Bolsonaro diz a PF que soube das joias depois de um ano
Em depoimento � Pol�cia Federal, ex-presidente afirmou ainda n�o se lembrar de quem o avisou da apreens�o dos presentes sauditas pela Receita Federal
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento � Pol�cia Federal durante tr�s horas ontem. Ele chegou na sede da corpora��o por volta das 14h20 e entrou pela garagem do pr�dio. A oitiva ocorreu no �mbito de uma investiga��o que apura a entrada no Brasil de joias doadas pelo governo da Ar�bia Saudita.
O depoimento foi marcado pela corpora��o para colher mais informa��es sobre o caso. Bolsonaro afirmou no depoimento que ficou sabendo da exist�ncia das joias sauditas milion�rias em dezembro de 2022, mais de um ano ap�s elas terem chegado ao pa�s.
Bolsonaro disse ainda, segundo sua defesa, que n�o se lembra de quem o avisou da apreens�o das joias pela Receita Federal. Bolsonaro disse que, na vis�o dele, se essas joias ficassem perdidas, retidas na Receita Federal, isso poderia chegar aos ouvidos do governo saudita, o que poderia causar constrangimento.
Depuseram nove pessoas, incluindo Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da presid�ncia. Bolsonaro � suspeito de se apropriar de pelo menos tr�s lotes de joias doadas pelo governo da Ar�bia Saudita. Os objetos foram devolvidos por ele ap�s sair da presid�ncia por determina��o do Tribunal de Contas da Uni�o (TCU).
Um dos pacotes, com joias no valor de R$ 16,5 milh�es, seriam para a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. No entanto, foram apreendidas pela Pol�cia Federal no Aeroporto de Guarulhos, em S�o Paulo.
O governo, durante a gest�o do ex-presidente, mobilizou militares das For�as Armadas, a c�pula da Receita e o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para tentar pegar as pedras preciosas. No entanto, as tentativas foram barradas por servidores concursados da Receita. As pedras preciosas passam agora por per�cia. Estavam previstos 10 depoimentos de maneira simult�nea, para avaliar eventuais contradi��es entre os envolvidos.
O inqu�rito da PF apura se o ex-presidente cometeu o crime de peculato ao tentar ficar com as joias, em especial um conjunto, avaliado em R$ 16 milh�es, que foi retido pela Receita Federal em outubro de 2021. Peculato ocorre quando um funcion�rio p�blico se apropria de dinheiro ou bens dos quais tem posse em raz�o de seu cargo. A pena varia de 2 a 12 anos de pris�o, al�m do pagamento de multa.
O conjunto retido pela Receita estava na mochila de um assessor do Minist�rio de Minas e Energia, que voltava com uma comitiva da pasta de uma viagem oficial � Ar�bia Saudita em outubro de 2021. O assessor, Marcos Soeiro, tentou passar pela alf�ndega sem declarar as joias, o que � irregular.
Ex-presidente chegou � sede da corpora��o por volta de 14h20 e foi interrrogado por dois delegados da PF
(foto: ED Alves/CB. D.A Press)
Na ocasi�o, o ent�o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que tamb�m estava na comitiva, disse que as joias eram para Michelle. Outros dois conjuntos de joias conseguiram entrar no pa�s, tamb�m sem ser declarados. Ap�s o caso se tornar p�blico, em reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” em fevereiro deste ano, Bolsonaro foi obrigado pelo Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) a devolver para o Estado esses dois conjuntos.
Apesar de Bolsonaro dizer que s� ficou sabendo das joias em dezembro de 2022, a reportagem do “Estad�o” mostrou tentativas do governo de reaver o pacote retido na Receita pelo menos desde 2021. Uma dessas tentativas, ainda em 2021, partiu do gabinete presidencial. O ex-presidente disse que a todo momento buscou verificar a regularidade dos procedimentos, das normas aplicadas a esse caso, que tinham a finalidade, segundo ele, de evitar o que classificou de um "vexame diplom�tico" com a Ar�bia Saudita.
Tranquilidade
Fabio Wajngarten, ex-secret�rio da Comunica��o Social do ex-presidente Bolsonaro, disse que o depoimento de Bolsonaro � Pol�cia Federal foi “absolutamente tranquilo" e todas as indaga��es feitas pela PF foram respondidas. “O depoimento do Pr @jairbolsonaro transcorreu de maneira absolutamente tranquila, tendo respondido a todas as indaga��es feitas pela PF. Foi uma �tima oportunidade para esclarecimentos dos fatos”, escreveu no Twitter.
A oitiva foi conduzida pelo delegado Adalto Machado, respons�vel pelo inqu�rito na PF de S�o Paulo, e outro da DIP (Diretoria de Intelig�ncia Policial), setor que fica no pr�dio central da institui��o, em Bras�lia. Machado est� � frente do caso desde a instaura��o do inqu�rito na Delegacia de Repress�o a Crimes Fazend�rios da PF paulista. Segundo a defesa, Bolsonaro afirmou ter tido conhecimento sobre as joias apreendidas na Receita 14 meses depois do ocorrido.
Bolsonaro confirmou ter falado com o ent�o secret�rio da Receita Federal, Julio Cesar Vieira. O ajudante de ordens de Bolsonaro na Presid�ncia, o tenente-coronel do Ex�rcito Mauro Cid, tamb�m prestou depoimento. Al�m de Bolsonaro e Cid, outras pessoas foram ouvidas para avan�ar na apura��o sobre as joias recebidas em outubro de 2021 pela comitiva liderada pelo ent�o ministro Bento Albuquerque.
Vers�o
Em um primeiro momento, Bolsonaro disse n�o ter pedido nem recebido qualquer tipo de presente em joias do governo da Ar�bia Saudita. Na quinta-feira da semana passada, ao retornar para o Brasil ap�s 89 dias nos Estados Unidos, Bolsonaro confirmou ter recebido as joias e atrelou o presente a rela��o de amizade que constru� com o governo da Ar�bia Saudita.
Ele tamb�m confirmou que parte dos presentes era para a primeira-dama Michelle Bolsonaro e a tentativa no final do mandato para reaver as joias em Guarulhos. “Entregamos ali o primeiro conjunto que chegou na Presid�ncia. Cadastrei. E, tentando recuperar o outro conjunto da Michelle, foi via of�cio, n�o foi na m�o grande. N�o sei por que essa onda toda. Se est�o achando isso como algo que eu fiz errado eu fico at� feliz, n�o tem do que me acusar”, afirmou.