
Enquanto Zema aponta a Recupera��o Fiscal como sa�da para a d�vida de quase R$ 150 bilh�es do estado junto � Uni�o, Lohanna teme impactos do ajuste de contas nas pol�ticas p�blicas estaduais.
"Existem caminhos para negociar com o governo federal - e Lula j� deixou essas portas abertas. � preciso que Zema des�a do palanque, pare de atacar o governo federal e v� negociar com o ministro da Fazenda (Fernando Haddad) e com o presidente uma perspectiva melhor para que Minas possa colocar a d�vida em dia", diz, em entrevista ao Estado de Minas.
Ex-vereadora de Divin�polis, na Regi�o Centro-Oeste de Minas Gerais, Lohanna quer encampar temas como a educa��o p�blica e o meio ambiente. O trabalho em conjunto com as outras 14 deputadas da bancada feminina tamb�m est� na mira. "O governo de Minas precisa sair da omiss�o e come�ar a trabalhar para proteger a vida das mineiras. Em pautas assim, a gente vai deixar de lado toda a nossa diversidade e trabalhar de forma coletiva para proteger nossas mulheres", pontua.
Qual ser� a prioridade de seu mandato?
Sou professora. A defesa da educa��o � prioridade absoluta do mandato. Como vim do movimento estudantil, a defesa da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), dos estudantes das universidades p�blicas do estado e da estrutura da UEMG v�o ser prioridades dentro da quest�o da educa��o. A defesa da cultura (tamb�m ser� prioridade), especialmente dos fazedores de cultura do interior. Sabemos que a maior parte dos recursos p�blicos do Fundo Estadual de Cultura e das outras fontes de financiamento ficam para a Regi�o Metropolitana de BH, sendo que temos uma cultura viva e pujante no interior abandonada do ponto de vista or�ament�rio.
E (h�) a defesa do Meio Ambiente, j� que, para quem entendia que cuidar dele era coisa de hippie e de gente muito anarquista e diferente, agora as chuvas e os eventos cada vez mais extremos est�o mostrando que a prote��o ao Meio Ambiente � uma quest�o de sobreviv�ncia e urgente a todos n�s.
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A senhora est� no bloco de oposi��o a Zema. Como projeta a rela��o de seu mandato, em termos individuais, com o governador?
Me considero uma pessoa de centro-esquerda, moderada, mas que sabe as batalhas e as pautas das quais n�o d� para m�o. A defesa do servi�o p�blico como organiza��o capaz de levar a presta��o de servi�os de qualidade a quem est� na ponta � inerente ao meu trabalho. Ent�o, pretendo dialogar com o governo em tudo aquilo o que for poss�vel. Por, justamente, saber onde n�o posso ceder, sei onde posso. Existem bandeiras que, para a gente, s�o inegoci�veis. Dentro do que entendemos que pode ser favor�vel para a popula��o, vamos negociar, sim.
Estou no bloco de oposi��o e me entendo como progressista e com vi�s de esquerda, mas entendo que � importante, tamb�m, conseguir negociar e construir alian�as. Se n�o, quem perde � o povo mineiro.
A senhora citou a defesa do servi�o p�blico, tema que est� relacionado ao Regime de Recupera��o Fiscal defendido por Zema para negociar a d�vida bilion�ria contra�da junto � Uni�o. Por outro lado, parte do funcionalismo teme os impactos desse ajuste de contas. Qual a sua posi��o a respeito?
Na forma como est� proposto hoje, o Regime de Recupera��o Fiscal n�o apenas prejudica as carreiras do servi�o p�blico, mas a presta��o de servi�os, j� que vai inviabilizar a amplia��o de alguns servi�os do estado. Se a Recupera��o Fiscal for efetivada da forma que est�, como vamos ocupar os 11 hospitais regionais de trabalhadores, uma vez que n�o poderemos ter amplia��o da folha (de pagamento)? S�o perspectivas importantes que mostram que ser contra o regime da forma como ele foi constru�do hoje n�o � s� defender o servidor p�blico. � isso tamb�m, mas n�o apenas. � ter compromisso com a presta��o de servi�os � popula��o que est� na ponta e depende do estado para ter acesso aos direitos fundamentais.
Existem caminhos para negociar com o governo federal - e Lula j� deixou essas portas abertas. � preciso que Zema des�a do palanque, pare de atacar o governo federal e v� negociar com o ministro da Fazenda (Fernando Haddad) e com o presidente uma perspectiva melhor para que Minas possa colocar a d�vida em dia.
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O governador defende, tamb�m, a privatiza��o de estatais. A senhora pensa que isso pode ser debatido ou � contra a ideia?
Temos de discutir caso a caso. No geral, o que o governador tem trazido � uma perspectiva de venda do estado, inclusive em �reas fundamentais. Vemos o governador, por exemplo, com uma facilidade em entregar os servi�os p�blicos de sa�de para organiza��es sociais de sa�de (OSS) que � algo impressionante. Existem OSS s�rias, mas existem outras envolvidas em diversos esc�ndalos. A gente n�o pode deixar que a gest�o da sa�de v� por esse caminho.
Lula, quando foi presidente, avan�ou em algumas quest�es de privatiza��o e fez uma reforma do funcionalismo que � �poca, foi criticada por alguns setores da esquerda. Temos de discutir caso a caso, mas sem lotear Minas e sem fazer com o que o patrim�nio do estado v� para a iniciativa privada. N�o se trata de uma empresa, mas do governo do estado de Minas Gerais.
A senhora comp�e uma legislatura com recorde de mulheres: 15. No �ltimo ciclo, a Assembleia formalizou a cria��o de uma bancada feminina. Como esse grupo pretende trabalhar junto nos pr�ximos quatro anos?
� um grupo muito diverso. Temos mulheres mais � direita, mulheres mais � esquerda e mulheres de centro, com pautas regionais interessantes. Mas tenho certeza que algumas quest�es nos unem: Minas Gerais lidera o ranking de feminic�dios. Essa quest�o nos une. A defesa das delegacias da mulher e a cobran�a para que o governo de Minas nomeie delegadas (tamb�m une). Temos um vazio na quest�o das delegacias da mulher que � impressionante.
O governo de Minas precisa sair da omiss�o e come�ar a trabalhar para proteger a vida das mineiras. Em pautas assim, a gente vai deixar de lado toda a nossa diversidade e trabalhar de forma coletiva para proteger nossas mulheres.
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Deputados do bloco de oposi��o t�m falado em utilizar a coaliz�o como ferramenta de di�logo com o governo Lula. Como a reprodu��o, em Minas, da uni�o entre PT, PCdoB, PV, Psol e Rede, pode auxiliar a interlocu��o dos deputados com o governo federal?
Existem pautas muito interessantes para trabalhar nesse sentido: habita��o, por exemplo. Com o retorno do governo Lula, a gente tem perspectiva �bvia de retorno de investimentos no 'Minha Casa, Minha Vida', que estava praticamente parado, j� que o 'Casa Verde e Amarela' foi s� uma nova logomarca - n�o houve, de fato, a constru��o expressiva de casas para os brasileiros. O vice-presidente (Geraldo Alckmin) j� se reuniu com construtoras para poder alinhar o retorno do projeto. Isso, naturalmente, vai ter impacto sobre os planos de Zema de privatizar a Cohab - e sobre a constru��o de moradias em Minas.
Em ci�ncia e tecnologia, a Funda��o de Amparo � Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) tem sofrido sob o governo Zema. Os investimentos s�o muito pequenos e deficit�rios. Temos a perspectiva de, com o retorno dos investimentos em ci�ncia e tecnologia a n�vel federal, isso ter impacto na Fapemig e, por consequ�ncia, na Uemg - j� que v�rios alunos da Uemg, apesar de n�o receberam diretamente recursos do governo federal, s�o bolsistas da Fapemig. O bloco � o caminho natural para que o governo federal converse com Minas Gerais, j� que, pelos gestos que o governador tem feito, o poder Executivo n�o ser� esse caminho.