
De um lado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) busca a reelei��o, conta com o apoio do presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), prop�e pautas voltadas para a retomada do desenvolvimento do pa�s e deseja consolidar a harmonia entre os Tr�s Poderes.
De outro, Rog�rio Marinho (PL-RN) tem como projeto reacender o conflito ideol�gico e as pautas de costumes que galvanizam a extrema direita, tem o respaldo do presidente Jair Bolsonaro (PL) - mesmo a dist�ncia, em Miami (EUA) - e pretende trazer � tona discuss�es com o expl�cito objetivo de emparedar o Supremo Tribunal Federal (STF) - como, por exemplo, votar o impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
Na �ltima quinta-feira, no jantar oferecido por Pacheco na resid�ncia oficial do Senado, Lula se jogou na campanha do senador � reelei��o. Nos bastidores do Senado e do Pal�cio do Planalto, muito se fala sobre a relev�ncia de uma rela��o pac�fica na Pra�a dos Tr�s Poderes, abalada nos �ltimos quatro anos pelas investidas de Bolsonaro, cujo projeto claramente autorit�rio encontrou resist�ncia forte tamb�m no presidente do Senado.
Ao contr�rio do seu cong�nere no comando da C�mara, o deputado Arthur Lira (PP-AL), Pacheco em v�rios momentos se manifestou sem meias palavras em defesa da democracia e do Estado de Direito, sobretudo diante dos ataques ao STF e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O ent�o presidente da Rep�blica tentou, at� mesmo, botar para frente uma medida provis�ria, a MP 1.068/2021 - que limitava a remo��o de conte�dos publicados nas redes sociais -, sumariamente devolvida pelo presidente do Senado, por perceber a inten��o de fazer com que as mentiras e distor��es das redes bolsonaristas pudessem fluir sem freios.
Pontos positivos
Pela reelei��o, pesam alguns fatores a favor de Pacheco: � considerado um bom l�der entre os colegas; conta com apoio expl�cito do Pal�cio do Planalto; tem a simpatia dos ministros do STF - nos bastidores, corre a vers�o de que um dos seus mais empenhados cabos eleitorais � o decano do Supremo, Gilmar Mendes -; e j� teria fechado 43 votos (de 41 necess�rios para garantir a vit�ria) no arco de apoios - composto por PT, PSB, PDT, MDB e PSD, mais o Uni�o Brasil, que embora n�o tenha chancelado a candidatura, deve apoiar a reelei��o.
Os estrategistas da campanha de Pacheco consideram dif�cil alguma defec��o, na dire��o de Marinho, nesse grupo de partidos. Tanto que trabalham com um horizonte de obten��o de 55 votos, que incluiria, ainda, senadores do PSDB - Alessandro Vieira (SE) � dado como certo - e do Podemos - Eduardo Gir�o (CE) tamb�m registrou candidatura � Presid�ncia da Casa, mas com chances consideradas nulas. Na ponta do l�pis, o grupo de apoiadores de Pacheco estima que pelo menos dois votos venham do partido do parlamentar cearense.
Para os senadores que articulam a reelei��o, � importante que o senador mineiro consiga uma confort�vel vantagem sobre Marinho. Isso porque, na an�lise que fazem, uma vota��o expressiva sepultaria a polaridade t�xica da disputa presidencial entre Lula e Bolsonaro, e representaria a definitiva virada de p�gina depois dos atos terroristas de 8 de janeiro.
Mais: jogaria para o final da fila qualquer tentativa de ressuscitar pautas de costumes caras � extrema direita; marcaria o isolamento, na Casa, de bolsonaristas radicais - como os senadores eleitos Damares Alves (Republicanos-DF) e Magno Malta (PL-ES), que deram apoio aos acampamentos golpistas na frente dos quart�is, clamando por uma quartelada; e colocaria o Senado rumo a uma marcha ao centro, com o afastamento paulatino do radicalismo por parte senadores identificados com a direita.
A vit�ria de Pacheco ainda esvaziaria a narrativa nas redes sociais dos extremistas de que o pa�s segue na dire��o do "comunismo" e que existe uma "conspirata" do "sistema" para os grupos "de sempre" se manterem no poder.
Para culminar, os estrategistas da campanha � reelei��o ainda enxergam um efeito a m�dio prazo: o esvaziamento do bolsonarismo para as elei��es municipais de 2024.
Alguns pr�-candidatos - como o senador Fl�vio Bolsonaro (PL-RJ), que � apontado como o nome que o cl� pretende lan�ar para disputar a prefeitura da capital fluminense - chegariam enfraquecidos e n�o conseguiriam fixar uma base s�lida para que a extrema direita tenha chances concretas de fazer uma bancada de peso nos tr�s n�veis do Poder Legislativo. Ou at� mesmo de voltar ao comando do pa�s, em 2026.
