
Bras�lia – O presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) chega aos seus 50 dias de governo acumulando agendas e desafios que passam por entregas de programas sociais, fortalecimento de sua base no Congresso, exonera��o de militares e reposicionamento do Brasil internacionalmente. E por fim o pol�mico embate com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre a taxa Selic. O per�odo marca metade dos chamados 100 dias – express�o presente em todos as gest�es que assumem a chefia do Executivo. A pr�xima viagem do petista est� prevista para o pr�ximo dia 3, a Mato Grosso, terra do agroneg�cio. A informa��o foi confirmada pela assessoria de imprensa de Lula.
O petista, que at� o momento priorizou compromissos em estados onde venceu nas elei��es de 2022, � exce��o de S�o Paulo, vai desembarcar em territ�rio cuja prefer�ncia de eleitores no pleito do ano passado foi pelo bolsonarismo. Os compromissos foram, respectivamente, em S�o Paulo, Roraima, Rio de Janeiro, Bahia e Sergipe. Lula mant�m os olhos fitos nas entregas que j� ocorreram e nas que ir�o ocorrer. A chamada “agenda de futuro” – que envolve desde a reestrutura��o de pol�ticas p�blicas � diplomacia com pa�ses da Am�rica do Sul, Am�rica do Norte e �sia – � tamb�m prioridade de seu terceiro mandato.
Em Araraquara, Lula prestou solidariedade a v�timas dos danos causados por forte chuva no estado paulista. Em Roraima, a pauta destinou-se especificamente ao conhecimento internacional do desastre humanit�rio contra os povos yanomamis. A ida ao estado teve como desfecho a��es integradas entre minist�rios, com entrega de pelo menos quatro toneladas de alimentos a aldeias locais, prioridade da vacina��o contra COVID-19 e investiga��o da gest�o Bolsonaro pela Pol�cia Federal. Na sequ�ncia, Lula foi � cidade baiana de Santo Amaro para a entrega de 2.745 unidades do Minha casa, minha vida, que teve sua nomenclatura convertida para Casa verde amarela no governo anterior.
Ele anunciou 2 milh�es de moradias at� 2026. A aposta � potencializar as �reas envolvidas no setor, para al�m das fam�lias de baixa renda em todo o Brasil. Em Sergipe, Lula anunciou o reajuste do sal�rio m�nimo, que, ter� aumento de R$ 18 e passar�, a partir de maio pr�ximo, para R$ 1.320. A promessa de isen��o de Imposto de Renda a pessoas f�sicas, dentro da tribut�ria, tamb�m foi anunciada. A nova faixa ter� o limite de R$ 2.640. O presidente confirmou ainda que o novo Bolsa-Fam�lia passa a vigorar em mar�o, a R$ 600, adicionado de R$ 150 a fam�lias a cada crian�a com at� 6 anos. Houve, ainda, o an�ncio do aumento das bolsas da Coordena��o de Aperfei�oamento de Pessoal de N�vel Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient�fico e Tecnol�gico (CNPq).
RESULTADOS
Lula espera que, nos pr�ximos 50 dias, as a��es encaminhadas mostrem resultados concretos, como a redu��o da pobreza e melhoras nos indicadores econ�micos. O controle da infla��o e da taxa de juros � a �rea em que tende a haver maior resist�ncia e levar mais tempo para que a popula��o sinta as mudan�as no bolso. Uma das investidas do presidente para alcan�ar apoio, ainda que indireto, na realiza��o de suas promessas foram as cr�ticas no in�cio deste m�s ao Banco Central (BC), presidido por Roberto Campos Neto. Lula partiu para cima da infla��o e da taxa Selic, esta de grande valia para investimentos do mercado interno e externo no pa�s.Campos Neto � tido como pr�ximo de Bolsonaro. Ambos est�o juntos em pelo menos um grupo de WhatsApp. A estrat�gia rendeu uma promessa de convoca��o do gestor � Comiss�o de Assuntos Econ�micos (CAE) do Senado. � reportagem, o ainda presidente da comiss�o, senador Otto Alencar (PSD-BA), disse que n�o h� data definida, mas que o convite vai ser formalizado ap�s o carnaval. Campos Neto, ap�s as falas do petista, passou a falar em responsabilidade do BC para com a �rea social.
Lula vem tamb�m pondo fim a ra�zes bolsonaristas em seu governo. A exonera��o de militares desde os primeiros dias de seu terceiro mandato, sobretudo ap�s 8 de janeiro, � um dos principais marcos. At� o momento, pelo menos 74 nomes das For�as Armadas que estavam � disposi��o da gest�o Bolsonaro foram retirados. Cerca de 55 s�o s� do Ex�rcito. Na Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF), foram cerca de 125 exonera��es desde 1º de janeiro.
No Congresso, o �xito na constru��o de uma alian�a ampla fragilizou a expectativa de oposi��o forte ao “lulismo”, tanto na C�mara quanto no Senado. Ao lado de Arthur Lira (PP-AL), presidente da C�mara, Lula construiu acordos para celeridade na reforma tribut�ria, incluindo mudan�as na �ncora fiscal; destina��o de emendas parlamentares de R$ 13 milh�es a deputados eleitos em 2022, que n�o foram contemplados via Or�amento com os recursos; e presid�ncias de comiss�es cruciais, como a de Constitui��o, Justi�a e Cidadania (CCJ). Dos 23 partidos da Casa, apenas o Novo pode ser visto oficialmente, no momento, como oposi��o radical ao governo. Deputados do PL, PP e Republicanos t�m falado em oposi��o respons�vel. Siglas como Podemos ainda n�o definiram suas estrat�gias.
PACHECO
Aliado de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, Lula trabalhou pela recondu��o do parlamentar. Ministro das Rela��es Institucionais, Alexandre Padilha (PT), selou acordos para a reelei��o do senador e arquitetou for�a-tarefa para desconstruir fake news espalhadas por extremistas contra Pacheco. A costura de Padilha foi feita junto a Paulo Pimenta (PT), ministro-chefe da Secretaria de Comunica��o Social.Pacheco venceu e, assim, tamb�m levou por �gua abaixo as chances de uma oposi��o radical na Casa. Constitu�dos como minoria, PL, PP e Republicanos somam 22 senadores, do total de 81. Os senadores S�rgio Moro (Uni�o Brasil-PR), Rog�rio Marinho (PL-RN), Hamilton Mour�o (Republicanos-RJ) e Damares Alves (Republicanos-DF) s�o nomes para manter vivas as cr�ticas a Lula, mas correm o risco de ser alijados pelas suas pr�prias legendas.