O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, classificou como "um neg�cio assustador" o efeito que as redes sociais tiveram nos bolsonaristas presos pelos ataques terroristas de 8 de janeiro.
Em evento, ontem, na Funda��o Fernando Henrique Cardoso (FHC), Moraes discursou por cerca de uma hora sobre as elei��es de 2022, os ataques � democracia e �s urnas eletr�nicas, e os inqu�ritos do Judici�rio que apuram os atos golpistas.
Moraes relatou a visita que fez, no in�cio do m�s passado — ao lado da presidente do STF, ministra Rosa Weber —, � Penitenci�ria Feminina da Colmeia, em Bras�lia, onde est�o detidas mulheres que participaram dos ataques.
"V�rias pessoas alienadas. Acham que n�o fizeram nada. Acham que foram se manifestar, liberdade de manifesta��o. Uma delas chegou a dizer que estava passando por perto e viu, e a� Deus disse para ela se refugiar debaixo da mesa do presidente do Senado (Rodrigo Pacheco). S� por causa disso, ela entrou (no Congresso)", contou o ministro. "� um neg�cio assustador o que essa lavagem cerebral dessas mil�cias digitais est� fazendo com in�meras pessoas", acrescentou.
Redes sociais
O magistrado afirmou que as redes sociais contribu�ram para o movimento de extrema direita que resultou na depreda��o das sedes dos Tr�s Poderes e na tentativa de golpe de Estado. Conforme destacou, o fen�meno n�o foi exclusividade brasileira, e o grupo conseguiu "capturar" as plataformas para se promover.

"Vimos quest�es que, aparentemente, s�o pat�ticas hoje, mas iriam crescer. Voc�s lembram daquele grupo rid�culo, os 300, tentando imitar os 300 de Esparta. Eram 30. Al�m de rid�culos, n�o sabiam matem�tica", ironizou. "Com tochas, pareciam a Ku Klux Klan. Rid�culo. S� que isso incendiou as redes."
O grupo "300 do Brasil" surgiu em 2020, era liderado pela bolsonarista extremista Sara Winter e ostentava armas de fogo. A l�der foi presa naquele mesmo ano, no �mbito de inqu�rito que investigava a propaga��o de fake news, e chegou a amea�ar Moraes. "O pior legado dessas mil�cias digitais foi esse �dio, essa inimizade que gerou entre as pessoas", pontuou.
O inqu�rito das fake news, aberto pelo ent�o presidente da Corte, Dias Toffoli, foi a primeira a��o do Supremo contra extremistas. Moraes declarou que a iniciativa representou um "acerto hist�rico". Ele estima que, sem ela, a escalada de viol�ncia da extrema direita teria sido muito maior.
Moraes disse que estar � frente do inqu�rito, que o colocou como alvo da milit�ncia bolsonarista, n�o foi sua escolha. "N�o achem que eu pedi para ser o relator. Foi goela abaixo", enfatizou. Ele mencionou, tamb�m, o segundo inqu�rito contra atos antidemocr�ticos, cuja relatoria foi distribu�da: "Caiu comigo de novo".