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Estado de Minas MUNDO

Brics come�a a rugir forte depois da visita do presidente Lula � China

Diplomatas e analistas apontam a guerra na Ucr�nia como maior desafio do bloco, que une Brasil, R�ssia, �ndia, China e �frica do Sul


16/04/2023 04:00 - atualizado 16/04/2023 07:13

O Brasil ocupa a presidência do banco do Brics com a ex-presidente Dilma Rousseff
O Brasil ocupa a presid�ncia do banco do Brics com a ex-presidente Dilma Rousseff (foto: RICARDO STUCKERT/PR)

Bras�lia - A viagem do presidente Luiz In�cio Lula da Silva � China, considerada a mais importante dos primeiros 100 dias de governo, foi articulada com muitos interesses em jogo, al�m dos tradicionais acordos bilaterais. O encontro com o l�der chin�s, Xi Jinping, marcou a inten��o dos dois pa�ses de inserir o Brics – acr�nimo de Brasil, R�ssia, �ndia, China e �frica do Sul – no tabuleiro da geopol�tica mundial, dominado, nas �ltimas duas d�cadas, pelos EUA, ap�s a queda do imp�rio sovi�tico. A chegada, amanh�, do ministro das Rela��es Exteriores da R�ssia, Sergey Lavrov, a Bras�lia, � mais um passo no processo de redefini��o do papel do bloco em um cen�rio global bem mais complexo e tenso, por causa da invas�o russa � Ucr�nia.

Uma das principais diferen�as entre o primeiro encontro de c�pula do Brics, em 2006, ainda sem a participa��o da �frica do Sul, e a situa��o atual � a posi��o da China. O maior pa�s emergente do clube, na �poca, assume, agora, a lideran�a inconteste do bloco como �nica pot�ncia mundial a rivalizar com o poderio econ�mico e militar dos EUA. A agenda dos cinco s�cios, at� ent�o limitada � defesa de interesses comerciais nas negocia��es com as principais economias do mundo, principalmente na �rea do agroneg�cio, tamb�m ficar� mais ampla.
 

Desde a posse Lula, em janeiro, o Itamaraty trabalha intensamente para costurar com os parceiros do Brics a pauta da pr�xima reuni�o de chefes de Estado do bloco, que ocorrer� em agosto, em Johanesburgo, �frica do Sul, em data ainda a ser definida. Antes, em julho, tamb�m no pa�s africano, os chanceleres dos cinco pa�ses fechar�o os acordos e compromissos que ser�o assinados pelos cinco presidentes.
 
A quest�o mais sens�vel para os diplomatas envolvidos nessas negocia��es � a incerteza quanto � participa��o do presidente russo, Vladimir Putin, na reuni�o de c�pula de agosto. Putin tem contra si um mandado de pris�o expedido pelo Tribunal Penal Internacional, sediado em Haia (Holanda), por crimes de guerra. Como a �frica do Sul (assim como o Brasil) � signat�ria do estatuto firmado com base no Acordo de Roma, de 1988, (ao qual o Brasil aderiu em 2002, no governo de Fernando Henrique Cardoso), Putin teria que ser preso ao desembarcar em solo sul-africano.

Diplomatas e especialistas em rela��es internacionais apontam os desafios dos s�cios do Brics neste momento de grandes incertezas globais. A guerra na Ucr�nia ï¿½, unanimemente, apontada como o principal entrave, por envolver, justamente, o s�cio respons�vel pela deflagra��o do conflito, repudiado pela ONU, com voto do Brasil. Por outro lado, as quest�es econ�micas abrem �reas de consenso e de oportunidades para os cinco pa�ses, envolvendo, principalmente, o com�rcio (principalmente commodities do setor agr�cola), investimentos em infraestrutura, acesso a novas tecnologias e meio ambiente, como o enfrentamento da emerg�ncia clim�tica.

“Para o Brasil, ser� um momento muito especial, porque o pa�s se projeta muito por meio do Brics. Ainda mais agora, em que o Brasil ocupa a presid�ncia do banco do Brics, com a ex-presidente Dilma Rousseff. O banco tem recursos dos pa�ses membros – e a China aloca a maior parte dos fundos – para financiar, sobretudo, a �rea de infraestrutura. O Brasil ganha uma proje��o imensa nesse sentido”, avalia um diplomata envolvido diretamente nas negocia��es do Brics.

“O Brasil sempre foi um pa�s que defende o multilateralismo, a n�o inger�ncia em assuntos internos, a soberania territorial, a solu��o pac�fica das controv�rsias. O Brasil � tido como um pa�s muito confi�vel pelos outros parceiros justamente por essas posi��es t�o equilibradas e legalistas que adota.” O diplomata considera este ano extremamente importante para o pa�s, porque prioriza o Brics em um momento em que o bloco est� em evid�ncia. “O governo est� tomando as decis�es mais acertadas, de respeito ao multilateralismo, estamos retomando as parcerias, n�o estamos buscando restri��es �s nossas rela��es, ao contr�rio, e essa � a tradi��o do pa�s.”

“O Brics ainda � um sonho, porque a posi��o dos pa�ses ainda � d�spar. A �ndia ainda � protecionista, a China � mais pragm�tica, a R�ssia � uma inc�gnita sempre. Ainda n�o vejo o Brics como uma express�o pr�tica, � te�rica ainda, muito boa, positiva, mas precisa alinhar quest�es de car�ter macroecon�micos que n�o est�o claros ainda. Mas tem potencial para vir com vigor, com for�a, para assumir um papel de protagonismo”, diz Roberto Rodrigues, professor em�rito da Funda��o Getulio Vargas e ministro da Agricultura no primeiro mandato do presidente Lula. “O Brics tem um potencial espetacular, re�ne quatro pa�ses enormes, e tem mais pa�ses chegando agora”, avalia o professor, se referindo �s negocia��es para a entrada de Argentina e Ir�, cujas conversas diplom�ticas est�o em andamento.

Segundo Hugo Albuquerque, especialista em rela��es sino-brasileiras e editor de Autonomia Liter�ria, a entrada da Argentina � mais tranquila, diferentemente da pretens�o do Ir�. “A pr�xima quest�o � um alargamento do bloco, a inclus�o da Argentina e do Ir�, o que, talvez, fa�a o bloco mudar de nome”, disse ele. Para Albuquerque, a amplia��o do bloco tem cunho geopol�tico estrat�gico, mas, em fun��o das dimens�es dos pa�ses, dificulta a atua��o unificada dos pa�ses do bloco. Para ele, o pr�ximo passo ser� definir uma estrat�gia de media��o em rela��o � R�ssia. “Ningu�m sabe dizer aonde a �ndia vai, mas a tend�ncia � que ela tenda a se acomodar com a China no m�dio prazo”.

CONFLITO


Sobre o papel do Brasil, ele destaca a boa imagem do presidente brasileiro. “Lula � uma figura inquestion�vel pelas suas capacidades negociais, e o Brasil tem uma posi��o privilegiada, pois tem rela��es muito boas tanto com a Ucr�nia e com a R�ssia, assim ele tem uma posi��o privilegiada justamente por n�o ter tanto interesse na regi�o e n�o ter tanta for�a militar”, aponta Albuquerque. J� para a professora de Rela��es Internacionais da ESPM Denilde Holzhacker, mesmo que EUA e China consigam a paz na Ucr�nia, o Brasil n�o ter� papel central. Ela afirma que ser� dif�cil para o pa�s manter sua postura de neutralidade.
“O Brics passou a ter uma agenda muito mais preocupada com coopera��o e desenvolvimento, mas deixou (nos �ltimos anos) de ser um ator coeso de tomada de decis�o e de posicionamento internacional”, aponta. Segundo ela, o fato de o Brasil estar no Brics n�o garante ao pa�s ser um interlocutor de uma agenda que � europeia. “A influ�ncia no conflito deve ser pequena, mas todos os lados parecem ter boa vontade de ouvir o Brasil”.
 
 




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