semana, ele foi o �nico liberado a falar ap�s a primeira reuni�o ministerial conduzida por Lula. Concedeu uma entrevista coletiva para relatar o teor do encontro, e todos os demais ministros foram orientados a deixar o pal�cio sem conversar com a imprensa.
Tamb�m foi ele que se reuniu com os comandantes das For�as Armadas para preparar a reuni�o dos militares com Lula, em meio � tens�o desencadeada ap�s os atos de vandalismo nas sedes dos Tr�s Poderes.
Logo ap�s a vit�ria petista, Lula nomeou seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), para ser o coordenador-geral do governo de transi��o; a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para a coordena��o pol�tica; e Aloizio Mercadante para ser coordenador t�cnico.
A partir dali, a especula��o era a de que um dos tr�s nomes poderia dar sequ�ncia ao poder dado a eles na transi��o para ser tamb�m o respons�vel por tocar a gest�o do governo na Casa Civil. A impress�o era refor�ada pelo papel central que eles tiveram durante a campanha.
Nos bastidores, nunca saiu do cen�rio o peso que o grupo pol�tico do PT da Bahia teria no Executivo. Por isso, o l�der do grupo e homem de confian�a de Lula de longa data, senador Jaques Wagner (PT-BA), era apontado como um nome para a Casa Civil.
O parlamentar, de perfil negociador, ficou com a lideran�a do governo no Senado. E seu sucessor como governador da Bahia, Rui Costa, foi para a Casa Civil. O atual chefe da Casa Civil ficou oito anos no cargo e, em 2022, elegeu para o posto o aliado Jer�nimo Rodrigues, que nunca havia disputado uma elei��o.
Apesar do seu poder no governo, Rui n�o pode seguir o caminho de outros ex-governadores petistas do nordeste, como Camilo Santana (CE) e Wellington Dias (PI), que terminaram seus oito anos de mandato e se elegeram para o Senado.
A constru��o da chapa aliada na Bahia previa o apoio � reelei��o do senador Otto Alencar (PSD-BA), deixando o atual ministro sem cargo eletivo. O sacrif�cio foi elogiado pela c�pula petista.
Governo Lula
Integrantes do governo tamb�m creditam a Rui boa parte da expressiva vota��o de Lula na Bahia: 72%. Isso reafirmou a for�a pol�tica do grupo no entorno do chefe do Executivo.
O capital que Rui acumula tamb�m tem rela��o com o novo desenho da Casa Civil, hoje mais robusta do que sob o governo do antecessor Jair Bolsonaro (PL). Al�m disso, seu bra�o direito � Miriam Belchior, ex-ministra de gest�es petistas, que tamb�m exerce poder sobre o Executivo e, em especial, sobre programas de infraestrutura.
Miriam e o PT ganharam uma queda de bra�o com a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), que saiu fortalecida das elei��es presidenciais por seu apoio a Lula no segundo turno.
O partido aliado fazia quest�o que o Planejamento tivesse em seu guarda-chuva os bancos p�blicos e o PPI (Programa de Parcerias de Investimento). Rui, Miriam e o PT insistiram e ficaram com a coordena��o do programa.
Comanda o PPI no Planalto hoje Marcus Cavalcanti, que foi secret�rio da Infraestrutura da Bahia. Outros nomes do estado tamb�m foram com Rui para o Planalto e ocupam postos de relev�ncia.
A Secretaria de Administra��o, que ficava sob a Secretaria-Geral, est� agora na Casa Civil, com Norberto Queiroz, auditor fiscal aposentado da Bahia.
J� a SAJ (Subchefia de Assuntos Jur�dicos), respons�vel pela palavra final do ponto de vista jur�dico em atos normativos do governo, est� com o jurista Wellington C�sar Lima, que foi procurador-geral de justi�a do Minist�rio P�blico da Bahia.
A Secretaria Especial de Articula��o e Monitoramento, que coordena projetos da Esplanada, est� sob o comando do administrador Maur�cio Muniz, que era assessor Chefe da Casa Civil do Governo da Bahia.
Como titular da Casa Civil, Rui faz quest�o de demonstrar o poder sobre os outros minist�rios. Ele tem feito um p�riplo na sede das outras pastas para discutir prioridades da gest�o de cada �rg�o e passar miss�es.
� a equipe de Rui e Miriam que definir� as prioridades dos minist�rios nos 100 dias de governo.
Al�m da estrutura, a Casa Civil carrega um forte simbolismo de comando nos governos petistas. Ap�s a sa�da de Dirceu, quem assumiu foi Dilma Rousseff, que se tornou a substituta de Lula na Presid�ncia --apesar da resist�ncia interna que enfrentava.
Na Bahia, Rui ficou conhecido como um pol�tico que evita embates ideol�gicos e prioriza a condu��o do cotidiano da m�quina p�blica. No governo federal, assumiu papel similar. As declara��es mais fortes contra Bolsonaro, por exemplo, s�o feitas por Lula ou por outros ministros.