
A doa��o deve sair do minist�rio de Schulze, respons�vel tamb�m pelo Fundo Amaz�nia, mas deve ir al�m do mecanismo voltado � conserva��o das florestas e � mitiga��o das mudan�as clim�ticas.
A ministra recebeu a reportagem no hotel em que se hospedou em S�o Paulo no �ltimo s�bado (28), antes de viajar a Bras�lia para encontrar as duas ministras. Nesta segunda (30), ela cumpre agenda de reuni�es junto ao chanceler da Alemanha, Olaf Scholz.
O objetivo � ouvir do governo brasileiro sobre as prioridades de investimentos e tra�ar planos velozes de coopera��o nas �reas social, de florestas e energia.
Fundo Amaz�nia
Schulze tamb�m cita a necessidade de reabilitar rapidamente os recursos parados no Fundo Amaz�nia, que tem R$ 3,3 bilh�es em caixa, inutilizados pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).
O atual governo tem sinalizado aos parceiros internacionais que o Fundo Amaz�nia � uma prioridade nas parcerias e deve ser usado de forma emergencial para as a��es de fiscaliza��o ambiental e combate ao desmatamento na Amaz�nia.
Segunda maior doadora do Fundo, a Alemanha j� havia fechado um novo contrato de doa��o logo ap�s as elei��es presidenciais, no valor de EUR 35 milh�es (cerca de R$ 194 milh�es).
"Uma coisa que j� nos foi informada pelo governo � que os estados amaz�nicos precisam de mais apoio, n�o atrav�s do fundo Amaz�nia, para que possam fazer coisas mais concretas em mat�ria de prote��o da floresta", diz Schulze.
A proposta de coopera��o clim�tica para al�m do Fundo Amaz�nia tem resson�ncia com o que os estados amaz�nicos reivindicaram durante a COP27 do Clima da ONU, que aconteceu em novembro de 2022, no Egito.
Uma das demandas do Cons�rcio da Amaz�nia Legal ao governo Lula foi justamente a possibilidade de ter mais autonomia no recebimento de recursos internacionais para as pol�ticas estaduais de clima.
Agricultura e hidrog�nio verde
Para al�m das florestas, a ministra cita ainda a pretens�o do governo alem�o de atuar em agricultura e hidrog�nio verde --�reas onde o Brasil pode ser uma pot�ncia, ela afirma.
"Por isso estamos desde j� interessados em boas rela��es, porque isso no futuro pode ser bem interessante para todos, inclusive para n�s, quando o Brasil come�ar a produzir hidrog�nio em grande escala", diz Schulze. A exporta��o de hidrog�nio verde --feito a partir de energias renov�veis-- � uma aposta da ind�stria brasileira para a substitui��o das fontes f�sseis de energia nos pa�ses europeus.
"Esperamos que o Brasil seja rapidamente capaz de produzir hidrog�nio para exportar, mas tamb�m para satisfazer suas pr�prias necessidades, e talvez produza excedente que sobre para exportar para pa�ses como a Alemanha", completa.
Segundo a ministra, a autossufici�ncia energ�tica seria positiva para que o Brasil n�o precisasse importar energia. "Essa � a experi�ncia dolorosa pela qual a Alemanha passa agora, porque estava completamente dependente do g�s russo", compara. "Para n�s, a prioridade n�mero um � sermos mais resilientes e n�o dependermos mais da R�ssia, para que n�o possamos ser chantageados", aponta.
"Doeu muito ter que religar as usinas de carv�o", diz Schulze, que comandou o Minist�rio do Meio Ambiente da Alemanha entre 2018 e 2021. "Eu era ministra quando a lei da prote��o do clima foi aprovada, ent�o esse passo agora foi muito custoso", lembra. "Apesar disso, queremos eliminar o uso do carv�o mais cedo, mais rapidamente."
Esta � a terceira visita de representantes do governo alem�o desde a elei��o do presidente Lula, no �ltimo outubro. Em dezembro, a enviada especial do clima da Alemanha, Jennifer Morgan, fez reuni�es em S�o Paulo e elogiou as declara��es do novo governo sobre o compromisso do pa�s com as metas clim�ticas definidas no Acordo de Paris.
Posse de Lula
J� a posse de Lula, no in�cio do m�s, contou com a presen�a do presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier.
A coopera��o em clima e prote��o florestal tamb�m deve ajudar os alem�es a destravarem outra �rea importante para o pa�s europeu: o acordo comercial da Uni�o Europeia com o Mercosul, barrado no parlamento europeu por conta das preocupa��es com o descontrole no desmatamento da Amaz�nia -o que poderia ser incentivado pela intensifica��o das rela��es comerciais com o Brasil, segundo cr�ticos do acordo.
"Na prote��o das florestas, percebemos que h� possibilidade de fazer algo com o novo governo", diz Schulze, citando ter recebido do governo brasileiro o sinal de que o Brasil deseja renegociar algumas partes. "Estou bem ansiosa para ver o que acham aqui. Posso sinalizar que da nossa parte h� grande abertura", afirma a ministra.
O projeto Planeta em Transe � apoiado pela Open Society Foundations.