
Segundo o ex-ministro e documentos, mais de um pacote foi entregue pelo governo saudita por ocasi�o da miss�o brasileira (sem Bolsonaro) que esteve no pa�s do Oriente M�dio em outubro de 2021.
Um deles, um conjunto de joias e rel�gio avaliado em R$ 16,5 milh�es que seria para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, foi retido pela Receita no aeroporto de Guarulhos (SP) assim que Albuquerque e equipe desembarcaram no Brasil. O caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo na sexta-feira (3).
Um outro pacote, que inclui rel�gio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de ros�rio, todos da marca su��a de diamantes Chopard e supostamente destinados a Bolsonaro, estava na bagagem de um dos integrantes da comitiva e n�o foi interceptado pela Receita.
Publicamente, n�o h� estimativa ou avalia��o de valores desse outro lote de joias.
"Encaminho ao Gabinete Adjunto de Documenta��o Hist�rica -GADH caixa contendo os seguintes itens destinados ao Presidente da Rep�blica Jair Messias Bolsonaro", diz trecho do recibo de entrega ao qual a Folha de S.Paulo teve acesso. Procurada, a Presid�ncia n�o respondeu.
Neste s�bado (4), ap�s evento nos Estados Unidos, Bolsonaro disse que n�o pediu nem recebeu qualquer tipo de presente em joias do governo da Ar�bia Saudita.
"Eu agora estou sendo crucificado no Brasil por um presente que n�o recebi. Vi em alguns jornais de forma maldosa dizendo que eu tentei trazer joias ilegais para o Brasil. N�o existe isso", afirmou.
Segundo ele, a Presid�ncia notificou a alf�ndega. "At� a� tudo bem, nada de mais, poderia, no meu entender, a alf�ndega ter entregue. Iria para o acervo, seria entregue � primeira-dama. E o que diz a legisla��o? Ela poderia usar, n�o poderia desfazer-se daqui. S� isso, mais nada."
Procurado pela reportagem, o ex-assessor especial Ant�nio Carlos Mello disse que fez a entrega pessoalmente ao setor encarregado do acervo presidencial no Planalto. Afirmou que o minist�rio informou a Receita e Presid�ncia e pediu orienta��es t�o logo os supostos presentes foram recebidos na pasta.
De acordo com Mello, houve uma s�rie de tratativas para definir qual seria o destino do material, o que teria feito com que a entrega ocorresse mais de um ano ap�s o recebimento.
"Foi entregue [ao Planalto em novembro de 2022] porque demorou-se muito nesse processo para dizer quem vai receber quem n�o vai receber, onde vai ficar onde n�o vai ficar. S� n�o podia ficar no minist�rio nem ningu�m utilizar", afirmou o ex-assessor especial do minist�rio.
Tamb�m acrescentou: "O que foi apreendido foi apreendido, mesmo dizendo que se tratava de presentes institucionais. Uma parte a Receita resolveu apreender. N�o vou discutir. � um problema que n�o cabe a gente. E o restante que veio [para o minist�rio] foi entregue e recebido pela Presid�ncia".
Ainda n�o se sabe por qual motivo a Receita reteve somente parte das joias oriundas dos sauditas.
A gest�o Bolsonaro tentou reaver o conjunto de joias e rel�gio retido pela Receita Federal sob a alega��o de que os objetos seriam analisados para incorpora��o "ao acervo privado do Presidente da Rep�blica ou ao acervo p�blico da Presid�ncia da Rep�blica".
A informa��o consta em documentos publicados em redes sociais pelo ex-chefe da Secretaria Especial de Comunica��o Social na gest�o Bolsonaro, Fabio Wajngarten.
Em uma rede social, Michelle negou ser a destinat�ria das joias, mas n�o deu mais explica��es e ironizou: "Quer dizer que 'eu tenho tudo isso' e n�o estava sabendo? Meu Deus! Voc�s v�o longe mesmo hein?! Estou rindo".
Em nota neste s�bado, a assessoria do ex-ministro Bento Albuquerque corroborou os documentos de Wajngarten e disse que, diante dos valores "hist�rico, cultural e art�stico" dos itens, a pasta adotou medidas para encaminhar o acervo "ao seu adequado destino legal".
"Tratavam-se de presentes institucionais destinados � Representa��o brasileira integrada por Comitiva do Minist�rio de Minas e Energia -portanto, do Estado brasileiro; e que, em decorr�ncia, o Minist�rio de Minas e Energia adotaria as medidas cab�veis para o correto e legal encaminhamento do acervo recebido", disse.