
A Comiss�o Parlamentar Mista de Inqu�rito (CPMI) que vai investigar os atos de 8 de janeiro colocar�, no mesmo time, dois hist�ricos arqui-inimigos pol�ticos: o presidente da C�mara, deputado Arthur Lira (PP-AL), e o l�der da Maioria no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL).
H� d�cadas, os dois protagonizam uma disputa feroz pelo poder em Alagoas, que transbordou na �ltima campanha eleitoral � Presid�ncia da Rep�blica. Calheiros se posicionou como o principal aliado de centro do ent�o candidato Luiz In�cio Lula da Silva (PT) no Nordeste, enquanto Lira manteve suas trincheiras armadas na defesa da reelei��o de Jair Bolsonaro (PL).
Agora, como a comiss�o ser� mista – com membros indicados paritariamente pela C�mara e pelo Senado –, os dois estar�o do mesmo lado, na defesa das institui��es democr�ticas atacadas pelo movimento golpista. Contudo, dever�o se digladiar pela conquista da relatoria dos trabalhos da comiss�o, posto de maior express�o do colegiado.
Os articuladores pol�ticos do presidente Lula no Pal�cio do Planalto e no Congresso defendem a montagem de uma equipe com experi�ncia no enfrentamento parlamentar e contam com Renan Calheiros como um dos comandantes dessa tropa de choque pelo lado do Senado.
Na C�mara, Arthur Lira tem se mostrado um aliado confi�vel, cumpridor dos acordos de governabilidade com o Pal�cio do Planalto, comandando o Centr�o com m�o de ferro e brecando os arroubos da oposi��o bolsonarista. Sua maior demonstra��o de for�a se deu antes mesmo da posse, ao costurar o acordo que viabilizou a aprova��o da PEC da Transi��o, que permitiu ao governo Lula iniciar o mandato sem a press�o da falta de recursos para assegurar a continuidade de programas sociais defendidos por Lula na campanha.
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Marcado pela atua��o na CPI da Pandemia, quando enfrentou a feroz bancada aliada do ent�o presidente Bolsonaro e produziu um relat�rio devastador para o governo de plant�o, Renan – aliado de longa data de Lula – � nome certo na composi��o da CPMI e favorito a ocupar um dos dois principais cargos do colegiado, a presid�ncia ou a relatoria. Lira, por ser presidente da C�mara, ser� o patrocinador do outro nome e ter� voz de comando na ala ligada ao Centr�o.
Tradicionalmente, a Casa que presidiu a �ltima CPMI instalada indica a relatoria do colegiado subsequente. Se a regra for respeitada, a presid�ncia da CPMI dos Atos Antidemocr�ticos ficaria com a C�mara dos Deputados, que indicou a relatora da CPMI das Fake News (L�dice da Mata, do PSB-BA), encerrada em dezembro do ano passado.
Consequentemente, o Senado seria o respons�vel por indicar o relator, por ter indicado o presidente da CPMI anterior (�ngelo Coronel, do PSD-BA). Assim como no cen�rio das duas Casas do Legislativo, a indica��o de nomes do governo pode custar mais caro ao Pal�cio do Planalto na C�mara do que no Senado.