
"Falamos sobre v�rias quest�es relevantes da agenda internacional e regional, ressaltando que as abordagens de Brasil e R�ssia de quest�es acontecendo hoje no mundo s�o similares", disse Lavrov. "Os dois pa�ses est�o unidos pelo desejo de contribuir para uma ordem mundial mais democr�tica e mais polic�ntrica, baseada no princ�pio fundamental da soberania e da igualdade dos Estados."
Segundo a tradutora em portugu�s, Lavrov disse que "as vis�es de Brasil e R�ssia s�o �nicas em rela��o aos acontecimentos na R�ssia". A reportagem, ao fim, baseou-se na tradu��o da chancelaria russa.
Ap�s o evento no Itamaraty e uma palestra no Instituto Rio Branco, de forma��o de diplomatas, o russo foi recebido no fim da tarde pelo presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), no Pal�cio da Alvorada.
Guerra da Ucr�nia
Mesmo que n�o citada nominalmente, a Guerra da Ucr�nia —os russos a chamam de opera��o militar especial, e Vieira falou em conflito— � o principal pano de fundo da visita de Lavrov ao Brasil. H� mais de um ano, for�as russas invadiram o territ�rio do pa�s vizinho e, desde ent�o, travam uma guerra que tem, do lado de Kiev, apoio financeiro e envio de armamentos da Otan, a alian�a militar liderada pelos EUA.
"Estamos muito agradecidos aos nossos amigos brasileiros pela clara compreens�o da g�nese da situa��o", disse o chanceler russo, em refer�ncia velada � guerra. "Estamos agradecidos pelo seu desejo de contribuir para encontrar maneiras de solucionar essa situa��o", acrescentou Lavrov.
Embora sem avan�os concretos at� aqui, a principal proposta do governo de Luiz In�cio Lula da Silva (PT) � a cria��o de um "clube da paz", f�rum de pa�ses que Bras�lia entende como n�o alinhados a nenhum dos lados do conflito para mediar as negocia��es entre R�ssia e Ucr�nia. Para Lavrov, uma solu��o de longo prazo s� pode ser alcan�ada caso o "princ�pio da multipolaridade seja respeitado, e os interesses de seguran�a dos dois Estados, sem exce��es, considerados". "Esse � o princ�pio da indivisibilidade da seguran�a, em que nenhum pa�s fortalece sua seguran�a �s custas de outros."
Lula
A avalia��o de parte do Ocidente, no entanto, � a de que Lula enviou nos �ltimos dias sinaliza��es que afastam o Brasil da posi��o de neutralidade que o petista afirma adotar —e que o governo de Jair Bolsonaro tamb�m professava— e colocam o pa�s alinhado ao discurso de R�ssia e China.
Est�o na lista as falas de Lula equiparando as responsabilidades dos presidentes de Ucr�nia, Volodimir Zelenski, e R�ssia, Vladimir Putin, pelo conflito; a declara��o de que os EUA precisam parar de incentivar a guerra; a viagem do assessor internacional Celso Amorim a Moscou; e, agora, a ida de Lavrov a Bras�lia.
A viagem de Lavrov, que desembarcou em Bras�lia usando roupas informais, como cal�a jeans e casaco, diferentes das vestimentas tradicionais de diplomatas nessas ocasi�es, tem como objetivo enviar a mensagem de que Moscou n�o est� isolada. Al�m do Brasil, ele ir� a Venezuela, Cuba e Nicar�gua.
O chanceler brasileiro, por sua vez, tratou de forma menos extensa a situa��o do Leste Europeu. Al�m de n�o usar a palavra "guerra", referindo-se � maior crise de seguran�a na Europa desde a Segunda Guerra sempre como "conflito", Vieira criticou a aplica��o de san��es unilaterais, fora do sistema ONU, repetindo uma das posi��es tradicionais da diplomacia brasileira. Para ele, as puni��es, da maneira como foram impostas, t�m impacto negativo em todo o mundo", em especial nos pa�ses em desenvolvimento.
"Renovei a disposi��o brasileira de contribuir para uma solu��o pac�fica", afirmou o chefe do Itamaraty, que voltou a defender "um n�cleo de pa�ses amigos para mediar as negocia��es. "Reiterei a posi��o em favor de um cessar-fogo imediato, respeito ao direito humanit�rio e em favor de uma solu��o negociada tendo em vista uma paz duradoura que contemple as preocupa��es securit�rias de ambos os lados."
Um pequeno grupo de manifestantes protestou contra a visita de Lavrov em frente ao Itamaraty. Seis pessoas seguraram faixas em frente ao pr�dio, com as mensagens "R�ssia imperialista", "Lavrov fora do Brasil", "R�ssia fora da Ucr�nia" e "n�o aos acordos com a R�ssia imperialista".
Ap�s o evento no Itamaraty e o encontro com jovens diplomatas, Lavrov seguiu para o Pal�cio da Alvorada para uma reuni�o com Lula. O russo chegou por volta de 17h para o encontro, que n�o constava na agenda oficial do petista, apesar de a informa��o ter sido largamente divulgada. A reuni�o com Lula foi fechada, sem acesso para a imprensa.