
"As pessoas acham que ele � louco, mas foi decis�o pol�tica, com come�o, meio e fim. Foi decis�o deliberada e consciente, porque informei por escrito e avisei qual era a proje��o de mortes nesse cen�rio de confus�o informacional e de falta de coordena��o de Bras�lia, caso fosse adotada a tese da imunidade de rebanho, dentro da m�xima do (ent�o ministro da Economia) Paulo Guedes de que entre economia e sa�de, ficaria com a economia", disse Mandetta.
Mandetta foi demitido do cargo de ministro ap�s pouco mais de dois anos � frente da pasta, em abril de 2020, ap�s se recusar a seguir a linha negacionista de Bolsonaro sobre a pandemia. Na vis�o do m�dico, 350 mil mortes, cerca de metade do total, poderiam ter sido evitadas no Brasil caso o ent�o presidente n�o tivesse politizado o tema e difundido o caos informacional.
Nesta sexta-feira (5/5), a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) suspendeu o n�vel m�ximo de alerta para a COVID-19. Segundo o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a doen�a n�o � mais considerada uma emerg�ncia sanit�ria de alcance internacional.
Mandetta foi o primeiro nome a assumir o minist�rio da Sa�de sob a gest�o Bolsonaro no Pal�cio do Planalto. Ap�s sua demiss�o o m�dico oncologista Nelson Teich ocupou a cadeira durando menos de um m�s por diverg�ncias similares com o presidente. No lugar dele, assumiu o general da ativa do Ex�rcito, Eduardo Pazuello, que ficou � frente da pasta entre maio de 2020 e mar�o de 2021.
Sob Pazuello, o Minist�rio da Sa�de oficializou medidas como o uso da cloroquina como tratamento da COVID-19 e o pa�s viveu o per�odo mais cr�tico da pandemia, acumulando recordes na m�dia de mortes causadas pela doen�a. Pressionado por parlamentares, Bolsonaro demitiu o militar e, em seu lugar, escalou o m�dico Marcelo Queiroga, seu quarto e �ltimo ministro da Sa�de.
Na vis�o de Mandetta, Pazuello chegou ao minist�rio atrav�s de uma interven��o militar que tinha como objetivo ter na pasta um nome subserviente ao governo federal na forma de gerenciar a pandemia.
"Fizeram uma interven��o militar no Minist�rio da Sa�de, com o que tem de mais desqualificado no Ex�rcito, o pessoal de log�stica. Se o Ex�rcito tem generais da �rea da sa�de, por que n�o colocaram um deles? Porque queriam uma pessoa servil, que sem compromisso com o combate � Covid-19. [...] Foi uma decis�o pol�tica que levou muitas pessoas � morte. E n�o foi decis�o pol�tica tomada sem ter sido avisado. Fizemos tr�s cen�rios, e o cen�rio mais pessimista que projetamos, foi exatamente aquele que Bolsonaro escolheu: o caos informacional e a desarticula��o do sistema de sa�de. Bolsonaro foi para esse cen�rio de forma completamente consciente. E eu mandei por escrito", diz Mandetta.
Com mais de 701 mil mortes, o Brasil � o segundo pa�s que mais registrou �bitos pela COVID-19, atr�s apenas dos Estados Unidos, que tiveram mais de 1,1 milh�o de perdas pelo novo coronav�rus. Em todo o mundo, foram 6,9 milh�es de mortes.